Ato I - Ariel, Johan, Aeltlas e Baraz

BARAZ

A seta do maldito nanico encontra a carne do anão. Por um segundo suas pernas fraquejam. Dor. Arianna derruba o vigoroso búfalo e agora o caminho estava livre. Num impulso Baraz investe contra o goblin. O potente golpe sai um tanto desajeitado. O sangue do anão fervia.

Logo após se esquivar, Johan, pedindo que as bençãos de Tyr continuassem guiando seus golpes, ataca Darimun por baixo de sua guarda, enfiando a ponta de sua espada no corpo do orc e esperando que isso fosse o suficiente para derrubá-lo.

BARAZ

Baraz estava no seu limite. Beirando a inconsciência, o anão desfere seus golpes contra o goblin que, acuado, errara seu disparo. Esta poderia ser a última chance de derrubar o inimigo antes de cair.

- Cê vai pagar, nanico!

- Ariel, ajude Aeltlas! Arianna, me ajude aqui!

Johan dá um passo para o lado, abrindo caminho para que Arianna pudesse atacar Darimun e ao mesmo tempo impedindo que este atacasse Ariel, mas o xamã ainda tinha uma boa linha de visão. Eles teriam que contar com um pouco de sorte nesse momento, além da justiça de Tyr.

- Hora de pagar seus pecados, orc!

O cavaleiro aproveita o impulso do passo a, apoiando um pé no chão, se empurra contra o orc, tentando estocá-lo mais uma vez com sua espada.

O mago se mantem na frente do arqueiro caído, mesmo sabendo que não seria difícil para um conjurador finalizá-lo com o sem ele ali. O aponta a gema nas mãos para Hashar e a invoca novamente, disparando outro orbe de chamas do tamanho de um punho fechado em direção ao orc. Ele estava ficando sem recursos, e rápido.

-Alguém tem que fechar esses ferimentos e estabilizar Aetlas, e rápido! Eu não entendo nada de cuidados médicos, mas acho que se continuar sangrando assim ele não vai durar muito.

- NÂO!

Johan se lança sobre o xamã, atacando-o com fúria. Os olhos do cavaleiro brilhavam com um vermelho vivo, como se estivessem cobertos de sangue; o sangue de seu companheiro e o sangue dos inimigos.

- Você não terá tempo de repensar sua vida e se arrepender, xamã maldito!

BARAZ

O goblin, rendido e desarmado, já não representava perigo. Contudo o xamã orc, mesmo vendo quea batalha estava perdida, finaliza o elfo. O companheiro morre, consumido pela magia mortal.

A crueldade do ato enlouquece Baraz, que parte enfurecidamente contra o algoz de Aeltlas.

- MORRA MALDITO!!

Exatamente como o mago temia, o maldito orc tira a vida de Aetlas com um feitiço que não exigia um disparo limpo. Se ele não tivesse falado nada, talvez ele não tivesse lembrado, talvez ele não tivesse visto a possibilidade...

-Aetlas, Não! AH, SEU BASTARDO!

Erguendo a besta, ele dispara contra o xamã. Não faria diferença, todos estavam o atacando, mas ele precisava descontar a raiva.

BARAZ

- Pelas barbas da minha avó! Olha só quem resolveu aparecer! dizia o anão, com um sorriso de dentes amarelados.- Se num é a pantera do drow! Eaí, cadê aquele magrelo sem vergonha? RÁRÁRÁ...

Baraz estende a mão em direção ao animal, afagando-lhe o dorso negro.

- Cês pode ficá tranquilo. É aliada. Essa é a pantera do Drizzt. Guenfa..wy.. ah, algo assim.

A súbita alegria de Baraz é impactada pela dura realidade de Aeltlas, cujo corpo estava estirado ao chão.

- Onde tá o drow? Responde! A coisa num tá muito boa por aqui...

Ariel ignora a pantera, ele sabia pela cara de Baraz que ela não era hostil. Ele ignora o xamã agora morto. Ele ignora os companheiros. O mago caminha até o goblin acuando em um canto, saca sua gema, com ainda uma runa inscrita, e aponta na cara da pequena criatura asquerosa.

-Agora nós temos algumas perguntas para você, pedaço de merda, e eu sugiro que não me dê MAIS um motivo para te deixar tão preto quanto o gato ali.

Johan, por um momento, não soube o que fazer quando viu a pantera. Era amiga, um animal selvagem, servia aos mestres deste lugar? Mas assim que Baraz reconheceu o animal, o cavaleiro deu um sonoro e aliviado suspiro, baixando os ombros.

- Arianna, por favor, cuide do corpo de Aeltlas. Baraz, você me ajude ali?

Johan apontava para o canto onde Ariel falava com o goblin; o cavaleiro não podia deixar que a energia do rapaz torrasse o pequeno covarde. Enquanto caminha, Johan limpa e embainha sua espada. Aproveitando que Ariel já tinha terminado de minar a pouca coragem do goblin, Johan se aproxima, com o capuz ainda baixado, fazendo perguntas.

- Muito bem, você sairá daqui vivo se nos ajudar. Se não... - Johan aponta Ariel - O que você está fazendo aqui, junto desses orcs? Você veio como um escravo ou veio a serviço do líder deste lugar, para aumentar os soldados de seu exército?

BARAZ

O terreno era hostil e as condições do grupo preocupantes. Era preciso uma retirada estratégica para reavaliar a ação e recuperar os ânimos. Baraz odiava admitir, mas não havia condições de prosseguir daquela forma.

- Nós tem que sair daqui duma vez. A gente interroga o verme lá fora, aqui não é seguro. Vamo catá tudo de valor daqui antes de ir. Eu levo o corpo do elfo.

O anão precipita-se sobre o corpo sem vida do arqueiro e o coloca sobre o ombro, encaminhando-se para a saída.

Spoiler:

Johan não se move, apesar das palavras e da atitude de Baraz, e continua encarando o goblin, à espera de uma resposta.

Se o goblin realmente estava dizendo a verdade, então não havia necessidade de ameaçá-lo e eles poderiam ir para um lugar seguro. Johan se levanta e puxa o goblin pela camisa. Rasgando a roupa de um dos orcs, o cavaleiro amordaça Nerók.

- Estamos logo atrás de você, Baraz.

Ao passar por Arianna e notar a expressão em seu rosto, Johan tenta pensar em algo para falar à garota, mas nada vem a sua mente. O cavaleiro seguirá o caminho em silêncio, sempre segurando Nerók pela camisa.

O mago não larga sua gema, nem a guarda. A raiva ainda corria quente pelas suas veias. Raiva...e mais algo...um calor, um tremor. Parecia um tipo de...febre...

-Alguém devia levar o corpo de Aetlas. Não parece certo deixá-lo aqui para ser profanado e canibalizado por essas bestas.

Ariel segue os outros, ainda voltado para si, parecendo distante.