Capítulo 4 - As Ironias do Destino

O elfo do mar perfurou o peito do sahuagin com o tridente. A criatura abriu a boca como se fosse gritar algum impropério, mas parece que ela desistira de viver no ato e mergulhou inerte para o fundo do oceano. Enquanto isso, Roosevelt continuava sua luta em cima do esquife. Tanto ele quanto o demônio do mar tinham dificuldade em se equilibrar na embarcação que balançava bastante, mas o pirata aproveitou-se melhor a situação e desceu a espada em direção ao rosto do sahuagin, cortando assim uma boa parte do pescoço do monstro e fazendo ele cair para a morte. Já Ootiliktik lutava contra o último dos demônios que restava. Mas com a benção de Algeon e a onda de tristeza que o elfo do mar fizera aberter-se contra os inimigos, o sahuagin não teve a menor chance ao ver a lança do darfellan vindo ao seu encontro.

O combate estava terminado, e só então eles puderam ver no horizonte uma caravela de velas brancas que se aproximava em sua direção. Eles sabiam que não teriam a menor chance de fugir da linha da embarcação, pois o vento estava ao seu favor.


Em cima da proa da Senhora da Maré Profunda, Hendrik fizera o que o capitão ordenara, embora o imediato não acreditasse que aquele pequeno grupo de seres pudesse ser alguma ameaça ao navio e à tripulação. Por fim, Barbarossa pôde testemunhar o encerramento do combate, que acabara tão rápido quanto começara. Vários minutos se passaram até que o navio alcançasse o esquife.

- Senhor capitão - disse Lancaster, se aproximando -, temos algumas vagas de funções que estes três podem suprir. Pelo menos eles mostraram que sabem manejar uma arma.

Algeon sorria com furia no rosto. Haviam derrotado os demônios e aquilo era mais um sinal para o clérigo. - HAHAHAHAHA! - Ele gargalhou ao final, empolgado com a vitória. - Estão todos bem? - Ele perguntou depois de alguns segundos.

Então, percebeu uma embarcação se aproximar. - Vejam.. - Ele disse, calmo. - Será que Mamoon está lá?

- Eu falei que ia te jantar seu infeliz!... Exclama o pirata enquanto arrumava o corpo da criatura morta ali na embarcação até ser avisado pelo elfo sobre alguma coisa se aproximando, Roosevelt então olha pra ver o que era, e, surpresa, um belo de um navio se aproximando.

- Infelizmente, este não é o navio de Mammon... Responde a pergunta daquela criatura repugnante com orelhas pontudas.

Nesse momento Roosevelt esperava a aproximação daquele navio, certamente que iriam parar pra tirar proveito dos três, como de costume, era o que acontecia no mar.

- Se este navio não é de Mammon, então de quem é? - perguntara Ootiliktik ao 'Solano' ao ver a grande caravela tampar o sol e fazer a sombra de sua forma inundar os três seres que estavam ao mar sem proteção alguma além de um frágil esquife.

Duas pessoas podiam ser vistas na mureta do navio observando aquele estranho trio. O primeiro era um humano grande, de cabelos dourados e corpanzil atlético. O segundo era um homem baixo, meio gordo, mas visivelmente experiente e com um rosto marcado por cicatrizes. Apenas sob uma segunda olhada é que 'Solano' reparou com enorme surpresa que aquele era Barbarossa, o maldito pirata que encontrara trancafiado na Ilha de Ferro. 'Solano' pensara que o maldito estava morto. Quem primeiro falou com eles foi o homem ao seu lado, que provavelmente devia ser o imediato do navio.
- Vamos jogar uma corda para vocês, e um por vez subam a bordo. Quem se recusar servirá como um treinamento de tiro ao alvo para a nossa balista - o homem então puxou uma grossa corda de cânhamo e arremessou pro mar, a poucos metros do esquife.

Algeon ergueu os ombros à pergunta de Ootiliktik, e logo se dirigiu à corda que estava próxima.

Ao subir na embarcação dirigiu a palavra aos piratas.

- Que o Príncipe dos Golfinhos lhes dêem sempre águas tranquilas. Me chamo Algeon, sou devoto do Seshalas das Profundezas, este ao meu lado é Ootiliktik, e aquele é Solano. - Ele nem ligou para a ameaça do pirata. Tinha mais expectativas e curiosidade do que receio de qualquer modo. - Acabaram de perder um combate que tivemos contra os demônios do mar. - Disse ainda animado pela vitória.

Deu uma boa olhada na embarcação quando subiu e ajudou seus companheiros a subir.

-Hm... - O capitao fica pensativo inicialmente, depois olha para Hendrik pensativo, nao sabia se colocava hendrik para lavar chao tambem. - Quem da as ordens aqui sou eu, ou estou errado? - Pergunta para seu contramestre.

- Peguem as armas deles, troquem por vassouras e panos, acho que esse navio esta muito sujo, depois eu vejo o que farei com eles. da as costas e sai. Em seguida para e pergunta. - O que voces estao fazendo por aqui seus faxineiros?

"Filho de uma velha prenha, arrombado de bosta... Esse cara novamente não, puta sujeito pé no saco!..." Pensa Roosevelt ao notar que o infeliz que comandava aquele navio era o mesmo sujeito que havia encontrado preso na Ilha de Ferro. "Pelo menos ele sequer saberá quem eu sou, sem a pintura na face, ainda estava escuro... E eu sequer falei meu nome... Também estou com nome falso agora, não tem problema..." O pirata ainda continuava pensando enquanto subia a bordo do navio daquele infeliz, entre seus pensamento ainda havia uma penca de palavrões que gostaria de falar.

Em cima do navio, o elfo era todo educado, mal sabia ele que a educação não valia de nada em navios como este, mas logo iria descobrir, o capitão já deixa claro seu menosprezo ao grupo quando dá a ordem de pegar seus armamentos e dar vassouras e panos. Roosevelt era um tanto quanto problemático em ceder sua espada facilmente, lembrava do orgulho do maldito nas celas da ilha de ferro pra abrir a boca, mas era uma situação diferente, o palhaço não tinha nada a perder, ao contrário de Roosevelt, que pode perder sua vingança caso vacilasse.

Roosevelt sequer faz o movimento de entregar a espada a eles, e responde ao capitão. - Eu sou muito melhor com a espada do que com a vassoura... Não tenho motivos pra trocar equipamento... Roosevelt se cala quando perguntado sobre o que estavam fazendo ali, deixaria que os dois respondesse se quisessem, mantinha seu semblante fechado e sério, como quase sempre.

- Presenciamos o combate da proa de nosso navio, elfo - disse o imediato, Hendrik. Em seguida o grandalhão se aproxima para pegar as armas dos três. O darfellan fica rigído e agarra sua lança com ambas as mãos, deixando claro que não entregaria a sua arma sem oferecer alguma resistência.

- Como o Solano disse, somos melhor com as nossas armas do que sem elas - disse.

Roosevelt (ou "Solano") e Barbarossa se encararam por um minuto. O capitão da Senhora da Maré Profunda percebia algo vagamente familiar no rosto daquele marujo, mas não conseguia identificar de jeito nenhum quem poderia ser. Já Roosevelt agradecia aos deuses traiçoeiros do mar por não estar usando a sua pintura branca no rosto, o que o fazia passar despercebido aos olhos de Barbarossa. O encontro dos dois na Ilha de Ferro não havia sido nada bom, e um passara a nutrir um pequeno ódio pelo outro.

A esta altura, a maior parte do resto da tripulação já tinha se reunido envolta do trio. Entre os membros mais proeminentes, estavam um anão de bandana com dois machados atados às costas e um gnomo de chapéu bicorne e botas de cano longo que portava uma estranha arma. Hendrik aguardava novas instruções do capitão após o pedido dos capturados.

O pirata fica feliz em ver a ação da criatura que o acompanhava, não estava sozinho na encrenca que poderia se meter e não esconde um leve sorriso de canto de boca.

Roosevelt começava a observar o cenário ao seu redor a esta altura, percebe que os três atraíram a curiosidade da tripulação. - Acho que sua tripulação de roedores não tá muito afim de trabalhar... Também acho que vocês não estão muito afim de deixar a gente seguir caminho sem mais... Por que a gente não decidi isso em um combate justo?... Três contra três, já que nós três certamente ganharia, podes por pra lutar com a gente os curiosos que pararam de trabalhar, esse já seria um castigo pra eles... Se a gente vencer, temos o direito de fazer uma pergunta e irmos embora... Se vocês vencerem, vocês tem o direito de fazer duas perguntas, além de fazermos parte da tripulação... Que tal?

O ex-capitão do Marlin Negro desafia o capitão Barbarossa, e esperava uma resposta, claro que não uma resposta covarde, enquanto isso ele segura firme sua espada, assim como a criatura da ilha, deixava claro que não iria ceder facilmente sua arma.

O burburinho que seguira ao redor do convés soou aos ouvidos experientes do ex-capitão Roosevelt que a tripulação do navio havia aprovado a ideia do duelo. E uma vez que a tripulação havia gostado da ideia, seria difícil pro capitão contrariá-la sem arranjar algumas caras feias e cochichos indesejados pelas noites escuras nos deques inferiores. Um sujeito mal-encarado, de barba suja de excremento de pombos e sem alguns dentes, foi o primeiro a se adiantar. Seu nome era Hedrergor, e ele era o mestre carpinteiro do navio.

- Eu querer vê quem de cês vai me derrotar, hoho - sua risada fez sair mais saliva do que uma onda do mar teria despejado água, sem falar no cheiro horrível de podridão.

O calishita Salih Hassam colou ao lado de Barbarossa num instante só, quase como se por mágica, e com um sorriso zombeteiro no rosto.
- Pode contar comigo, chefe. Eu dou conta de pelo menos metade deles. - Alguns piratas da tripulação começaram a fazer as contas de como seria a metade de três pessoas.

Jerek, que tirava uma cocota de seu nariz e que não havia prestado a menor atenção na maior parte da conversa, também se propôs para peleja quando soube que poderia haver uma.
- Ahoy, estou aqui também - disse colocando a meleca que tirara do nariz na boca. A julgar pelo seu rosto de satisfação, ele havia aprovado o gosto.

Quem você acha que é para sugerir alguma coisa em meu navio seu peixe morto? - Não queria assumir mas a idéia soava bem, afinal o dia estava um tédio e um espetáculo seria uma boa pedida aquela hora.

Barbarossa força a vista, tentando lembrar onde poderia ter visto aquele inútil, enquanto se levantava e virava as costas em busca de uma boa posição para ver o combate.

- Hendrik, venha cá - Diz já sentando encima de um barril, tendo uma bela visão do centro do navio, onde o combate iria acontecer - Escolha os três e comece logo o espetáculo, não me desaponte na escolha - Sussurra

O pirata solta um sorriso quando viu que sua ideia havia sido aprovada, mas apenas pra tumultuar ele interrompe a alegria dos outros piratas, indagando Barbarossa.

- Eii... pera ae pera ae... Quem me garante que vais cumprir com a palavra?... Não falasse que vais liberar a gente caso a gente vença... Achas que vais me passar pra trás assim fácil? Roosevelt havia agitado o navio, os marujos daquela embarcação estavam doidos pra ver uma luta, e caso não houvesse mais luta, iriam ficar tristes, com certeza.

- Você deve assistir esses marujos limpar o chão todos os dias... Por quê você não mostra a eles sua habilidade marcial... A tripulação vai ficar super excitada com um combate de seu GRANDIOSO capitão... Contra o lixo achado no mar, nesse caso, eu. Roosevelt falava com voz firme e dá enfase ao falar a palavra grandioso, e diminuiu o tom da voz quando falava de si mesmo.

- O ganhador do duelo... Fica com o navio e a tripulação, o perdedor é largado na embarcação que vocês me pegaram e servirá de alvo para os marujos tentar acertá-lo com a balista... Olha quanta diversão estou propondo a vocês... E ai... Topa?... Roosevelt parecia ter terminado, mas não. - Ou vai amarelar na frente dos marujos em lutar com um lixo como eu?

Algeon cerrou os olhos ao perceber a animosidade surgindo, mas nada falou. Deixaria que Solano conduzisse aquela negociação, um pirata saberia se portar melhor naquela situação do que aquele peixe fora d'água.

Barbarossa não dá ouvidos ao saco de Peixoto morto, afinal já havia provado para a sua tripulação como ele lutava, sem ao menos ter sido triscado contra o Capitão anterior, e não era qualquer um que iria fazê-lo mover seus músculos, sem mencionar que a idéia de ver seus homens lutando era muito boa, três contra três numa luta justa.

Hendrik, comece logo com isso, caso ele fale algo mais, coloque os três no esquife e vamos testar a mira da balista, a idéia dele até que foi boa, que tal testarmos a balista agora? Ou a tributação merece um espetáculo? Vamos por partes, escolha os três - Diz rindo enquanto sussurrava.

- Okay... Acho que amarelou. Roosevelt bate palma lentamente, sendo deveras irônico. - Os marujos de um homem covarde não deve ser grandes coisas... Que comece logo isso. O pirata estava confiante em suas habilidades, e esperava que os outros dois lutassem tão bem fora da água quanto lutavam dentro.

O ex-capitão do marlim negro rangia os dentes e olhava para os que eram escolhidos como seus adversários, era uma forma de intimidá-los, fazia isso enquanto ficava com as duas mãos em cima do cabo da espada, assumindo que a mesma estava com a ponta no chão.

- Você fala muito para um prisioneiro - disse Hendrik ao Roosevelt. - Eu não tava afim de participar da luta, mas vendo o seu sorriso zombeteiro me agrada a ideia de arrancar-lhe os seus dentes podres.

Vendo o machado grande que o imediato do navio portava, Roosevelt e os outros dois começavam a duvidar de que aquela tinha sido uma boa ideia, afinal os três estavam feridos pela luta contra os demônios do mar, especialmente Algeon.

- Edward Lancaster, eu o convoco para lutar ao meu lado.

- Terei mesmo que fazer isso? - pergunta serenamente o jovem das costeletas.

- Sim, seu sabre foi feito para o duelo. Humn. Vejamos. O terceiro que escolho é você, Hedrergor. - Hendrik virou-se ao Barbarossa. - Acho que escolhi bem os três, capitão, umh? - Recebendo o apoio de Barbarossa, Hendrik pede para os outros marujos abrirem uma roda no deque, de modo a ficar os três oponentes uns de frente para os outros, e com as armas já em punho. Hendrik encarava Roosevelt, enquanto Hedrergor estava diante de Ootiliktik e Edward Lancaster à frente do elfo do mar. - Podem vir, ratos do mar! - bradou Hendrik.

INICIATIVA:

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De acordo com as escolhas do imediato do navio, principalmente se auto-escolhendo, Roosevelt começava a achar que servir de alvo para a balista no navio deles seria uma ideia melhor, mas não deixava transparecer sua preocupação.

Roosevelt ficava a frente de seu grupo, queria servir como alvo principal, e normalmente seria assim já que ele que provocou a batalha. Antes da luta começar, se aproxima de Algeon falando baixo para o elfo escutar. - Não se exponha muito durante a batalha...

O pirata espera alguns dos participantes se movimentarem e parte pra cima do mais jovem com muita fúria, afim de tirar um deles da luta logo de início.

Spoiler: