- Você está falando do capitão que sofreu um motim e voltou dos mortos para se vingar de sua tripulação? Sim, eu o conheço. Cansei de ouvir histórias a respeito dele e de seu navio, o Desmorto. Mas meu jovem, isto são apenas lendas piratas. Você não devia acreditar em tudo que lhe contam.
- Ahhhh, maldição daqueles que se topam com o Desmorto em alto mar, e eu fui um desses amaldiçoados. O navio em que eu estava foi atacado pelo bando do Sinistro na calada da noite. Não sei como, mas o Desmorto se aproximou de um modo tão silencioso que quando percebemos a sua presença já era tarde demais. Toda a tripulação do navio foi morta, menos eu que pulei para o fundo do mar e fui salvo por dois golfinhos que estavam de passagem. Desde então nunca mais vi o Capitão Sinistro ou o seu navio, graças aos deuses dos mares. Eu não faço a menor ideia de onde você pode encontrá-lo, mas se quer um conselho de amigo, abandone esta ideia maluca antes que você tenha o mesmo destino dos meus antigos companheiros de viagem.
Há dezenas de dias que Lyed Hyn procurava informações sobre o paradeiro do Capitão Sinistro e de seu temido navio, o Desmorto. Ele já tinha viajado por várias cidades costeiras no Mar Interior, mas a sua busca não estava rendendo bons ventos. A maioria das pessoas conhecia por cima a história do Capitão Sinistro, mas poucas delas já o viram pessoalmente e nenhuma parecia saber sobre o seu paradeiro atual. Praticamente nenhuma, pois um velho marinheiro de barba grisalha e rosto calejado pelo vento no porto da tumultuada cidade de Tsurlagol tinha um palpite.
- Filho, a última vez em que ouvi falar dele – e não faz tanto tempo assim – ele estava navegando como seu navio para a Ilha Dragão, o principal reduto de piratas no Mar das Estrelas Cadentes. Segundo as más línguas, ele matou novamente sua tripulação e agora está querendo contratar novos marinheiros no mercado de escravos. Uma espécie de renovação que ele faz para não sofrer um novo motim. Bom, é a única coisa que sei, espero ter ajudado.
E esse único pedaço de informação foi o suficiente para guiar Lyed Hyn até as Ilhas dos Piratas, um lugar que ele já estava pensando em ir desde o começo de sua expedição. Novos dias em alto mar se passaram até que ele alcançasse a Ilha Dragão, a maior das ilhas naquele lar de criminosos, onde uma cidade fora construída sobre um grande esporão de terra. O mercado de escravos ficava nos subúrbios da cidade, mas antes ele precisava coletar informações, beber seu abençoado vinho e arranjar um quarto confortável para passar a noite.
E foi desse modo que ele chegou à entrada da Cauda do Tritão.