Apossyn, O Mistério do Orvalho

Apossyn olhava e ouvia atentamente cada detalhe. Tinha essa mania, observar todos os movimentos e detalhes, são neles que escondem-se as verdades.
Quando começaram a fazer as perguntas, ela simplesmente responde:

- Sou viajante, amo a liberdade! Caminho pelas terras procurando conhecer suas belezas, vivas ou mortas... tudo pode ser belo quando olhado com bons olhos.

Ela faz uma pausa, tomando folego e refazendo seu sorriso:

- Não sabia desse Encontro quando vim... Podem me dar mais informações? Adoraria participar, ver do que se trata...

Quando ouve a pergunta sobre a sua divindade, responde com naturalidade:

- Sou adepta de Silvanus e corrego seu dogma em meu coração. Mas amo a sorte, a liberdade de Tymora. Amo a justiça dos valentes que Helm oferece... Mas claro que os neutros também tem minha adoração - termina a frase olhando para o símbolo de Kalenvor dentro do pequeno templo.

Apossyn absorve as informaçoes e vasculha sua mente para ter certeza se nunca ouviu falar desse encontro.

Ela aceita o oferta de um modo entusiasmado e simpático, com um sorriso de criança no rosto:

- Vou aceitar, obrigada. Estou faminta!

Ao sentar onde lhe fosse indicado, ela comenta, "inocentemente":

- Estou chocada com a morte do Lorde... Quem teria a ousadia de fazer isso? Não entendo....

Apossyn ouve a gritaria e fica apreensiva, mas sem demonstrar. Queria aparentar o mais distante dos acontecimentos particulares da cidade, mas as situações não favoreciam.
Ela ouviam xingamentos e impropérios vindo de homens e mulheres de todos os tipos, tamanhos e idades.

"O que será que está acontecendo?"

Nem se deu conta quando levantou-se e foi até a porta do templo para observar mais atentamente e ficou um tanto quanto chocada quando viu o que estava acontecendo.
Ela ouve Barder se despedir e sumir para dentro do ´pequeno dentro. Ela termina engolir depressa o seu pão, bebe rapidamente um pouco de vinho, veste seu traje com o capús tampando metade de seu rosto e segue a infiltrar-se na multidão alvoroçada. Quem sabe lá entenderia melhor o que estava acontecendo antes de planejar alguma coisa.

Estava muito cheio ali para qualquer tipo de abordagem e as pessoas estavam falando e gritando fora da razão, ao menos aquela forma de demonstrar a razão era equivocada para Apossyn.

Ela resolve acompanhar o grupo até que as pessoas cansassem de gritar e atirar coisas, se acalmassem, ficasse com um livre acesso para falar tanto comos milicianos quanto com os julgados assassinos.

'Quem será? Quem, afinal, são de fato essas pessoas?'

Quando percebe que rumam para fora da cidade, ela se lembra de suas armas, e depois pensa vagamente relembrando as palavras do guarda que ficara com elas 'Uma grande festa', repetia a frase em sua mente. Mas o que poderia significar?
Tudo o que tinha certeza agora é que precisava interrogar alguém daquela comitiva com os prisioneiros antes de sairem da cidade,depois procurar novamente o caminho de volta e.... caramba pensar estava gastando tempo demais!

Ela se aproxima, sem enrolação, até um dos milicianos, um de aparencia mais jovem, tranquila, despreocupado e sereno apenar das circunstancias. Procurava um guarda que não aparentasse um porte tão grosseiro e que não raciocinasse devidamente na presença de uma bela mulher que possuia os olhos azuis que cortavam as trevas da noite:

- Senhor, desculpe... Estava curiosa todo o percurso. Quem são esses homens e o que fizeram para despertarem tanta injuria do povo?

"Milicianos que agem como mercenários sem rumo" pensou Apossyn ocultando a repulsa na face quando viu os lábios do homem contorcerem-se para ela:

- Como essas pessoas conseguiram matar um Lorde? Desculpe, sou apenas uma mulher, não entendo de força em batalhas... mas me preocupa que seres tão aparentemente fracos tenham matado nosso Lorde... Senhor há provas contra eles?

Ela sabia que sua última pergunta possivelmente seria a ultima, mas não importava. Sua curiosidade a impulsionou até ali e nunca era bom quando seguia sem prudencia. De qualquer modo o pior que pode lhe acontecer é ser ignorada e ter que regressar para o Templo.

Assim que eles se afastam e perdem-se de vista ela bufa, irritada e aliviada... Ao menos havia conseguido um informação... Pelo visto alguém que os delataram não chegou a ser morto e nem preso. Ela precisava encontrá-lo, mas não agora.

Ela dá a volta e caminha de volta, pelo mesmo caminho que veio, até o Templo de Kelemvor.

Kheltu acordou cedo naquele dia. O Guardião dos Mortos estava ansioso para inaugurar o templo de Kelemvor, e ele passou os dias antecedentes treinando a sua fala de apresentação. Falaria sobre o Juiz dos Condenados e exaltaria seus feitos, relataria sobre os benefícios que a igreja traria à cidade e buscaria motivar novos fiéis a entrar no clero kelemvorita. Mas toda a sua expectativa se desmoronou ao ver que o templo estava fechado, e ninguém da cidade estava lá para acompanhar sua inauguração.

O sacerdote então experimentou abrir a porta, e descobriu que ela de fato estava destrancada. Kheltu entrou no lugar, que estava meio escuro, e percebeu a presença do Freezeheart, seu irmão de religião, e de um homem e mulher que ele nunca vira em sua vida. Kheltu interrompeu a conversa que os três estavam tendo para ir direto ao ponto:
- Senhor Freezeheart, o que está acontecendo? A inauguração de nosso templo não estava marcada para hoje? Por que as portas da igreja estavam fechadas e por que não há ninguém lá fora?

Kheltu estava com os seus cabelos negros formidavelmente penteados, com eles caindo em ambos os lados de sua cabeça como uma cascata. Sua veste era de um azul profundo, pontuado por estrelas brancas e com o símbolo de seu deus às suas costas, um braço esquelético estendido segurando uma balança dourada. Kelemvor era o Senhor dos Mortos, e ele decidia o destino daqueles que morriam com a balança da justiça. Kheltu havia tido todo o cuidado de se arrumar dignamente para este dia que prometia ser especial e único na sua vida.

Ele aguarda a resposta de Freezeheart.

- Desculpe a minha falta de gentileza, me chamo Kheltu e é um prazer conhecê-los - ele se vira novamente para Freezeheart. - Acho que serei rude novamente ao dizer que não vim para falar sobre Barundar, senhor, mas sim quero saber sobre o que está acontecendo aqui. Houve algum mal entendido? O dia da inauguração não era para ser hoje? Eu marco os dias do calendário numa das lápides do cemitério, talvez eu tenho me confundido... - diz sem realmente acreditar que se confundira.