Mythology - Capítulo 1 / Efeito Borboleta

Espreguiçou e bocejou após a gritaria de Caim que atrapalhou seu sono, mas mesmo assim ela não ficou brava, pois podia ser algo importante.

- Ahn? Ir até o trailer do chefe? Tá... – tava ainda um pouco sonolenta – não pode me dizer aqui mesmo a coisa importante? – ela não costumava muito questionar as pessoas, mas àquela hora da noite era quase impossível pensar direito, ainda mais logo após acordar – está bem, te ajudo lá com a caixa, mas vai me dever uma, hein – sorriu e deu alguns tapinhas no rosto para acordar de vez e acompanhou o rapaz.

- Como está o covarde? Acha que o remédio ajudou? – perguntou enquanto rumava para os aposentos do chefe.

Planícies Desérticas / Anemona

- Não posso dizer aqui!!! Vamos logo menina!!!

Ele ficou um pouco envergonhado... A garota estava descendo do carro e agora andando junto do rapaz.

- Tá bom fico lhe devendo uma, mas me lembre, eu posso esquecer e nunca mais pagar hahaha!!! – Colocou uma das mãos na nuca e riu sem graça.


Ao caminhar a menina perguntara de Covarde, Caim olhou para baixo.

- Bem! Ele está melhorando, graças a você, acho então que lhe devo duas... Ane o que você acharia de mudar de ares? Não de ambiente porque sempre viajamos com o circo, mas falo de mudar de vida, sair do circo e ser um grande governante. Ele olhou para o céu tentou buscar a luz da lua, mas não havia, as nuvens cobriam a passagem dela. Também mudara de assunto drasticamente sem ao menos perceber.

Caim mostrava em sua face uma melancolia, uma tristeza em seu olhar...

O sono já havia ido embora e Anemona riu da brincadeira de Caim.

- Se esquecer, eu o lembro hahahah. Não vou esquecer. E se me deve duas melhor ainda.

Ela caminhava e olhava para as nuvens no céu e já não estava mais entendendo o rumo que a conversa tomava. Ajeitou para trás das orelhas o cabelo que o vento insistia em empurrar para seus olhos. Não gostava de ver as pessoas tristes e a melancolia no rosto de Caim a preocupava e como sempre fazia, procurava fazer leves brincadeiras para descontrair.

- Ser uma grande governante? Por um acaso papai me arranjou um casamento com um rei? Hahahah – riu – que ideia mais absurda, Caim – para ela isso era impossível, pois não conhecia  nem vira alguém da nobreza. Como ela poderia ser uma governante - você quer dizer governar o circo? Sair do circo? Por que eu iria querer sair do circo? Gosto daqui, minha vida é aqui. Por que essas perguntas agora? Tem algo em mente?

As palavras de Caim sobre ser uma governante, bem lá no fundo, não pareciam tão absurdas para a jovem e ela sentiu um frio na barriga, como se fosse possível tal coisa, mas sacudiu a cabeça e espantou essa sensação, pois não fazia o menor sentido. Era como se algo estivesse enraizado nela, só não sabia explicar.

Planícies Desérticas / Anemona

- É porque, eu recebi uma proposta, é bem... Interessante... Uma boa proposta na verdade, você diz que seu lugar é aqui, mas e se o aqui e agora já não existisse mais...?


Caim ficava cada vez mais encabulado sem saber se expressar direito.

- Se recebesse uma proposta de muito dinheiro, você não iria?


Estavam quase chegando na carruagem do dono do circo, um relâmpago ao longe cortou o céu, o flash reluziu o rosto do casal.

- Eu sei que você possui uma família aqui, mas essa vida de nômades, ciganos por assim dizer, tem sempre que visitar lugares e trabalhar muito para sobreviver, e se tivéssemos uma terra, posses, você não iria? Não iria?

Estavam agora diante do trailler, Caim subiu a escadinha de madeira com três degraus e colocou a mão direita na maçaneta, girou-a e abriu a porta ao mesmo tempo em que pronunciou a frase:

- Se pudesse sair dessa vida e viver juntos em um lugar de luxo você viria? Você viria junto... Comigo?

Ao mesmo tempo caiu um objeto no chão de dentro do Trailler, nem Caim nem Anemona prestaram atenção porque o que estava dentro era uma imagem chocante, antes de a menina dar a resposta que Caim esperara ouvir durante muito tempo eles viram.

????:

Era o Dono do circo, estava pendurado no teto, enforcado, já estava morto, seu corpo balançava apenas porque a carroça havia sido movida para cá a pouco tempo.

Caim caiu para trás, e deu um grito! Ele ficou ali sentado no chão sem entender o que estava vendo, sua cartola caíra no chão também, fazia tempo que ninguém havia visto o Chefe, talvez estivesse aí desde ontem à noite...

- Uma proposta? Que proposta? Me conte agora, Caim – a dançarina ficou muito curiosa com as palavras do amigo – meu lugar é onde sou feliz e sou feliz aqui, mas fiquei curiosa.

As nuvens no céu estavam assustadoras e ela parou de olha-las e abraçou os próprios braços, numa espécie de proteção e quanto mais Caim falava, mais espantada ela ficava.

- Ora Caim, você sabe que dinheiro não cai do céu, como você haveria de ganhar tanto dinheiro assim? Espero que não seja nada ilegal, não quero você metido em confusão – de repente algo passa por sua cabeça e sua expressão muda para tristeza – você não é feliz aqui, não é mesmo? – seus olhos marejam e as lágrimas iluminam ainda mais o tom ametista de seus olhos – eu não sabia que se sentia assim. Por isso quer partir. Eu sempre tão feliz com minha vida que nem reparei que sofria por ser nômade. Me perdoe por se tão cega à sua dor.

O relâmpago foi assustador e Anemona se sobressaltou, mas manteve a compostura e a conversa com o amigo.

- Nunca pensei numa vida de luxos, Caim. Minha ambição limita-se a viver bem com minha família, com conforto é claro, mas não luxo.

Ela iria responder a última indagação do mágico quando foi surpreendida pelo grito dele e pela visão medonha que presenciava: o chefe morto em seu próprio vagão. Assim como Caim, ela também gritou apavorada. Um gelo subiu por sua coluna e ela tremia, balbuciou tentando dizer algo, mas foi em vão.

- Vamos... vamos buscar... – gaguejou depois de um tempo calada e abraçada ao amigo – vamos buscar ajuda.  SOCORROOOOOO... ALGUÉM NOS AJUDE!!! – ela começou a gritar e a olhar em volta para ver se via algo ou alguém.

Planícies Desérticas / Anemona

Algo chegava por trás do casal aflito pela morte a sua frente, ainda estavam abalados para perceber a verdadeira presença do mal, mas ele estava lá, o homem de preto, uma pessoa que não tinha escrúpulos para atingir o poder absoluto.

Ele chegou por trás de Anemona e Caim em seu disco flutuante e ao ouvir sua voz o casal estremeceu...

- Ola! Vejo que já visitaram o cadáver, sabe ele se suicidou porque sabia que eu iria fazer algo pior, aqueles que não cumprem os tratos devem ser castigados, Hum e você Caim ainda acha que esta menina vai...

Homem De Preto:

A sua voz parou ao olhar direto nos olhos da menina, por alguma razão o Homem de Preto estremeceu ao olhar para ela. Mas depois se recompôs.

- Que garota interessante, ela me fez lembrar de algo, bem não importa, se você Caim é um servo ruim também deverá ser castigado!

O homem de preto estava em cima de um círculo de energia de matéria negra ele desceu e começou a dar passos lentos em direção aos dois, Caim teve forças para se levantar...

- Não toque nela! Você prometeu que eu poderia levar quem eu quisesse!!!

Caim não percebeu, mas estava gritando, ele se interpôs entre a menina e o Homem levantando seus braços e seu corpo ficou em formato de cruz.

- Hum!!! Imbecil!!! Ainda não percebeu não é? Esta tão cego que não percebeu. Você não ama está garota seu imbecil!! Você não ama NINGUÉM!!!!...

O homem de preto fez algo a Caim, seu corpo se contorcia, e uma energia negra atravessava seu corpo, parecia energia elétrica, mas possuía uma cor negra. Caim gritou, a dor deve ter sido enorme.

Devido ao ferimento o corpo de Caim caiu pesadamente no chão, as roupas de Caim estavam parcialmente rasgadas pelo ataque energético, uma fumaça saía de seu corpo, ele tremia, estava de bruços com o rosto virado para o lado direito.

O ser de pele escura sorria, parecia se divertir com o sofrimento alheio, se Caim fez um pacto com ele, tinha feito um pacto com o Demônio.
O Homem de preto levantou as mãos para Anemona, em seu punho uma esfera negra de energia se fez...

- A garota morrerá diante de você caim e não poderá fazer nada, entendeu? NADA!!!

Anemona lembrou-se daquele Homem era o mesmo que tinha visto alguns dias atrás, o mesmo do "dia do corvo" era uma pessoa que provocava calafrios só de olhar, uma energia mística maligna rondava este ser...

Não podia ser diferente, Anemona estava apavorada e ao ouvir aquela voz, não conseguiu pensar em outra coisa, a não ser que ela vinha direto das trevas. Seu corpo estremeceu e ela arrepiou-se inteira. Era medo.
Quando o homem, que ela já tinha visto dias atrás, falou o nome de Caim, ela não pode acreditar e seu semblante foi tomado pela decepção também. Não podia acreditar que Caim, seu amigo, estava com aquele monstro.

- Você... está com ele, Caim? – a decepção era visível no rosto da garota, apagando o brilho de seu olhar. Estava arrasada.

Mesmo triste pela traição de Caim, vê-lo sofrer foi doloroso demais para a jovem, que vertia lágrimas daqueles olhos sempre sinceros.

- Deixe ele em paz, seu monstro! Se quiser me levar que seja, mas não o machuque mais.

Ela faz uma busca rápida nas roupas de Caim para ver se achava algo que pudesse usar para se defender, já que ele era um traidor talvez tivesse uma faca ou algo do gênero. Se nada achasse, seu último recurso para não morrer seria jogar areia nos olhos do homem e ataca-lo, ou mesmo correr.

Presto atenção as palavras de Taigan mais do que atentei toda minha vida, eu sabia que precisava aprender o máximo possível. Se Taigan acreditava em mim, eu iria me esforçar para honrá-lo. Vou sentar na mesma posição que o sifu e ouvir o que ele tem a dizer. Depois de ver a demonstração da aura de Taigan, me pergunto se eu conseguiria fazer o mesmo.

Fecho os olhos e me concentro. Tento abrir a minha mente para sentir a energia. Admito que era difícil me concentrar com tantas coisas na cabeça, a joia, a luta, a missão e até o ambiente ao redor me desconcentravam. Suspiro ao ver que meu coração estava totalmente apático ao meu espirito.

Porém tento uma segunda vez, procuro esvaziar-me de todos os pensamentos que me preocupavam. Deixo minha mente limpa como uma folha em branco e procuro o meu tom de espírito no mais profundo de minha alma. De repente imagens dos pumas começam a aparecer em meu pensamento, não era sempre que eu lembrava do passado. Dúvidas começam a surgir em meu interior, onde estariam todos eles? E os meus pais, o que aconteceu com eles? Um nostalgia começa apertar o meu peito. Como uma flecha as palavras de Hana voltam me ameaçando, talvez ela estivesse certa, talvez fosse pesado demais. Talvez eu não servissem também para a linhagem dos pumas, por isso me abandonaram. Eu havia perdido a oportunidade de conhecer minha família. Será que eu me encaixaria aqui? Será que um dia eu seria totalmente adaptada ao algum lugar? Um sentindo me abandono toma conta do meu espírito. Logo minha concentração se quebra, abro os olhos irritada.  

- Isso parece impossível! - Reclamo com o sifu.

Mas respiro fundo, todos estavam confiando em mim, preciso tentar mais uma vez. Percebo que se eu continuasse pensando que não conseguiria, jamais iria alcançar meus objetivos. Novamente eu fecho os olhos, esqueço tudo, as preocupações ficam distantes, as lembranças também, me concentro apenas na essência do que me fazia viva. Esqueço a pressão e a opiniões de terceiros e começo a sentir uma força selvagem dentro de mim. As notas musicais de uma música muito antiga começam a surgir em minha mente, era familiar, mas de tempos muito antigos, era doce e forte ao mesmo tempo. Começo a sentir um fogo aquecendo meu coração, mas não destrutivo, era tão confortável como estar sentada de frente para a fogueira, só que agora o calor vinha do meu interior. Um brilho alaranjado começa a aparecer ao redor de mim.

Monastério Biron / Siara


Siara conseguira, seu espírito tinha a cor laranja, esta cor poderia simbolizar a ferocidade, paixão e amor do vermelho, com a felicidade radiante e explosão do amarelo.

Uma cor feroz, diria Taigan, ele se levantou, e parabenizou a menina, já havia rapidamente conseguido realizar a primeira parte do treino.

- Agora será mais difícil, vou te levar a um local pouco visitado por nós, é um local místico que fica nos subsolos do Monastério, venha...

Ao entrar no Monastério o Mestre Panda pegou uma tocha e em uma gaveta pegou uma chave com uma corrente parcialmente enferrujada, então voltaram até a grande estátua de Biron, Taigan se posicionou na frente dela.

- Por favor afaste-se querida!

Ele então concentrou sua energia e com um movimento rápido jogou uma rajada na estátua, no começo nada aconteceu, até Taigan dar três passos para trás, o prédio tremeu e o grande monumento se deslocou alguns metros revelando um alçapão no chão, Taigan abriu a porta.

A escuridão tomava conta da abertura do alçapão, por isso a tocha foi acesa, ele e Siara então adentraram nos corredores intermináveis, Siara por um momento se perguntou como Sifu não se perdia diante de tantos corredores, parecia saber o caminho de cor.

- Estamos chegando, Siara você deve enfrentar todos os desafios impostos por este lugar, fome se houver, sede se houver, não deve sair a menos que vença, no entanto se não conseguir, pode ser que sua vida fique em perigo, esta disposta a arriscar?

A tocha brilhava a frente do Kemono Panda, eles agora chegaram em uma porta de ferro com grades, as chaves com correntes enferrujadas foram úteis ali.

- Siara! Agora que você conhece o Tom de seu espírito você poderá invocar uma das técnicas mais precisas dos monges do monastério, nem todos conseguiram usá-la, confio que você poderá. O nome dela é Spirit Ball.

Uma esfera de energia espiritual que pode destruir o mal, somente funciona contra seres malignos, com o domínio do espírito é possível criar a esfera e arremessá-la no alvo. Com a técnica dominada é possível fazer com que ela vá para qualquer lado, enganando o inimigo.

Assim...

Taigan fez uma esfera de energia nas mãos, uma esfera de cor branca, a cor do Tom de seu espírito, ele a desfez, a esfera ficara do tamanho de sua mão antes de desaparecer.

Deve-se também colocar seus sentimentos na energia, sua personalidade, é como se conseguisse materializar seus sentimentos e conhecimento que recebeu aqui em uma forma energética, explicar isso, não tem como, você tem de sentir.

Os corredores ficavam menos volumosos e finalmente chegaram a uma câmara, ela era uma câmara extensa com um altar no meio, havia uma porta ao final da sala.

- Siara se estiver realmente segura para fazer o desafio basta entrar ali, e enfrentar seus demônios. Como você sabe! Eu lhe mostro a porta você deve entrar...

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Planícies Desérticas / Anemona

A garota desesperada e com olhos lacrimejantes, estava vasculhando o corpo de Caim, ela via a mão do Homem de preto brilhar, a luz da morte, a força da destruição em suas mãos.

Bob, Shino, Lorena e seu amigo Caim, Caim... Será que ainda eram amigos? A lembrança de todos vieram a sua mente, poderia acabar tudo ali.

A morte chegara e ela não possuía uma foice, e sim poder dinâmico, sombras vieram dos céus, houve gritaria nas tendas do circo, criaturas pequenas feitas de sombras atacavam as pessoas, uma histeria contínua no local, tudo iria desaparecer.

- Acabou criança!

A garota achou algo no bolso de Caim, mas não era o esperado, apenas uma carta, Rainha de Copas, não servia para nada.
Anemona se preparara para morrer, mas a mão do Homem de preto havia parado, ele não lançou a bola energética, ficou apenas olhando a garota, os seus olhos, aquela cor, novamente despertou uma lembrança dentro dele.

O Homem de preto fechou os olhos e sorriu, abaixou sua mão fazendo com que a esfera de energia negra desaparecesse.

- Acho que será mais divertido se eu acabar logo com isso assim...


Uma onda de sombras, varias criaturas atacavam todos os lugares do acampamento, de repente fogo, algumas tendas pegavam fogo, o Pai de Anemona apareceu, tentou correr até a garota.

- ANEMONAAAAAA!!!!

O Homem de Preto estalou os dedos, várias criaturas pegaram ele e o puxaram para longe, Caim estava sendo sugado para o chão, um portal de sombras. O Pai da garota ainda tinha uma última cartada antes de ir, pegou uma de suas facas e jogou para a menina, a faca caiu a seus pés. Boa pontaria, Anemona poderia se virar com isso.

- Corra Anemona!!!! Corraaaaaa!!!!!!

- Não adianta fugir, todos aqui serão levados ou mortos, tudo acabará em breve.

Anemona viu um tentáculo de energia levantar um elefante, pessoas gritavam... O fogo se espalhava, três criaturinhas de sombras ficaram em volta de Anemona, Caim já estava quase sendo absorvido pela matéria negra.

Iniciativa:

- O que quer de nós? Somos apenas artistas de circo? – o desespera lhe tomava conta. Praguejou quando não encontrou nada nas roupas de Caim – mas que droga, Caim – passou batida pela carta de baralho, mas gravou qual era. No momento, aquilo não serviria para nada.

Encolheu-se ao ver a energia negra crescer na mão do homem e fechou os olhos esperando a morte, mas as imagens de seus amigos e familiares a despertaram daquele medo e a voz do seu pai a trouxe de volta para a realidade. A adaga que seu pai lhe lançara era providencial; mesmo não sendo especialista em faca, ela sabia manuseá-la, já que seu pai era da opinião que uma garota bonita como Anemona deveria saber se defender. Com uma faca ela poderia se virar bem, porém ela se via em uma “sinuca de bico”: seu pai sendo levado por sombras, o circo sendo destruído, seu amigo sendo engolido e sombras cercando-a. Queria salvar todos ao mesmo tempo, mas sabia que tinha que se manter viva para tal e decidiu que atacaria primeiro as sombras à sua volta.
Seu treinamento desde criança nas artes da dança, malabarismo e contorcionismo a deixaram com concentração, equilíbrio, força e precisão, o necessário para tentar se safar da situação.
Com um movimento sinuoso, ela se afasta de Caim e prepara uma investida contra a primeira sombra, impulsionando o corpo para frete. Usaria seus conhecimentos de dança, como giros e saltos, para atingir seu objetivo.

- Aguentem firme, Caim e papai. Vou tirar vocês dessa! – disse buscando força dentro de si.

Abu fintava os olhares de acordo com que ia adentrando o acampamento, sempre se esgueirando pelas carroças, saltando como uma pluma sobre barracas e rastejando por entre caixas que não sabia o conteúdo. Havia deixado o Chocoboo amarrado em uma posição estratégica fora do acampamento, então a locomoção à pé era mais fácil.

As vozes se aproximando intimidaram Abu, não podia ser visto já que estava tão perto de seu objetivo que era de soltar os animais. Quando se virara para sair por trás de uma carroça e evitar ser flagrado, um clarão surgira poucos metros a frente de Abu e o lançara alguns metros para trás. Ele colocara o braço na frente no reflexo para proteger o rosto e no chão, recobrando a consciência, pode perceber que um barril de pólvora que havia explodido. Seu pescoço voltava a doer devido aquela queda e se levantando, pode ver o caos que o acampamento havia se transformado. Ficava parado olhando para todos os lados, enquanto pessoas corriam e eram atacadas por algum tipo de mal que ele não podia compreender, pareciam sombras que se movimentavam em meio às luzes trêmulas geradas pelas barracas em chamas. O plano de Abu àquela altura já havia sido totalmente atrapalhado e seu único objetivo agora era evitar ser flagrado por aquelas criaturas e sobreviver.

Ao analisar todo o acampamento, viu que a maioria dos funcionários do circo não eram treinados na arte do combate e corriam desesperados pela sobrevivência, porém uma cena peculiar em uma das tendas chamou a atenção de Abu, uma garota parecia enfrentar aquelas criaturas através de golpes poderosos que pareciam vir de anos de treinamento. Abu então via ali uma oportunidade de conseguir talvez uma aliada para seu objetivo, ajudando-a a salvar seu acampamento. Pensando nisso, o Youkaii partia em disparada em direção de onde a garota estava, sacando sua Tanto enquanto corria e torcendo para que seus ataques fossem mais precisos do que da última vez.

off:

Sorriso serenamente ao ver que eu tinha conseguido concluir o que o sifu havia pedido. Faço uma reverencia para agradecer a parabenização de Taigan. Em seguida sigo o sifu dizendo:

- Um local místico? - Indago no caminho.

Quando chegamos até a estátua de Biron, fico surpresa com a revelação do alçapão.

- Eu jamais imaginaria que tinha algo aqui.

Desço com meu mestre, o local era abafado e um pouco claustrofóbico. Percebo que o sifu conhecia bastante este lugar, me pergunto quantas vezes ele já tinha entrado ali, sendo que eu nunca tinha visto. Começo a me perguntar quantos segredos mais haviam no monastério que eu não conhecia. Taigan começa a falar e eu fico receosa.

- Eu tenho que arriscar minha vida para provar que posso fazer a missão? - Pergunto ao mestre - Admito que é uma surpresa para mim, mas eu irei arriscar sim.

Eu já tinha decidido participar, não iria desistir agora. Franzo as sobrancelhas quando vejo a porta de ferro cheia de grades. Logo o sifu volta a falar, eu olho sério para ele enquanto ouço suas palavras. Fico impressionada quando ele usa a habilidade da qual mencionou:

- É realmente incrível.

Continuamos o caminho e paramos, sinto um aperto no coração. Me viro para Taigan para escutar suas palavras. Eu estava realmente decidida a enfrentar a missão, mas não esperava por tantos testes antes. De alguma forma isso tudo estava me deixando apreensiva, um pouco acuada. Porém eu tinha coragem o bastante, se isso era preciso, então eu iria. Faço uma reverência e respondo:

- Sim Sifu, eu irei. Espero fazer o certo.

Vou caminhar e entrar na porta. O coração apertava um pouco no peito.

Planícies Desérticas / Anemona & Abu


Anemona tentava lutar, não era experiente em combate, no entanto tinha outras habilidades que compensavam sua falta de combatividade.

A faca em punho, teria de ser eficaz ali, porque lutava não contra um, mas contra três, correu em direção aos bichos, tentou um ataque contra uma delas, o golpe foi certeiro, no abdômen da criatura.

A força da menina fez com que o Shadow fosse levantado, foi espetado pela ponta da faca, que o fez se desintegrar, uma já havia sido destruída.

Os outros dois restantes envolviam o corpo da jovem, graças a sua habilidade com os malabarismos conseguiu desviar de um, mas as garras afiadas do outro conseguiu feri-la, o ataque foi em suas costas, nada grave, mas doeu e fez seu corpo cambalear.
Uma sombra apareceu no campo de batalha, uma figura com ar sombrio, se interpôs diante da jovem e os Shadows, o Homem de preto ficou olhando, sem saber quem era aquele ali, mas não importava, iria matar a todos sem importar quem eram.
O grito das pessoas no local era desesperador, Caim fora sugado completamente pela sombra do chão, o destino dele era algo que Anemona não pode evitar.

Abu o Youkai entrara no combate para ajudar a menina, sua lâmina era mais letal que a dela, mas ela havia se saído bem, a luta estava dois contra dois agora.

Off Game:

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Monastério Biron / Siara

Siara entrou na porta, a escuridão tomou conta do lugar quando a menina fechou-a atrás de si.

Ela caminhou na escuridão, passo por passo, seus olhos felinos assumiram uma forma diferente, dilataram para assimilar o novo ambiente, era escuro, e Siara apenas via vultos de seus membros, logo poderia se acostumar com o ébano e assim enxergar um pouco mais.

Passou alguns segundos, apenas a respiração da felina era ouvida, ela olhou para os lados buscando algo, nada ainda, será mesmo que aconteceria alguma coisa?

Sentiu um bater forte, coração, era um coração batendo forte e rápido, seria o seu próprio?

Ela conseguiu enxergar melhor quando o tempo passou, mas continuava escuro, sua vista apenas se acostumou ao ambiente, como era de se esperar.

Ela ouviu vozes, eram vozes de seu passado, sentiu algo remexendo em sua cabeça, não, em seu cérebro, algo vasculhava seu cérebro. Ouviu a voz de seu pai, ouviu sua mãe, as pessoas de seu Clã antigo, conseguiu ouvir as palavras das pessoas, viu uma cena em meio a escuridão, eram seus pais abandonando-a.

- Por favor aguarde aqui, atrás destes arbustos, voltaremos para buscá-la, temos de resolver um problema primeiro, você deve ficar aí, tome cuidado ok?

Siara reviveu seus momentos de criança, viu os rostos preocupados de seus pais.

Uma outra voz, esta não identificou:

- Vocês devem levá-la, para fazer o ritual, os Pumas devem ser preservados, temos de sobreviver a nossa sina, não devemos cair!

Apenas fragmentos de um passado não muito distante...

Ouviu uma voz masculina falar com ela:

- Muito bem Siara! Eu posso notar que é bem corajosa de entrar aqui, mas são poucos aqueles que conseguem completar o treinamento do espírito.


Siara notou alguém chegando, vinha pela frente, andava devagar, seu modo de caminhar era conhecido, a voz continuou:

- Bem garota, todos possuem vários medos, mas basta enfrentá-los que conseguiremos vencer, qual é o seu medo Siara? – A voz ecoava – Bem não importa qual seja, um dia terá de enfrentá-lo, mas agora terá de enfrentar algo bem complicado, algo que impõe limites a você!

A voz cessou, e uma figura conhecida apareceu a sua frente, mas não era amigável, era hostil, assumiu posição de combate, era claro, iria atacar Siara!

Oponente de Siara:

O vento soprando forte, fazendo com que os grãos de areia batessem uns nos outros, a voz grave de um monstro e sua risada, o coração batendo acelerado e o sangue pulsando nos ouvidos, gritos e o crepitar do fogo foi a música mais horrível que Anemona já dançou e desejava que ela acabasse o quanto antes.

Por sorte, seu treino a ajudou a manusear com firmeza a faca e, mesmo não sendo uma combatente, ela conseguiu desferir um golpe capaz de destruir a criatura. Uma expressão de alívio e espanto passou por sua face, que àquela altura estava pálida. Ficaria feliz se não fossem as outras duas lhe cercarem, mais uma vez ela deveria ser rápida, conseguiu se esquivar de uma e a sombra conseguiu lhe ferir as costas. Mesmo já acostumada com as dores de um treino duro, aquilo era diferente e ela soltou um gemido baixo enquanto fazia uma careta.

A outra criatura viria em sua direção se não fosse a intervenção de outro elemento na disputa, um estranho também trajando preto se interpôs entre as duas e já partia para o ataque. Por sorte, contra as criaturas de sombras. Queria terminar rápido para salvar seu pai e seu amigo, mas para Caim já era tarde demais.

- Nãooooooooooooooo! Caiiiiiiiiiiiiim! – gritou em desespero pelo amigo que fora tragado pelas trevas, sentindo-se culpada e incapaz por não tê-lo salvado.

Deveria acabar logo com aquilo e com uma manobra sinuosa lança-se na criatura que a havia ferido, com muito mais fúria agora e desfere um golpe com a faca.

Vendo que o ataque da mulher fazia uma das sombras desaparecer, Abu tinha mais certeza da chance de vitória que tinham sobre aquelas criaturas de outro mundo. Sem dirigir nenhuma palavra ainda para sua companheira de batalha e vendo que ela partia para atacar uma das criaturas, Abu aproveitava a deixa para partir em disparada contra a outra sombra que já se preparava para atacar, fazendo sua Tanto zunir ao vento em meio aos gritos que vinham de todo o acampamento em chamas.

Enquanto caminho na escuridão, minhas orelhas se sobressaltam prestando atenção em qualquer ruído. Mas por um tempo não havia nada ali, apenas o som de um coração batendo muito forte. Talvez o silêncio estivesse fazendo eu ouvir minhas próprias batidas cardíacas. Continuo o meu caminho e ouço algumas vozes familiares. Parece que algo estava vasculhando a minha mente, isso não parecia nada bom. De repente me vejo de frente para minha infância. Essas lembranças doíam profundamente. Era difícil olhar para o passado, nem mesmo consigo lembrar dos bons momentos de infância, tudo por causa desse episódio.

Mas havia outra voz que não era conhecida, ao menos eu não lembrava. Eu não lembrava de nenhum ritual, tudo estava tão confuso. Eu só queria poder seguir em frente e apagar esse passado. Porém não posso completar o meu desejo, sou interrompida por uma voz masculina.

Logo tenho um susto, eu teria de enfrentar eu mesma! Não se fico surpresa ou se me assusto. Era estranho me ver dessa forma em outro ser. Fico em posição de combate e mantenho a palavra coragem em minha mente. Se essa Siara atacar, eu também ataco.

- Então esse é meu desafio? Me vencer? Eu não sei quantos medos eu tenho, mas vou acabar com eles agora!

Shino puxava Lexus pela mão afirmando que havia visto uma sombra, um vulto. Ou seria apenas as sombras da noite. A definição que o menino dava não batia muito, mas Lexus foi de prontidão verificar o que ele tinha para mostrar.

Ao chegar no local do matagal, Lexus levantou o lampião olhou para Shino que apontava a região e olhava para ele como se fosse seu dever de investigar, e ele ficaria ali plantado fazendo companhia a palmeira a seu lado.

Quando Lexus voltou os olhos para o matagal, a sensação foi horrível, parecia que o matagal tinha ganhado uma profundidade enorme e tamanho desgovernado. Lexus balançou a cabeça e a realidade voltou ao normal, mas aquele pressentimento não era comum, algo de estranho continha ali.

Lexus então antes de entrar esticou a mão e tentou sentir ou identificar se havia ali alguma magia contida. Ele iria agir conforme a resposta que sua experiência lhe diria, magia ou não, estava tudo muito estranho naquela noite.

Planícies Desérticas / Anemona Abu & Lexus


O golpe da garota foi forte, mas não preciso, a sombra se esquivou e logo assumiu posição de ataque, passou por baixo das pernas de Anemona, atrás dela a criatura colocou as mãos no chão, um tentáculo de trevas saiu das sombras, o tentáculo girou.

Anemona desviou com uma manobra acrobática, a sombra colocava as mãos no chão, e quando fazia isso, os tentáculos apareciam do chão tentando acertá-la, as manobras da menina a salvavam.

Abu tentou um ataque triplo com sua arma, a Shadow deu saltos para trás, saltou para o céu escuro e moldou seu corpo para se transformar em uma bola negra, girou e do corpo dele saiu uma chuva de agulhas negras, em direção ao Youkai.

O Homem de preto apenas observava:

- Vocês resistem bem! Mas a batalha apenas começou! Hahahahaha!!!

O Homem de Preto levantou uma das mãos, do céu uma esfera de energia negra apareceu.

- A sua pequena existência será sugada pelo poder supremo dos Titans.


Lexus olhou para o matagal, vasculhou cada canto escuro, viu que ali atrás havia um pântano, não devia ser muito fundo, mas as águas negras pareciam piche, ele viu algo brilhante nas águas, parecia um anel, estava com uma pontinha para fora, Lexus teria de sujar as mãos para pegá-lo.

Ele entrou parcialmente na água, molhou os pés, foi bem devagar, olhou para trás para ver se o garoto estava bem, Shino mantinha as mãos unidas uma a outra.

Lexus voltou a sua empreita, tocou a pequena peça de metal e puxou, algo veio junto com o anel, era uma mão.

O toco de uma mão, o anel estava no dedo anelar desta mão, o vento soprou forte, bem forte até, o aprendiz ouviu um barulho vindo do acampamento, uma histeria sem controle vinha de lá, logo ele veria as chamas aparecerem e queimar as tendas.

Algo de ruim acontecia no camping, Shino deu um pulo com o susto do rapaz, pessoas gritavam onde circo estava.

Off; Game:

Um salto aqui, um giro ali, uma acrobacia acolá e a garota ia desviando das sombras. Infelizmente errara o golpe e sentiu-se frustrada. Como era difícil lutar, queria saber como os guerreiros conseguiam. Decidiu que tentaria mais um ataque contra a sombra animada, tentou passar a faca em um corte na criatura.

A garota estremeceu com a risada do Homem de Preto e isso a deixou com mais raiva ainda. Anemona era uma garota pacífica, mas naquele momento o que ela queria era cortar a garganta daquele monstro. Estava torcendo para que o estranho se saísse melhor do que ela, com certeza ele teria mais capacidade de degola-lo do que ela.

O Homem de Preto começou a fazer uma estranha magia, ela não sabia o que era, mas não deveria ser nada bom. Já estava irritada com as palavras e ameaças dele, queria gritar, gritar com ele, mas sabia que de nada adiantaria e decidiu que sobreviveria para acabar com aquele ser de pura maldade, vingaria seus amigos.

Lexus adentrava os pés na água e observou o anel refletindo uma pequena luminosidade azul no dedo do defunto. Lexus o tocou e pode sentir uma centelha de magia em sua mão, logo o colocou no dedo e olhou para Shino abrindo um sorriso bem largo.

Sua silhueta murchou quando viu a fumaça e o fogo.

- Shino, venha comigo, não saia do meu lado por favor.

Lexus corria da melhor maneira possível sentido ao camping e a fumaça.