Ato I - Ariel, Johan, Aeltlas e Baraz

Johan puxa Ariel com força pela camisa e o joga para trás.

- Eu disse que ninguém aqui reviraria corpos como abutres em cima da carniça!

Johan retira um de seus frascos de óleo da mochila e o joga sobre o corpo e a cabeça do tanarukk, em seguida pega uma das tochas na parede e ateia fogo à Cria, enquanto faz uma breve oração em voz baixa. Só depois de ter terminado Johan se dirige aos companheiros.

- Ragrath não viria ao nosso auxílio agora, Baraz, mas sim quando estivermos lutando contra Tripa Velha, seu pai. Também acho que não estamos em condições de avançar, mas não podemos recuar o suficiente para que os orcs retomem este lugar. Devemos tentar mantê-lo ou encontrar um caminho ou uma forma de prosseguir. Pode parecer que não, mas ainda temos a vantagem de um ataque surpresa, já que eles não sabem o que aconteceu aqui ou quem os atacou.

O mago é jogado para trás pela força bruta do cavaleiro. Johan se vira para queimar os corpos, sem notar a expressão de ódio nas faces de Ariel.

O mago agarra o cavaleiro pelo ombro e o vira antes que ele acenda os corpos, e põe a gema na cara do "companheiro".

-Fale comigo e me toque dessa forma mais uma vez, seu boçal, e vai ser cinzas antes que possa dizer "sou um ignorante". Eu não tenho nenhum apreço pelo seu deus, e não espero que tenha pelo meu ceticismo, mas eu não questiono teus métodos e não vou admitir que questione os meus. Foi pro minha magia que vocês conseguiram derrubar o tanarukk antes de perder as cabeças, e eu vim aqui, entre outras coisas, em busca de poder mágico, que eu aposto que esses dois portam, e não é um padrezinho ignóbil que vai me impedir de conseguir. Entenda isso como meu pagamento, se quiser queimar a sua parte junto com os corpos, fique à vontade, mas a minha EU EXIJO. Fique com a sua moral e eu fico com a minha.

O mago havia florescido consideravelmente naquela curta viagem. Ele pareceu se adaptar muito bem ao estilo de aventureiro, e muito pouco à retidão de Johan.

Johan se surpreende com a audácia daquele pequeno rapaz e, sem cerimônia, o cavaleiro solta a tocha sobre o corpo do tanarukk enquanto Ariel fala com ele, e com a outra mão Johan afasta a gema de si. O cavaleiro não deve satisfações aquele garoto e Johan não deixaria de fazer o que ele deve fazer apenas porque Ariel teve um ímpéto de coragem movido pela ganância.

- Ariel, eu não me importo se você acredita e respeita ou não à Tyr, mas se você quiser prosseguir nesta missão comigo, será da forma como eu disser. Estamos aqui para vingar três mortes e agora para tentar tirar uma tribo desta guerra sem sentido. Se sua cobiça por poder for tão grande, não se sinta acanhado e use todo este ímpeto e suas magias para cruzar todas as linhas de defesa de Baraskur e roubar o que você veio roubar, eu não irei lhe impedir.

Johan solta a mão de Ariel e se vira para os outros, finalizando.

- Eu já vi e vivi muito mais do que você pode imaginar, garoto, então se isso que você fez agora foi uma tentativa em me intimidar de alguma forma, posso lhe dizer para não perder seu tempo novamente.

O mago olha para Johan com claro desprezo no olhar, guarda sua gema e começa a focar energia mágica.

-Eu não quero nem preciso te intimidar, padre. Eu tenho meus negócios e estou lhe dando um aviso. Não pense que o que vim buscar aqui se resume a o fetiche que o líder trás, aquilo é a maior parte, mas apenas uma parte.

Ele murmura em voz baixa um feitio de identificação para rastrear o corpo do tanarukk por itens mágicos que possam ser danificados pelo fogo. Se nenhuma aura for encontrada, ele termina de procurar o corpo do sacerdote, afastado de Johan. Se algo for encontrado, tentará remover antes que o item se perca pelas chamas.

-Use as palavras cobiça e ganancia o quanto quiser, elas não vão mudar a realidade, padre. Cada um de nós veio aqui por um motivo. Eu vim pela magia, você, pelo sangue. Se realmente acredita que seu motivo é melhor que o meu, acho que isso diz mais sobre sua personalidade que sobre a minha.

-Isso era bem verdade, Arianna, até Johan atear fogo ao tanarukk. Assim que me assegurar que nenhuma magia importante será transformada em cinzas, eu deixo eles para depois e sigo vocês...

- Eu não sou um padre, sou um cavaleiro. Um garoto como você que usa palavras como 'boçal' e 'ignóbil' deveria saber a diferença. Em nenhum momento eu disse que meu motivo é melhor que o seu, mas eu realmente vim atrás de sangue, vim vingar a morte de pais e companheiros, já você veio atrás de poder. Pense em cada um destes motivos como quiser e julgue-os você como achar melhor.

Johan ouve Arianna e decide agir, esta discussão era completamente inútil. O paladino faz um breve pedido à Tyr e sua mão adquiri uma luminescência azulada. O cavaleiro pousa a mão sobre si mesmo, sobre a testa de Arianna e sobre o ombro de Baraz.

- Isso é o melhor que posso fazer. Devemos partir com força e precisão para cima dos orcs, mas sem nos afastarmos. Se qualquer um de nós for gravemente ferido, devemos recuar, também não quero mais mortes entre nós. Nerók, você não deve se afastar muito desta passagem no muro, ela é nossa rota de fuga e você deve protegê-la. Nós três somos a linha de frente e, junto com você - Johan aponta para Ariel - temos que focar nossos esforços em Tripa Velha; é primordial que ele caia hoje.

O mago se levanta. Tudo bem, nenhum dano real. Ele voltaria e analisaria o anel depois, junto com os outros, ele podia estar irritado, mas não era nenhum ladrão. Ariel prefere ignorar as palavras do cavaleiro. Ele já dera essa discussão por encerrada, e deixe que os tolos falem sozinhos. Ele deixa sua ultima gema em um local de fácil acesso, carrega a besta e a deixa solta no cinto, para se precisasse.

-Ta bom, estou pronto, vamos acabar logo com isso.

Baraz

O anão já estava cansado de tanta nobreza de espírito do paladino. Lutar ao seu lado era aceitar uma se´rie de dogmas instransponíveis e não passíveis de discussão. Isso ía contra toda a liberdade de ação defendida por Baraz. E, se continuasse assim, logo a separação do grupo seria inevitável.

- Cês deviam cuidar de seus rabos e parar de julgar os outro. Cada um tem seus motivo e não cabe discussão aqui. Tô cansado dessa palhaçada., o anão aproveita para dar uma olhada nos pertences dos caídos, em busca de algo que pudesse ajudar o grupo.

- Da última vez não tive tempo de retornar, pois a caverna desabou. Não vô ficar contando que vá sair por onde entrei, Baraskur tem muitos acessos. Melhor pegar o que precisarmos logo. Vai ser roubo pro Johan de qualquer jeito., dá de ombros.

- O Tripa velha vai cair, até o fim do dia vô manda a cabeça dele de volta pro Muitas-Flecha. Se estão todos pronto, é hora de partir., diz, avançando.

Ouvindo o aviso de Baraz, Ariel olha de volta para o sacerdote. Seria melhor levar o anel de vez então. ele volta ao corpo e toma o anel, guardando no bolso.

-Se é assim, Baraz, vou tomar isso. Quando estivermos acabado, eu identificarei o que isso faz...

Johan entra com calma e passos firmes na sala onde Tripa Velha estava. O cavaleiro olha rapidamente ao redor, vê as torres com seus arqueiros, os soldados prontos para agir em defesa de seu líder e um drow inconsciente, com certeza Drizzt Do'Urden, sendo covardemente ameaçado.

Johan carregava a cabeça incandescente do tanarukk e a arremessa com força, para que ela caia o mais próximo possível dos pés de Ragrath, de seu pai e do orc de manto negro. A situação para o grupo era delicadíssima e toda forma de intimidação era bem vinda e necessária. O cavaleiro empunhava seu escudo, mas não sua espada.

- Meu nome é Johan Filho da Ruína, servo humilde de Tyr e cavaleiro da Ordem dos Cavaleiros do Julgamento Sagrado à serviço de milady Arianna. Estamos aqui para vingar a morte de seus pais e a de Aeltlas, um companheiro caído. Também estamos aqui para resgatar Drizzt Do'Urden. Rendam-se e aceitem o seu destino, ou lutem e tenham um fim como o desta besta vil que vocês conheciam como Cria do Inferno.

O cavaleiro imaginava que mesmo Baraz não faria nada estúpido na situação em que eles se encontravam, apesar que talvez algo estúpido fosse o que eles precisassem neste momento.

Johan, quando percebeu que eram corpos que alimentavam o fogo, perdeu as palavras, perdeu o chão... Em suas viagens, o cavaleiro já tinha visto atos ruins, mas nunca tinha sido confrontado com tamanha crueldade e frieza. Johan lentamente lirberta Redentora de sua bainha e a aponta para Garra da Morte. Cada vila, família, velhos e crianças, todos teriam sua parte na vingança que Johan cumpriria.

- Eu, Johan Filho da Ruína, juro por Tyr, A Mão Justa, que você, Garra da Morte, pagará por seus crimes com sua vida, e sua sentença será executada agora! - Agora, nada além da morte de Tripa Velha e de todos os seus comandantes satisfaria Johan.

Johan, após terminar de falar, retira o capuz e avança contra contra o orc que estava à sua frente. Os olhos do cavaleiro pareciam dois rubis incandescentes, reflexo de uma fúria nunca vista no cavaleiro nem por ele mesmo.

- MORRAM, CRIATURAS MALDITAS

Baraz

Provavelmente este era o combate mais importante da vida de Baraz. Finalmente estavam diante do líder orc da região, responsável por tantas atrocidades e pilhagens. A morte seria pouco para tais criaturas. O anão demora-se um pouco a avançar, preocupado com a situação de Drizzt, desacordado, acorrentado e a ponto de ser executado. Com um resmungo, alerta a pantera sobre a situação:

- Pantera, o elfo!

Incentivado pelo avanço incondicional de Johan, o ranger investe contra a muralha orc.

O elfo negro era prioridade. O mago enfiara isso em sua cabeça no momento em que avaliou a situação. Ele retira um pedaço de lã da bolsa, segurou à frente de seus lábios e soprou. A lã se consumiu rapisamente, como se envolta em chamas.

-Parado!

O olhar dele se fixava no orc junto ao elfo negro.

Baraz

O anão derruba sem piedade o primeiro orc, contudo outro assume seu posto, mantendo em pé a muralha. Machados na carne, Baraz segue atacando.

- LEVANTA ELFO!

Spoiler:

Johan ignora a petulância de Arianna e torna a atacar um dos orcs que faziam um muro vivo entre eles e Tripa Velha.

- Nerók, atire no Crânio de Pedra!