Ato I - Ariel, Johan, Aeltlas e Baraz

Aeltlas pensa em agir de forma mais furtiva e estrategica, muito do poder de sua nova equipe foi gasto neste primeiro embate.

- Penso em ir na frente, Johan e Arianna, já que a vantagem de um ataque surpresa nos concederia um benefício precioso, diz Aeltlas, seguindo adiante. É claro que se fosse necessário recuar, o ranger não pensaria duas vezes. Ele adorava matar orcs, mas apreciava mais ainda a sua vida.

Aeltlas tentou chegar sorrateiramente, mas foi percebido. Então ele deixa de andar furtivamente e para frente aos orcs. Analisa cada um deles, pois com certeza esta era uma situação incomum: Um orc dialogando! Ele espera sua equipe chegar, e não fala nada, já que não tinha assumido a posição de líder da trupe.

Johan caminhou em silêncio por todo o caminho. Não assumiria isso à nenhum de seus companheiros, mas o cavaleiro estava apreensivo com o que poderia acontecer com eles. Já no primeiro encontro que eles tiveram com os orcs Baraz foi seriamente ferido e Arianna e o cavaleiro também tiveram ferimentos graves. Eles precisariam manter a mente e o corpo focados e serem extremamente organizados tanto na exploração de Baraskur quanto nos combates contra os orcs. Um erro e qualquer um deles poderia ser morto no interior dessas montanhas.

Assim que entram na câmara com um destacamento de orcs, Johan inconscientemente assume a dianteira do grupo, colocando uma mão sobre o ombro de Aeltlas ao passar por ele. Foi mesmo algo surpreendente ver um orc dialogando antes de atacar, e isso deixou o cavaleiro ainda mais apreensivo. Um orc que falava o comum tão bem não estava apenas conversando com eles, estava sim tentando reconhecer o que cada um pode ser capaz de fazer e suas possíveis fraquezas.

- A sua educação é pouco vista em seu povo, Derin Dente-de-Aço, portanto me permita retribui-la. Eu sou Johan Filho da Ruína, servo de Tyr e membro da Ordem dos Cavaleiros do Julgamento Sagrado. - Johan prossegue, apontando cada um dos companheiros enquanto os apresenta - Estes são Baraz e Aeltlas, excelentes rastreadores e exímios caçadores de orcs, este é Ariel, um jovem rapaz que já domina a Arte, e esta é Arianna de Neve Morta. Ela está aqui para vingar a morte de seus pais em um dos recentes ataques comandados por orcs em sua vila e eu estou aqui para ajudá-la a conseguir sua vingança.

Johan faz um pequena pausa para ver a reação de Derin e dos outros orcs, além da de seus próprios companheiros.

- Estou oferecendo à vocês a chance de se renderem antes que sangue seja derramado sem necessidade.

Apesar da distância, o cavaleiro fala com Derin o olhando diretamente nos olhos, o brilho escarlate reavivando-se aos poucos, e permanecerá assim até quando o orc lhe der uma resposta.

Aeltlas esta apreensivo e percebeu a seriedade da situação. O grupo a sua frente é bem preparado e diversificado, ele solta suas mãos levemente para a qualquer movimento puxar seu arco, retesar suas flechas e acertar o xamã do grupo. "Johan tem razão, nunca encontrei formação orc desta maneira!" pensa Aeltlas.

BARAZ

O anão observa a formação e organização dos orcs e acha muito improvável que decidam render-se. Não seria uma atitude natural a menos que estivessem realmente encrencados.

Por sorte Baraz não fora um dos primeiros a encontrar o grupo. Mesmo todo treinamento que tivera com Drizzt, aprendendo sobre ser paciente, poderia ser insuficiente para manter a cabeça no lugar na situação atual. Calado e com uma carranca gigantesca ele apenas observa o desenrolar da situação. Arco em punho, corda semi retesada. Alerta.

Ariel segue atrás do grupo imerso em seus próprios pensamentos. Logo eles chegam a uma câmara e param. O mago retorna ao mundo e os vê de frente a um grupo de orcs. Eles pareciam um grupo organizado e bem montado. Aquela magia de velocidade faria falta, disso não havia dúvida. Ele deixa que Johan dialogue, uma vez que nunca encontrou orcs puros hostis em uma situação como essa antes. O jovem mago apenas observa o grupo e identifica o que parecia ser um conjurador. Ele foca toda sua atenção nele, e espera que ele faça um movimento. A chave de vencer um mago era não deixar que ele conjurasse, disso Ariel sabia muito bem.

BARAZ

Aquilo já era demais para Baraz. Controlar seu ímpeto de trucidar aqueles malditos orcs ainda vá lá; render-se era diferente. Muito diferente! Seu sangue fervera ao ouvir as palavras de Derin. E o pior de tudo era que o inimigo tinha razão: estavam em menor número, feridos e em território inimigo. Uma ótima oportunidade para uma virada de mesa. Por entre os dentes cerrados, o anão resmunga:

- Quer que eu me renda? É só vir me buscar, orc nojento!

Vendo que o combate poderia ser inevitável, lança mão de sua última poção de cura.

Aeltlas escuta o anão e vai no embalo. Ele sabia que orcs eram criaturas egoístas e ameaça:

- Se eu morrer, Derin Dente de Aço, com certeza vou levar alguns de vocês, diz Aeltlas olhando para os outros membros daquele grupo. - Mas acho que podemos inclusive começar por você, orc.

Johan sabia que o combate era inevitável, mas será que só ele percebeu o que o orc fazia? Cair em provocações nesse lugar é assinar sua sentença de morte. O cavaleiro faz um sinal com a mão e se volta para os dois companheiros, esperando que eles se controlem. Johan se vira para Derin.

- Não nos subestime por nosso número ou aparência. Não seja o ignorante que você não aparenta ser. Nós já derrotamos os seus capitães e soldados, e agora eles são o que merecem ser: uma pilha de corpos em chamas. O que está acontecendo no Norte agora não é uma guerra, é apenas o avanço de um povo cruel e mesquinho que não respeita outros povos, que mata pessoas inocentes por prazer, e nós somos a retribuição à isso, a Espada da Justiça que vem sentenciar os culpados. Viemos aqui com um propósito e não espere que nós nos rendamos. Vocês devem baixar suas armas e se renderem ou verão sangue sendo derramado, e não será o nosso.

Johan segura sua espada com mais firmeza e prepara o braço para erguer o escudo, orando silenciosamente para a Tríade.

Não havia comentário digno de ser feito, o mago não tinha a cabeça quente para ser provocado pelas palavras do orc, mas também não tinha nada a acrescentar à tentativa de diplomacia do cavaleiro. Ele só tinha a nítida impressão de que, independentemente do que Johan queria, eles teriam que matar mais hoje. Ariel mantava sua posição, segurou a besta com força, deixou sua mão esquerda livre e um feitiço fresco na cabeça, e sua atenção focada no que parecia o conjurador.

"Bem que podíamos dar o primeiro golpe e aproveitar alguma vantagem..." - o mago pensa consigo mesmo.

Aeltlas saca rapidamente o seu arco e dispara duas flechas no orc com a espada larga (Blork). Sabia que vinha um difícil combate pela frente e faria de tudo para liquidar com os inimigos mais fortes primeiro.

BARAZ

Duas flechas de Aeltlas deflagravam o combate. Não havia mais volta. Menos mal. Meio sem jeito, o anão tensiona a corda do arco curto, faz mira e deixa escapar um sorriso enquanto dispara contra o mesmo alvo do arqueiro. Derrubá-lo era primordial.

Johan puxa o capuz, retesa seus músculos, flexiona os joelhos e inclina a cabeça um pouco para a frente. Seus olhos brilhavam, intensos. A expressão do cavaleiro era séria e seus companheiros o ouvem pedindo de forma breve a benção de Tyr.

Johan esperava por Derin, mas o primeiro orc que se aproximasse dele sentiria a lâmina fria do cavaleiro cortando sua carne.

"Começou...não que isso faça diferença para mim, minha função inicial está bem definida..."

O mago não muda sua estratégia, mantém seus olhos no xamã, pronto para identificar qualquer feitiço que tentasse conjurar, e, se necessário, cancelá-lo.

Reparando no xamã que começava a gesticular de forma sugestiva, o mago foca sua atenção tentando identificar um padrão..."RAIO ARDENTE!"

"Não possuo nada capaz de combatê-lo diretamente, mas posso dissipar a própria energia do feitiço."

Com um aceno amplo da mão, Ariel convocou a área vazia de sua mente, aquela que ele havia deliberadamente preenchido com a morte da magia. Ele estalou os dedos, e fumaça saiu dentre eles.

-Dissipar!