Aezhlyn - A Premiére

- Instigar minha curiosidade não será o suficiente para me fazer abandonar a première e lhe seguir até seu covil de perversões, senhor Gray. - Encaro-o levantando as sobrancelhas.

Ao vê-la tensa, sorridente pousei minha mão sobre seu ombro.

- Qualé, Natalie. É só para garantir que você vai cumprir com sua palavra. Não é nada demais.

- Precisarei apenas de alguns minutos e da sua ajuda. - Abro um largo sorriso. - Que tal se eu fizer o tempo retroceder até que ele adquira um tamanho que o faça descer pela descarga? - Faço uma careta esperando pela reação de Natalie.

Apesar das brincadeiras, estava tensa e p da vida. Afinal de contas, qualquer merda e eu acabaria pagando por algo que não tinha nada a ver comigo. Cada vez mais começava acreditar que toda Lilim podia trazer mau agouro para mim. Já era a segunda que me metia em confusão.

- Contudo, irmãzona, eu possuo as habilidade para tal feito, mas não o poder para isso. Então... - Digo já pegando-a pelas mãos. - Quanto mais poder você compartilhar, mais próximas do sucesso estaremos. - Dou uma piscadela.

Balancei a cabeça para os lados tentando relaxar o pescoço enquanto limpava minha garganta.A canalização de meu ser junto ao de minha irmã, nos dava uma força extra. E por fim, pus o plano em pratica:

- Redeamus ad tempus creationis. - Proferi antes de bradar. - RENOVATIO!!

Apreensiva toquei a cabeça do diretor, a cabeça de cima... pervertido, ele está morto, e torci para que tudo desse certo. Caso contrario, teria que arranjar um cutelo para manda-lo encanamento a baixo por partes. Isso definitivamente sujaria todo meu vestido.

- Que tal cookies? Eu amo cookies. - Apoiei o cotovelo em uma das mãos e levei a outra ao queixo pensativa. - Apesar de tentador, creio que ainda sim não seria o suficiente para eu deixar a première. - Tamborilando com o indicado sobre minha bochecha dou um meio sorriso para Gray. - Acho que o senhor está diante de um desafio e tanto, senhor Gray. - Dou uma piscadela. - Desejo-lhe sorte.

Senti um peso sair das minhas costas ao ver o diretor rejuvenescer até desaparecer.  Pelo menos, estava livre da ira infundada de Walt. Enquanto ainda suspirava aliviada ouvi as palavras de Natalie e assenti com a cabeça.

- Quem se importa com esse filme? - Dou a descarga só para ter certeza de eliminar qualquer resquício, caso ainda houvesse algum. - Talvez sim, Natie. Tem um figurão me importunando. Summer Gray, conhece? Ele seria um bom alvo ou você prefere um humano comum? - Sigo até o espelho pegando o batom em minha bolsa. - Eu só vim aqui atrás dos babados. - Olho para Natalie pelo espelho. - Quero saber de tudo. Quem está tramando contra quem, quem está em alta, quem está com os dias contados, quem está pegando quem, etc. E você Natie, o que procura? - Volto-me para Natalie.

Não sei se era sensato confiar em uma irmã. No entanto, ela me devia um favor. E também seria uma boa expandir meu alcance de informações. E se ela conhecia Walt, talvez ainda estivesse em tempo de ocupar aquele assento ao lado de Belphegor.

- Não diria que consegui a atenção dele. Está mais para ele querer que eu faça um vídeo... - Dou de ombros. - Sabe como é. - Rio sem jeito.

Contudo, as palavras de Natalie me deixava inquieta. Eu podia entender porque Asmo... erh, digo, papai iria apoiar ao mesmo tempo que tentaria derrubar Belphegor. Mas, porque diabos ele me mandaria investigar algo que ele mesmo estaria tramando. Recostei-me na pia do banheiro pensativa.

Saber que Summer poderia acabar por ser importante para descobrir qualquer informação relevante sobre isso faziam-me suspirar aborrecida. Ainda bem que não havia me desfeito dele desde o inicio.

- Isso me parece tudo muito estranho. - Disse indo em direção à porta. - Então, Natie. Quer conhecer o senhor Gray? - Esboço um sorriso matreiro. - Uma dica: ele gosta de garotas inocentes. - Dou uma piscadela.

Sem mais, deixo o banheiro e sigo em direção ao meu lugar. Mas não sem antes dar uma boa olhada onde estava Belphegor.

- Feito! - Disse estendendo-lhe a mão.

Só o fato de não acabar precisando me deitar com um esquisitão para conseguir algumas informações já me bastavam. Nada contra, mas desde o inicio a presença de Summer estava me incomodando. Só não sabia dizer o porque. Talvez meu santo simplesmente não tivesse batido com o dele.

Contudo, ainda devia deixar tal possibilidade em aberto. Deixei o banheiro antes de Natie para poder dar mais uma palavrinha para com Summer.

- Desculpe pela demora, senhor Gray. - Sorrio gentilmente. - Infelizmente, terei que ser rápida. Minha irmã insistiu que queria lhe conhecer. Então... - Faço beicinho enquanto levanto os ombros. - Pelo menos, agora ela me deve uma. - Assim que vejo Natalie vindo, inclino-me em direção a Summer e sussurro. - Caso se canse dela, estarei logo ali. E pelo que soube, o lugar ao meu lado está vago. - Na verdade não sabia ao certo, mas considerava que o lugar do diretor taradão estaria vazio.

Sem mais, me levantei e segui até o lugar de Natalie. A tempo de pegar o inicio do filme. No entanto, após cinco minutos eu desejava ter ficado ao lado de Summer. Pelo menos, seria mais interessante do que ver o novo Space Chipmunks flopar. Teria sido mais interessante se tivessem feito um remaster.

Após quinze, minutos eu via a decadência e tinha certeza do flop. Eles haviam transformado a personagem principal em uma mulher toda empoderada e de quebra destruíram toda aquela jornada do herói que fazia da primeira versão tão boa.

Depois de trinta minutos, eu já estava pescando até que... zZzZzZzZzZ!!

Uma hora depois acordei com um alto som de explosão. Desorientada olhei para os lados e passei as costas da mão em minha boca, limpando a baba que escorria. Em seguida, esfreguei meus olhos e passei as mãos em meu rosto para me recompor. Ajeitei-me na cadeira e por fim, voltei a assistir o filme.

Mais alguns minutos e novamente minha mente divagava e eu me pegava checando minhas mensagens no celular. Foi quando percebi que algumas pessoas deixavam o local e não mais retornavam. Além de um burburinho vindo de outros.

No mesmo momento, voltei minha atenção para Belphegor. Talvez fosse a hora de parar de perder tempo e começar a prestar atenção dos figurões e suas atitudes. Com sorte, eu poderia acabar descobrindo algo.

- Se ela concordar... - Sorri graciosamente ao responder Summer.

Ao acordar e não ver Natie e Gray, acabei ficando chateada por ter sido esquecida de ser convidada para a festa. Não que eu realmente quisesse, mas naquela altura do campeonato...

Por outro lado, Walt parecia estar em maus lençóis. Simplesmente me levantei e segui até eles. Não fazia a menor ideia do que faria assim que chegasse lá. Mas, precisava, ao menos, tentar receber o meu favor prometido.

- Senhor Belphegor. - Disse fazendo uma mesura. - É uma honra conhecê-lo. Pena não ser em condições melhores. - Inclino a cabeça para esquerda deixando meu pescoço exposto enquanto sorrio docemente. - Mas nem tudo está perdido. Se o senhor der um tempo, talvez esse novo Space Chipmunks acabe por se tornar um clássico cult. - Disse tentando animá-lo.

Logo voltei-me para Walt e dirigi-lhe a palavra:

- Olá, senhor Walt. - Disse ao acenar discretamente para o mesmo. - Resolvi aquele probleminha que tivemos mais cedo. - Sorri gentilmente.

Esperava que isso fosse o suficiente para criar uma brecha e tirá-lo dali para que os ânimos se acalmassem.

A recepção de Belphegor não havia sido diferente do que eu imaginava. Era a própria simpatia em pessoa. Se pudesse passaríamos horas ali conversando. Infelizmente, Walt não permitiu que isso ocorresse. Puxou-me pelo braço após ele fazer uma cena ridícula. Imagina se não tivesse a alcunha de "o Terrível"?

- Relaxa, Walt. Com tanto estrogênio que o Space Chipmunks exala, duvido que alguém acreditaria que seu diretor morreu com o piupiu... - Fico sem jeito. Não pelas palavras, mas por lembrar quem estava diante de mim. - Ah, bem! Você sabe... Eu mesma acho que posso amamentar depois dessa uma hora e meia de filme. - Rio tentando disfarçar a gafe.

No mesmo momento a voz de Natie ressoava em minha cabeça.

"Calma, Natie. Onde você está? Natie? Natie?! Natie!"

Tentei me comunicar com minha irmã. Mas, não esperava resposta após aquele grito. Certamente ela havia sido descoberta e não havia tempo a perder. Voltei-me a Walt com um sorriso confiante no rosto. Não era o que eu realmente sentia. Contudo, era o que a situação pedia.

- Você está com sorte, Walt. Mas isso vai aumentar o valor de sua divida para comigo. - Olho nos olhos de Walt. - O que me diz? - O sorriso confiante toma uma ar ingênuo. Assim que Walt concordasse, afinal, já estava até o pescoço, eu prosseguia. - Vamos falar com Belphegor e livrar o seu da reta. Aí vamos atrás do culpado. - Completo com uma piscadela.

Retornando até Belphegor, sento-me ao seu lado e logo solto o verbo.

- Senhor Belphegor, Walt me contou sobre os problemas que tiveram. - Recosto-me na cadeira. - Estou aqui a pedido de Lilith... Bem, ela pediu para eu vir a pedido de Asmodeus. Enfim, ele suspeitava que havia um traidor que queria arruinar o Space Chipmunks. E em parceria com minha irmã Natalie, nós descobrimos quem é esse traidor. - Faço uma breve pausa olhando para Belphegor. - Infelizmente, Natalie foi capturada e não descobrimos para quem o traidor está trabalhando. - Inclino-me na direção de Belphegor e sussurro. - O traidor é Summer Gray. Se o senhor permitir, acredito que Walt e eu possamos dar um fim nele, descobrir que está por trás de tudo isso e, de quebra, salvar Natalie. O que me diz?

Sem mais apenas aguardei Belphegor se manifestar.

Diante as palavra de Belphegor, olhei para Walt exibindo um sorriso otimista. E a contragosto acabei por fazer uma mesura para Belphegor antes de partir atrás de Summer.

- Relaxa, Walt. Trazê-lo vivo não quer dizer trazê-lo inteiro. Sacas? - Faço uma careta para Walt.

Íamos nos afastando da multidão quando algo, ou melhor, alguém chamou minha atenção. Era uma figura discreta em meio aos demais. Mas, era o suficiente para que eu me desviasse do meu caminho por alguns minutos.

- Walt, preciso de um minuto. Coisas de mulher, entende? - Digo me afastando rapidamente. - Não saia dai, Walt. Já volto.

Bem, de volta até Walt. Com um simples gesto. ele nos teletransportou bem diante do Purple Studios. Um truque e tanto que encabeçou minha lista de metas. Talvez o próprio Walt poderia me ensinar. Claro, se ele conseguisse sair vivo dessa.

Assim que Walt me alertou sobre Purple Studios fazer uma conexão direta com o reino de papai, disse em tom aborrecido:

- Não iríamos querer que eles facilitasse, não é mesmo Walt? - Pondero por alguns segundos. - Bem, Summer queria que eu participasse de umas brincadeiras com ele. - Olho para Walt franzindo o nariz em desdenho. - O senhor acha que ele acreditaria que vim aqui só para isso? - Dou de ombros. - Apesar que ainda sim deveríamos encontrar uma forma do senhor entrar. Consegue assumir uma forma diminuta e discreta? Algo que caiba em minha bolsa. - Passo minha mão pelo cabelo até para-la sobre a nuca. - Talvez o senhor tenha uma casca humana feminina bem gostosona que possa usar. Isso certamente chamaria a atenção de Summer. -  Rio sem jeito e logo prossigo. - A propósito, senhor Walt. Gastei muita energia resolvendo o problema do diretor. Não teria como o senhor me conceder uma recarga?

Estávamos em um impasse e só conseguia imaginar adentrar ao local sob a promessa de participar de uma perversão sexual. Apesar que se o próprio Summer viesse para fora me recepcionar poderia ser o suficiente para dar um fim nele. Enquanto fazia tais considerações em minha mente, eu aguardava calmamente Walt se pronunciar.

- E quem iria acreditar? - Questionei fazendo uma careta e mostrando a língua.

Deixei que Walt se acomodasse em minha bolsa antes de seguir até os seguranças. Seguranças que estava atentos demais para uma noite normal. Digo, geralmente é só um tiozinho assistindo teve em uma guarita. Enfim, possivelmente o chefe da segurança, ou talvez o próprio Summer, já estava ciente da minha presença.

- Relaxa, Walt. - Disse entre os dentes ao abrir um sorriso.

Assim que me aproximei, fui recepcionada por um dos seguranças.

- Senhor Summer Gray havia me prometido um encontro particular para mostrar-me seus brinquedos quando sumiu junto a minha irmã. Ouvi dizer que esse é o lugar mais provável para encontrá-lo. Estou certa? - Questiono o guarda. Antes mesmo que ele dissesse qualquer coisa apenas prossigo. - Se ele estiver ai poderia dizer-lhe que Jessie Grant está aqui? E avise-o que ele terá muito o que fazer para que eu o desculpe por me deixar sozinha assistindo aquele filme bizarro. - Cruzo os braços e os encaro enquanto aguardo por uma resposta.

- É assim que eu gosto! - Disse toda soberba dando um meio sorriso e seguindo estúdio a dentro.

Apesar de Walt dizer que o estúdio possuía um vínculo com o reino de Asmodeus, eu não via nada demais naquele lugar. Parei assim que a porta da entrada se fechou. Abri a bolsa e fingi procurar alguma coisa nela, caso estivesse sendo observada. Deixei os cabelos caírem sobre minha face e então sussurrei para Walt:

- Entramos. Vou deixar a bolsa aberta para que você possa sair enquanto eu tento distrai-lo. - Pego o celular e o batom. Usando a câmera como espelho passo o batom. Abaixo a cabeça mais uma vez deixando os cabelos caírem em minha face enquanto guardo meus pertences. - Ainda há tempo de me emprestar alguma energia... caso eu precise. - Levanto a cabeça passando a mão para arrumar os cabelo e enfim sigo adiante.

Assim que abri a terceira porta, deparei-me com o mal gosto musical de Summer no ultimo. Além de um gosto perturbador para decoração. Esperava que fosse um cenário de filme, caso contrario... infelizmente, não era um mero cenário. Eek, eu estava literalmente pisando em Natie. Bastardo maldito. Se ele esperava fazer o mesmo comigo, ele estava muito enganado.

Antes de qualquer reação que eu pudesse ter, a porta atrás de mim fechou-se fazendo minha espinha gelar. Para piorar, aquele bastardo surgia coberto pelos restos de minha irmã e confirmando o que havia feito a ela.

- Um momento, Summer! - No mesmo momento estiquei a mão espalmada pedindo para que ele parasse, enquanto eu olhava a minha volta. E finalmente, coloquei minha bolsa sobre o pneu que estava próximo a porta. Além de escuro era um bom ponto para que Walt pudesse se esgueirar.

Voltei-me a ele abrindo meu vestido e o chamando com um sinal de mão. Após tirar o vestido, estiquei os braços para que ele pudesse me algemar.

- Agora sim, Summer. Vamos brincar! - Completei com um sorriso pueril e inocente, para não dizer ingênuo.

Enquanto ele se aproximava, aproveitei a musica alta para murmurar minha conjuração e estar preparada, pois, sabia que iria precisar se não acabaria como Natie. Além de começar a me mover no ritmo da musica. Me arrependi de não dizer para Walt que o favor que ele me devia era não deixar eu ganhar uma cicatriz horrenda.

O olhar predatório de Summer fazia-me pensar o quanto enganado ele estava se achava que ia fazer o mesmo a mim do que fez com a Natie. Assim que Summer se aproximou para me algemar, eu estava pronta para nocauteá-lo com todas as minhas forças. Ou pelo menos, atordoá-lo até a entrada triunfante de Walt.

No entanto,  notei que Walt já estava a mover-se por conta própria. Que bom que ele confiava em mim a ponto de seguir meu plano. Apesar que naquele momento aquele ser degenerado estava totalmente entretido tocando meu corpo com sua boca asquerosa. Como eu queria no mínimo arrancar um pedaço dele em vingança a Natie.

Com medo de um ataque fulminante ou algo do tipo por parte de Walt, dei alguns passos para trás. Mesmo sabendo que ele deveria levar Summer vivo, era melhor não arriscar.

A real forma de Summer era ainda mais bizarra que a de sua casca. Mais uma vez franzi meu nariz fazendo uma careta de nojo. Depois disso, certamente eu tomaria um bom banho para tirar qualquer vestígio dele do meu corpo.

Diante as palavras de Walt, corri até minha bolsa a procura do espelho que compunha meu kit de maquiagem. Mas, como ele exigia rapidez, tratei de pegar meu celular. Acreditava que a tela serviria como superfície refletora.

- Aqui, Walt! - Disse mostrando-lhe o celular. - Só peço para não quebrá-lo. - Ri atrapalhada. - Brincadeira, eu salvo tudo na nuvem.

Agora era aguar dar que Walt concluísse com o trabalho.