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    [!ON!] Prelúdio: O Portal do Inferno

    Mellorienna
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    Mensagem por Mellorienna Seg Nov 26, 2018 8:20 pm





    Prelúdio: O Portal do Inferno


    POR MIM SE VAI À CIDADE DOLENTE,
    POR MIM SE VAI À ETERNA DOR ,
    POR MIM SE VAI À PERDIDA GENTE.

    JUSTIÇA MOVEU O MEU ALTO CRIADOR,
    QUE ME FEZ COM O DIVINO PODER,
    O SABER SUPREMO E O PRIMEIRO AMOR.

    ANTES DE MIM COISA ALGUMA FOI CRIADA
    EXCETO COISAS ETERNAS, E ETERNA EU DURO.
    DEIXAI TODA ESPERANÇA, VÓS QUE ENTRAIS!

    (Dante Alighieri, A Divina Comédia - Canto III - Inferno)
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    Era um dia claro e frio de agosto, nos relógios batiam treze horas¹. Não era fácil estar ali. E talvez você não teria vindo, se soubesse que haveria tantos outros.

    O fato é que, naquela manhã de agosto, a carta de baralho te esperava no espelho do banheiro. Sorrateira, quase tão gasta quanto aquela que você tinha manipulado centenas de vezes desde o primeiro encontro. Não uma carta de baralho qualquer, é preciso dizer. Uma carta gêmea da sua. Com um endereço e um horário no verso, escrito de preto em uma caligrafia apressada. Era uma convocação e você sabia. Havia chegado o momento de pagar sua dívida.

    Aquela carta de baralho era o símbolo de uma aliança que havia resgatado sua alma da ignorância e sua vida do mal. Não, não uma aliança. Um pacto. E resgate também era uma palavra forte. Não havia redenção do outro lado do Véu. Cada noite era uma guerra e cada dia se arrastava no terror de ver o Sol descer rumo ao horizonte. A mitologia egípcia dizia que o Sol morria todos os dias, atravessava o Mundo dos Mortos em uma barca e então passava pela ressurreição que iniciava um novo dia. Quase fazia sentido agora. Talvez os egípcios simplesmente soubessem demais das coisas.

    E o que dizer daquele local? Uma clínica veterinária. Um maldito petshop. Aquilo, por si só, quase fez com que você desse a volta e fingisse que nada daquilo estava acontecendo. Mas a carta - a maldita carta - queimava em suas mãos com o peso de todas as promessas e de todas as dúvidas jamais respondidas. E você entrou. E a menina no balcão sorriu com ingenuidade comercial ao ver a carta na sua mão. Você se deixou conduzir à sala de cirurgia mais aos fundos do terreno. E lá estavam. Oito desconhecidos, sentados em cadeiras dobráveis que haviam sido posicionadas da melhor forma possível ao redor dos instrumentos da sala.

    A ideia de que haveria um grupo não havia passado pela sua cabeça. Mas fazia bastante sentido, se fosse pensar bem. Os Senhores do Medo não caçavam só na sua vizinhança, afinal. Porém, com que surpresa você percebeu que havia dois tipos de cartas de baralho nas mãos dos presentes: Ás de Espadas e Dama de Copas. Você tinha acabado de se sentar na última cadeira vaga quando escutou vozes no corredor, bem a tempo de interromper qualquer chance de que o silêncio entre "Os Nove" fosse quebrado.

    - ... não serão questionadas. - era a voz de uma mulher que tinha voz de professora, mas soava exasperada, como se discutisse algo pela milésima vez com um interlocutor particularmente teimoso.

    - Você pretende continuar sem um Tutor pra sempre? Você sabe que o Felipe aprovaria. Você sab--- Depois. Mas você não vai escapar dessa conversa de novo. - era a voz de um homem, bastante grave e ainda mais exasperada que a da mulher, o que indicava que talvez aquele não fosse o melhor momento para uma reunião como aquela.

    Contudo, quando a porta da sala de cirurgia se abriu, o seu coração finalmente encontrou um pequeno alívio. Enfim vocês se reencontravam.

    Bruna, Del Vechio e Gerson mexeram-se na cadeira quase ao mesmo tempo quando o homem abriu a porta. O Ás de Espadas. Quase um metro e noventa, os cabelos loiros cortados curtos, a barba por fazer que criava sombra no maxilar bem quadrado. Usando uma jaqueta de couro que só não era mais surrada que a calça jeans, com uma camiseta que um dia foi preta onde a serigrafia do Iron Maiden já desbotava, o homem tinha o típico porte onde se lê "Perigo, Não Entre". O nariz bastante reto só podia indicar duas coisas: ou era só pose, ou ele nunca tinha perdido uma briga em seus (talvez?) trinta anos. Mas o loiro sorria de forma amigável para o grupo reunido, mantendo a porta aberta enquanto dava passagem à mulher.

    A Dama de Copas, conforme Doc, Dom Inácio, Mayane, Victor e Ana logo reconheceram. Ela era uma cabeça mais baixa que o homem, mas dava para sentir para onde o poder se curvava apenas pelo jeito com que ela caminhava. Pisando no mundo com a suavidade de um gato. Havia tatuagens cobrindo a parte interna dos antebraços da moça - ela não parecia ter mais de 20 e poucos anos - e uma pequena lua crescente, como um sorrisinho delicado, era marcada em sua testa, quase entre os olhos esverdeados. Ela era morena e tinha os cabelos presos em uma trança que ultrapassava a linha da cintura. E - pelo vestidinho leve que usava - parecia não ser do tipo que sentia muito frio. Sem sorrir, meneou a cabeça para aqueles que conhecia antes de se dirigir ao grupo:

    - Mais dos meus atenderam à convocação que dos seus. Ótimo. Isso nos dá uma chance maior de que não acabem fazendo muita besteira. - o loiro fechou a porta atrás de si, rindo de um jeito debochado das bravatas da mulher. Ela continuou olhando o grupo de frente, como se a risada irônica dele não existisse - Nós temos motivos para acredit---

    - Paixão, você não acha que seria mais didático começar dizendo quem somos, o que esperamos, como pretendemos fazer isso, e só depois despejar neles a missão? É um ECB recém-formado. Bah eles nem sabem o que é ECB! - a mulher virou-se devagar na direção do outro e ficou encarando o loiro por alguns segundos, estreitando e depois abrindo bem os olhos.

    Por fim, ela suspirou fundo e pareceu relaxar um pouco, encostando-se na mesa de operação e esperando que ele fizesse o mesmo antes de tomar a palavra novamente.

    - É bem verdade que eu queria iniciar os protocolos logo de uma vez, mas é fato que vocês devem ter dúvidas. A primeira coisa que vocês precisam ter em mente é que o papo do lobo solitário é muito bonito nas histórias. Mas isso aqui não é um conto sobre cavalaria. Vocês são soldados em uma guerra insana. Seus irmãos-de-armas são tudo entre vocês e seu encontro inevitável com a Morte. É por isso que vocês estão reunidos aqui. Porque Bela Vista precisa de um ECB que a defenda, e este ECB é composto por vocês. E cada um aqui precisa de alguém que vigie suas costas, alguém para dar cobertura. Não existe esperança, nem valor, em lutar essa batalha sozinho.

    A moça mal tinha feito uma pausa e o sujeito, simpático daquele jeito, ofereceu um adicional:

    - Exército de Caçadores de Bruxas. Sim, de verdade. É um nome bastante brega, nós também achamos isso. Mas é como a tradição manda, desde a época medieval, até os dias de hoje. - ele deu de ombros - Vocês podem tentar rebatizar. Nunca funciona. Acabam sendo conhecidos como "ECB do Padre" ou coisa que o valha. - ele apontou na direção de Dom Inácio, como que para comprovar suas palavras. - Mel e eu não participamos de ECB nenhum. Porque somos cons---

    - Ok, um pouco de novidades por vez. - ela tocou de leve a mão do Caçador ao interrompe-lo, fazendo com que ele olhasse para ela por um instante. E até um cego saberia que havia algo importante a ser dito que ela simplesmente queria impedi-lo de dizer - Eu me chamo Mel da Paixão. E ele, Ace. Quero dizer, Diego Litsz. Mas, é Ace.

    - Pros íntimos. - ele endireitou a postura e caminhou sem pressa para mais perto - Parece primeiro dia de escola? Parece. Mas é importante saber o nome uns dos outros. Saber que habilidades têm. Então, vamos lá.

    Mel exibia uma expressão de puro tédio, mas Ace parecia estar se divertindo com a miséria dos novos Caçadores. Descaradamente.





    OFF: Bem-vindos ao jogo! No primeiro post de vocês, fiquem à vontade para descrever seus personagens, e narrar a percepção que eles têm tanto do Mentor representado pela carta que escolheram quanto do outro Mentor. Se quiserem fazer uso de imagens para os personagens, fica a critério! Aproveitem essa momento para dar ao seu personagem contornos realísticos e pensamentos próprios. Vocês podem interagir com os NPCs ou entre si, sem preocupação! Este é o momento de se conhecerem e de formularem perguntas.

    Vai haver mais direcionamento no próximo post, com explicações e detalhamento da missão.

    Não se prendam aos trios definidos quando do encerramento das vagas. Nessa cena, todos estão juntos e a interação é livre. É o momento para se conhecerem mesmo e para começarem a testar a interpretação que querem dar aos personagens.

    Bom jogo pra nós!~




    ¹ Adaptado da primeira frase do livro "1984", de George Orwell, em que tudo começa em abril.


    valeu @ cács!


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    Mensagem por Tom Sawyer Seg Nov 26, 2018 8:50 pm

    Ao entrar na sala e ver todas essas nove pessoas me olhando, eu fiquei extremamente irritada... Que maldição de carta tinha sido essa? Eu realmente não estava bem para lidar com essas piadas... Sentei a bunda na ultima cadeira vazia da sala com força e olhei para todos a minha volta... Talvez sejam um bando de perdedores que estão aqui pra falar de coisas estranhas da vida sem graça deles... Ao ver o Ace entrando, eu fiquei pasma... A partir daquele momento, eu comecei só a ouvir e observar a situação. Conforme as informações entravam, eu comecei a refletir sobre o mundo, sobre essa nova realidade que se abria diante de mim... Parecia mesmo que aquilo que tinha me atacado era uma criatura real e fora do normal! Quando eles pediram para todos falarem o nome, eu levantei a mão e, logo depois, levantei da cadeira e, com uma timidez atípica, disse: -Bom... Meu nome é Bruna... Você esta me falando que nós fomos convocados para sermos caçadores de bruxas? Por acaso existem vampiros e outras coisas a mais? 
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    Mensagem por Immemorabili Seg Nov 26, 2018 9:26 pm

    Normalmente não havia uma agenda descrita para o ex-militar. Sem a necessidade constante de sono, passava grande parte de suas noites simplesmente treinando em um dos quartos de seu apartamento espaçoso e cheio de medidas de segurança. Ali, no caso, havia passado pela sua dieta de cereais matinais e simplesmente sentava-se, calça escura e larga apenas, atirando uma bola de tênis no chão, quicando na parede oposta e agarrando-a de volta. Na outra mão, já se encontrava a carta de baralho. Não estava particularmente surpreso, para ser sincero. Mais do que isso, esperava que qualquer um deles fosse capaz de entrar em seu apartamento se assim desejassem. Victor não possuía nenhum complexo de superioridade ou de ego; aquele mundo era imenso demais para se considerar especialista em qualquer coisa que fosse, quiçá alguém superior. De parte social e no que se referia à sociedade, no entanto, ele preferia muito mais aquele estado atual. "Conhece ao teu inimigo e terá vencido metade da batalha. Conhece a ti mesmo então, e vencerá a guerra". E aquela era uma grande guerra.

    Um petshop. Algo que poderia simbolizar uma ironia engraçada. Isto é... se ele perdesse tempo pensando demais em símbolos. Não era o caso. Atirou a bola e ela quicou uma vez no chão, outra na parede e caiu dentro de uma pequena cesta com outras iguais.

    Por toda a sua vida, nunca temera promessas e nunca tivera medo do dever. É claro, considerando a situação e o fato de que estava para ingressar em algo bem maior do que o terreno comum de um civil - era o que suspeitava -, não estava subestimando a situação. Estava, na verdade, interessado. Era na hora do combate ou do desafio que suas mãos não tremiam. Era quando vivia o pesadelo, que parava de tê-los em suas míseras poucas horas de sono. Quando adentrou o petshop, trajava uma jaqueta comum e acinzentada, por cima de uma camiseta negra e calças cargo também escuras. As botas seriam o bastante para denunciar um cenário militar em seu presente ou passado, além de é claro, sua postura e seus olhos frios. Mostrou a carta por trás de um pequeno e quase rouco "boa tarde". Afinal de contas, o que quer que fosse aquele lugar e aquelas pessoas, certamente não era algo comum. Ou ele saberia, com certeza.

    Não saberia dizer se era ainda um bom hábito ou péssimo hábito, mas costumava observar bastante e falar de menos até que fosse sua vez de intervir. Os dois partes distintos de cartas pareciam ser um indicador maior do que apenas um ponto filosófico. Um pouco... exagerado demais, mas provavelmente tudo naquele lado da sociedade era. Sentou-se e escutou as duas vozes. Felipe... bom, não iria tentar formular um pensamento. Até que a porta se abriu para um homem pouco mais baixo do que ele mesmo, a barba por fazer e o maxilar quadrado. Se tivesse propriedade para um palpite, diria que havia um passado de tipo mais bruto e formal naquela pessoa. Apesar de sua pompa perigosa, tinha um sorriso amigável. O que era um tanto quanto mais perigoso, na opinião de Victor.

    E, a Dama de Copas. Olhou para o restante ali, lendo suas reações antes de voltar a ela. De certa maneira, ela tinha uma aura diferente e igualmente perigosa, na opinião do ex-militar. A morena de cabelos - exageradamente, em quesito praticidade operativa - longos e o vestido leve demais para a maioria das mulheres, naquele frio.

    Não sabia até que ponto aquele diálogo entre eles era um teatro, ou simplesmente um estilo mais livre e debochado. Não se importava com isso, mas tampouco se importaria com uma linha mais direta. Lidar com detalhes formais e táticos era algo bem comum em sua vida, mesmo depois de se tornar o que era atualmente. "Lobo Solitário". Na verdade, não acreditava muito que aquilo funcionava no geral. Ninguém vivia sem contatos, favores, dívidas ou relacionamentos, não importasse o quão longe dos limites morais a pessoa se encontrasse.

    ECB tinha sim um nome brega, mas várias operações policiais e militares também tinham. Fazer o quê.

    Soltou ar pelo nariz e se levantou.


    INFORMAÇÕES ÚTEIS:
    - Pouco mais ou cerca de 190cm de altura.
    - Olhos ao mesmo tempo ativos e cansados.
    - Possui uma "sensação" pura para aqueles ao seu redor, como se fosse fácil confiar nele.
    - Voz de comando mesmo quando calmo, apesar de não ser intrusivo.
    - Boa aparência.

    Esperou que a garota próxima se apresentasse. "Bruna". Não a encarou, percebendo algum tom de timidez. Ao invés disso, apenas deu-lhe a atenção devida, antes de se ajustar para se levantar. Aguardou a resposta (ou não) de Ace e... Mel. Aquele nome ainda era um tanto incômodo.

    - Meu nome é Victor Capello. Ex-Militar, acostumado com treinamentos e preparação, além de... obter informações. Não sei ao certo qual informação seria importante demonstrar, fora estas, ao menos até sabermos do que se trata e como lidaremos uns com os outros. Mas imagino que todos vocês estejam aqui por dever alguma coisa ou ter certas pendências. Tal qual imagino que suspeitem que essa situação não é nenhuma piada de mal gosto. Diferente de um primeiro dia de aula, não sabemos onde entramos e não sabemos qual é "a matéria". Seja o que for, irei me dispor a ajudar, desde que me procurem, e desde que haja respeito mútuo. - Piscou lentamente antes de se sentar outra vez, soltando ar pelo nariz. Naquele momento decidiu não se dirigir aos dois diretamente, pela falta de informações. Tinha que saber sobre o que perguntaria, ao menos. E sequer sabia qual era o sistema exato das cartas ainda. Mas... bruxas e vampiros? Hmm...
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    [!ON!] Prelúdio: O Portal do Inferno Empty Re: [!ON!] Prelúdio: O Portal do Inferno

    Mensagem por Nazamura Ter Nov 27, 2018 8:21 am





    Memórias. São imagens do passado, escritas na nossa mente, por vezes esquecidas, porém, dificilmente apagadas.

    Mayane acabava de fechar a torneira da pia e conferia novamente o relógio "13h, está na hora!" pensava enquanto enxugava o rosto. Seu pesadelo de menina e os assim intitulados "Dragões" lhe assombravam a madrugada e ela não podia deixar de se lembrar do ultimo incidente, não imaginava que seria convocada e acabou sussurrando baixinha

    - Michael...? - disse apoiada num tom quase inaudível - O que será? - indagou imaginando se era alguém querendo algum 'favor'.

    Terminou de se vestir e de se preparar colocando na bolsa o que não podia faltar dentre seus acessórios e olhou para seu quarto, um tipico apartamento de solteira com roupas espalhadas pela escrivaninha misturadas por entre diversos livros de espiritismo, notas de post-it grudadas em um quadro levavam a diversas indagações sobre quem seriam os Dragões, os eventos da infância, vampiros, mas suas pesquisas não avançavam.

    - Vá com o espirito aberto, eu estarei com você - uma voz sussurrava em um outro canto, era de Joana, sua mentora espiritual que na ultima encarnação fora uma freira, enérgica porém maternal, sempre acompanhava Mayane em suas idas ao centro espirita e durante suas pesquisas, altamente interessada em seu progresso espiritual, além de sua missão como doutrinadora, ajudando espíritos a fazerem "a passagem"

    Abriu então um sorriso, e pensou "Assim eu fico mais segura". Antes de sair do apartamento ligou para sua secretária Becky e avisou que não poderia atender os clientes hoje por motivos particulares.

    Dirigiu então até o local, um petshop, notou então outros carros e uma garotinha com um sorriso meigo na entrada conferindo as cartas e sendo guiada até o local, após sentar-se ficou um pouco inquieta enquanto ouvia vozes vindo pelo corredor até o local onde estava com os demais, "Seriam os cicerones?" pensava curiosa quando um homem alto, despojado e loiro seguido de uma jovem morena mística tatuada entravam. Mayane não pode furtar-se a vontade de já ir traçando um perfil psicológico dos anfitriões - mania de terapeuta.

    Dama de Copas escreveu: ... Vocês são soldados em uma guerra insana. Seus irmãos-de-armas são tudo entre vocês e seu encontro inevitável com a Morte. É por isso que vocês estão reunidos aqui. Porque Bela Vista precisa de um ECB que a defenda, e este ECB é composto por vocês...
    Deixou franzir a sobrancelha levemente para o alto "Exército? Defender uma cidade? irmãos de armas? contra quem?" - o coração de Mayane palpitava de ansiedade, ela jamais pegou em armas antes, mesmo sabendo de tantas coisas

    Ás de Espadas escreveu:...Exército de Caçadores de Bruxas.... Mas é importante saber o nome uns dos outros. Saber que habilidades têm. Então, vamos lá...
    Perdeu a parte da apresentação mas conseguiu ouvir os nomes, Ace e Mel. Não tardou muito e uma mulher se apresentava como sendo "Bruna",  embora não tenha dito o que faz pra viver chegou a mencionar "caçar bruxas e vampiros" deixando Mayane ainda mais apreensiva

    Vitor Capello escreveu:...Mas imagino que todos vocês estejam aqui por dever alguma coisa ou ter certas pendências. Tal qual imagino que suspeitem que essa situação não é nenhuma piada de mal gosto...
    Em seguida um paramilitar se apresentava, pela expressão do olhar ativa e cansada, era um homem que transmitia segurança e dava pra confiar nele "Pelo menos teremos alguém com formação de combate no grupo, já estava ficando preocupada" - memorizou então suas ultimas afirmativas sobre "divida", pois também veio atraída por isso. Levantou-se então em seus 1,70m seus cabelos ruivos deslizavam por sobre o ombro acompanhando as mãos junto ao peito como que quem faz um simbolo de oração, as pontas dos dedos tocando umas as outras e dizendo em tom suave e cadenciado.

    - Boa tarde, Eu me chamo Mayane Veloso, sou médium psicoterapeuta com graduação em parapsicologia, meu campo de estudo está ligado ao espiritismo e aos fenômenos paranormais medianímicos, atuo também em um centro espirita ajudando espíritos a terminarem seus assuntos pendentes e retornarem ao mundo espiritual, libertando as vitimas de suas vampirizações e seguindo em frente na vida após a vida com a ajuda de Joana, minha mentora espiritual que foi freira em sua ultima vida no século XVII. Assim como Vitor, eu também vim atraída por essa carta que com certeza traz alusão sobre essa pendência e também tenho muitas perguntas sobre Bruxas de um modo geral, pois é um campo novo de pesquisa para mim. Não tenho treinamento em armas, apenas livros e conhecimento.

    Dizendo isso ela se vira então para Ace e Mel e diz - Obrigada pelo convite, fiquei curiosa quando disseram ser datada da idade média - nisso ela olhou para Joana e pensou "teria ela vivido nessa época?" - E quero saber mais sobre ECB e acho que seja do interesse de todos aqui também.

    Então ela volta a sentar-se e nota no canto da sala Joana acenando positivamente com a cabeça pra ela. Também estavam junto dela 3 espíritos que a acompanhavam e ficavam em volta da médium.


    Padre
    Cavaleiro Jedi
    Padre
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    [!ON!] Prelúdio: O Portal do Inferno Empty Re: [!ON!] Prelúdio: O Portal do Inferno

    Mensagem por Padre Ter Nov 27, 2018 1:37 pm



    Maria Ivri
    The Doc.


    Tec...

    Tec...

    Tec...


    A cada gota insistente que caía da boca da torneira do banheiro, era uma pontada diferente que a mulher sentia na cabeça. Já havia perdido a noção do tempo, seu último turno no hospital havia acabado á horas e por mais que vivesse para exercer sua arte de “curar” os outros, ironicamente, sentia que naquele dia quem precisava de cuidados era ela... Já estava a quarenta e oito horas sem dormir, a exaustão era sua melhor amiga, quando foi que deixou as coisas chegaram naquele ponto? Colocaria a culpa de sua solidão no mundo sobrenatural que a certo tempo era quem mais roubava a seu tempo e dedicação? Não... Não era daquelas, não justificaria suas frustrações com desculpas chulas e vazias. A cruel e mais terrível verdade era a de que sempre esteve sozinha e quando alguém vive para ser solitário, não há remédio que amenize o fardo.

    Tec...

    Tec...

    Tec...


    Na bagunça de seu quarto se encontrava deitada, trajava apenas uma camisola preta, com uma renda vermelha, a alça do ombro caída dava um toque de desleixo junto da maquiagem preta e borrada que manchava seus olhos fazendo com que parecesse um panda. Esparramada pela cama, deixava a perna direita dobrada em formato de V enquanto a outra permanecia reta, diversas roupas estavam espalhadas pela cama que parecia não ser dobrada a séculos, o diploma lutava pra se segurar na parede no quarto que mais parecia um abrigo para sem tetos, exceto que abrigos talvez fossem mais organizados que aquilo. Maria... Ou Doc, como preferia ser chamada, fitava o teto de seu quarto enquanto lutava para não deixar a dor de cabeça que acompanhava sua insônia tomar o melhor de si. Já era de manhã quando finalmente decidiu que era hora de terminar os incessantes pingos que lhe fizeram companhia a noite inteira.

    Seu caminhar era cansado e ela não ligava de que fosse daquele jeito, estava cansada, exausta, tanto física quando psicologicamente, Superman não aguentaria metade de minha rotina, pensou consigo mesma enquanto ria sozinha das próprias ideias. Chegando no banheiro, com a vista meio turva, aproveitaria o embalo dos pingos para abrir a torneira e lavar bem o rosto cansado, juntava água com as mãos e jogava com força contra o rosto enquanto dava uma leve esfregada. Seus olhos claros se encaravam no reflexo do banheiro, novamente a pergunta veio a sua cabeça: Como eu deixei as coisas chegarem nesse ponto?, porém, antes que novamente se acabasse num espiral de auto depreciação, seus olhos pousavam sobre a carta que estava presa ao seu espelho. Passou alguns minutos encarando a mesma, sua mente ainda estava um pouco bagunçada, mas não demorava pra organizar suas ideias, a carta estava amassada, ao pega-la notava que um endereço e horário estavam escritos no verso, mas isso não era o que mais chamava a atenção da jovem doutora, mas sim o fato de que aquela carta era a igual a que a mesma possuía.

    Então, você finalmente reapareceu...

    Já havia passado algum tempo desde o encontro que tivera com aquela mulher misteriosa, tempo suficiente para que aquela mulher achasse que tinha o tempo ou o luxo de poder ter dramas tão bobos quanto aos que vivia a alguns minutos atrás, mas, o mundo era maior, maior do que lembrava e agora era chegada a hora de ir de reencontro ao seu passado, Doc tremia, porém era de excitação ou medo?

    O dia era frio, a garota não era muito de se entupir de roupas, mas era o que aquele momento pedia. Trajava um vestido verde escuro, o decote em seguia numa linha horizontal que sumia no amassado grosseiro da jaqueta de couro que cobria a parte de cima do seu corpo, a aparência indicava um certo desleixo no cuidado, mas as roupas não pareciam ser muito velhas. Também vestia uma gargantilha preta, com pequenos espinhos  a rodeando por todos os lados e um colar que tinha um pingente que mais se parecia com uma cápsula do que com qualquer outra coisa. Em seu braço tinha uma pulseira que era basicamente a mesma coisa da gargantilha e também usava uma meia calça preta com alguns rasgos na região da coxa.

    [!ON!] Prelúdio: O Portal do Inferno Takemi.Tae.600.2157084

    Definitivamente não queria estar ali, seu humor estava péssimo, a dor havia passado, mas a sua cabeça ainda pesava pelo fato de estar a tanto tempo sem dormir, ao ver que o ponto de encontro era um pet-shop pensou em dar a volta pra casa, e definitivamente teria dado se a sua curiosidade não fosse maior que o seu bom senso. Quando o véu caiu estava lúcida, sabia o que tinha visto, não estava louca, mesmo que o ponto de encontro remetesse a reunião de membros do caça-fantasmas no alcoólicos anônimos do pior filme de aventura que poderia sair em eras.
    Ao mostrar a carta na recepção, a atendente que parecia solicita lhe conduzia até o local indicado, cada passo fazia com que seu corpo inteiro tremesse, será que seria ideal perguntar a moça no que estava se metendo antes de fato entrar na sala indicada? Não, não tinha a coragem e nem a disposição para incomoda-la, era melhor esperar e ver no que tudo aquilo iria dar.

    Algumas pessoas já aguardavam, o que não era uma surpresa e nem tão incômodo como ela pensou que inicialmente seria, de tantas coisas que já haviam passado pela sua cabeça, um grupo calado de desconhecidos não era tão ruim assim. A mulher notava que alguns deles tinham visuais bem peculiares, perguntava-se se era algum deles que teria solicitado aquele encontro ou se estavam tão perdidos quanto ela.

    - Olá. – Disse um pouco receosa enquanto procurava um lugar pra sentar, não tinha muita dificuldade em lidar com gente nova, afinal, era uma médica, lidar com pessoas era seu trabalho, mas sentia-se incomodada no meio de muita gente.

    Antes que pudesse se perder ainda mais em seus devaneios, uma voz era ouvida do lado de fora no corredor, um homem e uma mulher, quem seriam? Talvez seriam aqueles que traziam as respostas que tanto procurava... Ou seria outra coisa, de qualquer jeito, se perguntava se finalmente iria rever aquela pessoa... O dono da voz masculina era o primeiro a se revelar, Maria notava que alguns ao seu redor se exaltavam, por que teriam essa reação? De qualquer jeito, Doc continua parada observando a cena, o homem de fato parecia um bom partido, quer dizer... “Bom”, o que significa ser bom? Para aquela mulher, bom remetia a tudo aquilo que lhe causasse boas sensações e olhar para um homem daqueles, definitivamente lhe causava, enquanto o olhava, rapidamente se via em um dos barzinhos de rock alternativo falidos do centro da cidade, aquele tipo de homem era extremamente comum por lá e por mais que soubesse que não estava ali para aquilo, imaginar não ofendia, tudo o que deixava transparecer era um pequeno riso discreto de canto de boca.

    A próxima a entrar era alguém que conhecia, suas mãos se firmavam na cadeira, teria levantado com o impulso da surpresa se não o fizesse, não fazia questão de disfarçar, aquela mulher que demonstrava uma tremenda imponência sem precisar ter músculos ou atributos relacionados a força, a aparência jovial e aquela marca na testa que Doc reconheceria em qualquer lugar a qualquer momento, visto a experiência marcante que haviam tido anteriormente. Sem dúvidas, era também um pedaço de mau caminho, Doc definitivamente chegou a pensar isso em algum momento depois de seu incidente, mas, naquele momento suas curiosidades eram maiores do que qualquer impulso carnal que pudesse sentir naquele momento.

    Aos olhos de Doc, os dois em alguns momentos pareciam atrapalhados, fora de sincronia, mas pelas coisas que falavam e do jeito que agiam, davam a entender que eram um casal, um pouco afobados, a principio confundiam mais do que ajudavam. Foi preciso que se acalmassem e começassem de novo para que as primeiras informações úteis começassem a ser dadas, aparentemente o próximo capítulo da história de Doc seria mais sério e provelmente mais brutal do que ela esperava. Algo neles fazia com que ela se sentisse confortável, o ar receptivo atingia forte a mulher que mesmo assim não deixava de refletir sobre as informações que lhe eram jogadas.

    Ok, soldados, guerra, irmãos-de-armas, caçadores de bruxas... Muita informação, mas por sorte eu tenho uma boa cabeça, dá pra continuar numa boa. Mas, espera... Algo não parece certo aqui, o que ele ia falar e por que ela o interrompeu? Argh!

    Por mais que a intrigasse e sua vontade fosse questiona-los com furor, sabia que aquele não era o melhor caminho para conseguir o que queria, era incômodo, mas estava no escuro, se eles não podiam compartilhar certas informações, só restava a moça confiar de que eles estavam fazendo o melhor naquele momento, por mais que isso deixasse um gosto forte e amargo na sua boca. Pelo menos o nome deles eles não esconderam... Se é que são os seus nomes de verdade.

    Saber o nome daqueles dois finalmente era um ponto a mais no quesito conforto, apesar de achar os dois nomes estranhos, pouco a pouco era mais envolvida pelo ar familiar deles e Doc não gostava disso.

    Era chegada a hora das apresentações e por mais que não ligasse, esperava que alguns outros presentes ditassem o ritmo antes que chegasse a sua vez. O primeiro de todos era uma garota que se chamava Bruna, ao olhar para moça, notava que ela estava extremamente perdida, pelas perguntas que ela fazia, era evidente que ela estava um passo atrás de todos os outros ali. Seja lá o que esses dois pretendem jogar nas nossas costas, é bom que a situem rápido da real situação ou ela vai se estrepar toda. Pensou consigo mesma.

    O próximo era um homem, provavelmente o mais alto do grupo, ele se levantava e enquanto o ouvia falar, notava que algumas informações batiam exatamente com a sua descrição física. Ex-militar, eu não gosto de militares... Mas faz sentido, esse cara parece o próprio tanque de guerra, se eu ter que trabalhar com ele, vai ser um estorvo. Ele não me parece tão ruim assim como pessoa, mas eu conheço o tipo.

    Quando este se sentava, a próxima a se levantar era outra mulher, desta vez alguém que se portava de maneira mais segura centrada que alguns que estavam ali. Mediunidade... Interessante. Se eu fosse a Maria de antes do incidente provavelmente estaria me esforçando pra segurar risada, mas hoje tudo parece possível, que raios de vida é essa? Enquanto Mayane terminava de falar, com um olhar melancólico Doc encarava o chão, nunca pensou em ter uma vida ditada pela normalidade, mas a ideia de a partir dali tudo viraria de cabeça pra baixo a deixava um tanto triste. Havia chegado sua vez. Respirando fundo enquanto se levantava, acabava guardando as mãos dentro dos bolsos.

    - Meu nome é Maria, Maria ivri, mas vocês podem me chamar só de Doc. - Se esforçava para manter um tom receptivo e uma expressão calorosa, como fazia com seus pacientes, entretanto não eram seus pacientes, só podia esperar pelo menos. - Eu sou formada em medicina e meu campo de atuação é o de clínico-geral, mas eu me viro bem até em outras áreas. Assim como a Mayane conhecimento foi o que eu sempre tive e é a minha maior e melhor arma. Eu não sei se vocês como eu também passaram por um incidente com esse mundo novo, mas eu passei, desde então venho estudando também sobre tudo relacionado ao oculto, espero que possa ser de algum utilidade e que a gente possa ser dar bem. O tom despreocupada que usava, acabava afetando a si mesma, um sorriso sincero escapava pela sua boca. Enquanto se sentava, dava mais uma boa olhada ao redor para todos aqueles presentes e pararia apenas quando seus olhos repousassem sobre Mel, esperava algo, talvez algum tipo de interação ou coisa do gênero, não sabia ao certo dizer o que queria. Era a vez do próximo...





    OFF:
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    [!ON!] Prelúdio: O Portal do Inferno Empty Re: [!ON!] Prelúdio: O Portal do Inferno

    Mensagem por antonio xavier Ter Nov 27, 2018 2:31 pm

    Ana Demiris havia finalmente sido chamada, convocada era a palavra melhor a ser utilizada. Havia uma verdadeira ansiedade naquele convite feito através da Dama de Copas. Ana havia escolhido a carta por uma série de símbolos que circularam sua mente, ela, mesmo com uma série de habilidades de luta, se considerava alguém vinculado ao amor e havia aprendido desde muito cedo a utilizar suas habilidades como uma defesa e jamais como ataque.

    Estava disposta a entrar nesse mundo para se desfazer e se recriar. Quem seria a pessoa que a convocava? Isso era quase permanente em sua mente até o momento que adentrou a sala de cirurgia de uma clínica veterinária. Houve um certo devaneio de pensamento, quando Ana se sentou ao lado de alguns desconhecidos, pois ela parecia sempre buscar significados, símbolos nas mínimas escolhas e nos menores momentos de sua vida.

    Não há porque revelar neste momento o que se passou na mente de Ana, mas é preciso ser dito que foram questionamentos sobre o lugar e os significados possíveis para as palavras "cirurgia" e "animais".

    No momento em que um homem e uma mulher adentraram o recinto, Ana se sentiu psicologicamente atraída para a mulher, que logo depois se identificou como Mel. O rapaz, não houve muitas impressões sobre ele, mas achou importante o modo didático e pouco apressado que ele relevava.

    A ansiedade, ao mesmo tempo que diminuía por já estar ali, aumentava ligeiramente pela apreensão que causava a verdadeira razão por estar naquele lugar. Ela seria parte de um grupo, haveria uma missão: que pudesse fazer o melhor de si. Que Deus permitisse que isso fosse um grande aprendizado e que ela pudesse crescer cada vez mais como o ser humano que desejava se tornar.
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    Mensagem por Mellorienna Ter Nov 27, 2018 8:31 pm





    Clínica Veterinária


    13h20min

    Palavras não tem poder de impressionar a mente sem o requintado horror da realidade.
    (Edgar Allan Poe)

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    Quatro se apresentaram, em rápida sucessão, sob o olhar atento de Mel e acenos afirmativos de cabeça de Ace. O Caçador parecia se sentir responsável por conduzir o grupo através das águas inexploradas daquela primeira reunião, enquanto a jovem mulher observava um a um os presentes - os olhos passeando daqueles que se apresentaram para os que ainda estavam em silêncio. Se fosse por Ace, teriam seguido assim, era bem claro, e as perguntas se acumulariam para o final, perdendo-se em conjunturas. Mas a morena tomou a palavra logo após a fala de Doc, com um gesto da mão que indicava um pedido de calma para os demais.

    Personagens com Percepção 3+ (três ou superior): quando a mulher acenou pedindo a palavra, foi possível ver uma série de cicatrizes na palma de sua mão. Caso permaneçam observando, será possível perceber que as cicatrizes parecem ter um correspondente nas costas da mesma mão. Como se a Caçadora tivesse tido a mão perfurada.

    Personagens com Medicina 2+: a aparência da cicatriz denuncia que a perfuração derivou de um objeto metálico pontiagudo e de extremidade aguçada - como a ponta de uma barra de ferro ou de uma lança.


    - Antes de prosseguirmos, algumas explicações são devidas. - Mel se virou diretamente para Bruna e continuou - Existem bruxas, mas nos dias atuais essas pessoas não são mais chamadas assim. Os Feiticeiros chamam a si mesmos de "Despertos". E não têm quase nenhuma relação com as bruxas das histórias infantis, que vivem numa cabana na floresta e têm verrugas no nariz. - era possível perceber que ela estava tentando ser simpática, mas sem muito sucesso - Alguns Vingadores do Sangue se associam aos Feiticeiros hoje em dia, na busca de aumentar o poder de fogo contra os Noturnos através de pactos com o demônio.

    A morena deu de ombros e Ace se virou para ela, confirmando com um gesto de cabeça que concordava com as afirmações que ela fazia.

    - É preciso que vocês entendam uma coisa. A Família Da Paixão tem caçado há oito gerações. O que para vocês é novidade, para mim é o negócio da família. Só que, ao invés de herdar uma padaria dos meus parentes portugueses, eu herdei essa espécie de Jihad gótica. - a morena apontou com um gesto para o outro Caçador - O Ace aqui, por outro lado, começou como vocês. Em uma bela noite, a Besta decidiu fazer uma visita de cortesia. Não restou ninguém para a contar a história, além dele mesmo.

    A mulher esfregou os olhos com as mãos, como se estivesse muito cansada. Mas nada em sua fisionomia traía a exaustão, além daquele breve gesto. Na verdade, seria possível supor que - por ter crescido sem o Véu - ela talvez jamais tivesse sofrido os efeitos da ruptura de realidade. Mas, seria mesmo possível dormir em paz e viver sem preocupações sabendo desde a infância do terror que anda na noite?

    - A sigla ECB consta em documentos que datam do período da Inquisição na Península Ibérica e que fazem parte do acervo da minha família. Aqueles que são Da Paixão ou foram treinados por nós, e depois passaram o ensinamento a outros, usam o termo, apesar de que paramos de abrir franca Cruzada contra os Feiticeiros há alguns séculos. Nossos alvos principais são, e sempre foram, os Noturnos. Ou vampiros, como ficaram popularmente conhecidos.

    Mel desviou os olhos de Bruna para Victor. E então sorriu, pela primeira vez desde que chegou àquela sala. Um sorriso torto e charmoso, que fez Ace soltar uma risadinha e interromper o fluxo da aula que a morena vinha dando.

    - Era pro Victor ter sido um dos meus. - o Caçador sentou na mesa cirúrgica, provocando um certo ruído com seu peso sobre o metal frio - Mas bah você é rápida!

    - Você vai poder treiná-lo. Não reclame. - Ace tirou a jaqueta e jogou ao lado, enquanto ainda ria. Todos puderam observar que ele tinha tatuagens na parte interna dos antebraços, em posição bastante semelhante as de Mel, mas com desenhos que não pareciam coincidir. Ela continuou - Respeito e confiança. Um dia vocês aprenderão a dar a vida uns pelos outros. E então estarão prontos para nunca mais morrer.

    Seguindo adiante, a Caçadora cruzou seu olhar com Mayane. E ela viu a figura da freira Joana refletida nas íris esverdeadas de Mel da Paixão. E não apenas Joana ou os espíritos que a acompanhavam. Através do espelho dos olhos agateados da mulher, Mayane viu uma miríade de criaturas indistintas. Pelo menos cinco ou seis. E ao menos duas ou três ostentavam grandes asas de penas negras.

    Entretanto, tudo isso sumiu quando a Caçadora olhou diretamente para a psicóloga ruiva, que agora via apenas a si mesma de forma diminuta nos olhos da interlocutora:

    - Você treinará comigo, quando a hora chegar. - e então Mel se virou para a terceira moça do grupo, que ainda permanecia em silêncio - Assim como você, Ana.

    Por fim, a Caçadora se virou para Doc.

    - Um ECB costuma se tornar uma nova família. E nem sempre familiares se dão bem. Mas, aqueles de vocês que sobreviverem à primeira noite sentirão o desejo de união crescer. Nada dá um senso de propósito maior que um poderoso inimigo em comum.

    - Ok... tétrico. Mas vamos continuar. Tenho que buscar meu guri no judô.

    Mel olhou para o loiro e sorriu. Então se virou novamente para o grupo, esperando o restante das apresentações.






    OFF: Postagem liberada para todos os players! Inclusive para os que já se apresentaram, se quiserem interagir entre si ou com os NPCs.

    A missão será passada assim que todos se apresentarem o/


    valeu @ cács!


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    [!ON!] Prelúdio: O Portal do Inferno Empty Re: [!ON!] Prelúdio: O Portal do Inferno

    Mensagem por Tellurian Qua Nov 28, 2018 1:24 am

    Os dias eram quase todos iguais na montanha, e isso era ótimo.

    O velho despertador de corda tocava às cinco e meia, todos os dias, com a sua campainha estridente. Carlos perdeu as contas de quantas vezes o trinado agudo o irritou tanto que ele arremessava o diabo do relógio pela janela. Algumas vezes, tinha que percorrer toda a trilha de volta até a cidade, para que o velho Nelson, em sua oficina, pudesse consertar as engrenagens destruídas pela fúria matinal do caçador. Mas o velho despertador suportava pacientemente. E toda manhã, tocava sua campainha apocalíptica novamente, que era possível de ser ouvida a quilômetros trilha adentro na montanha.

    Quem imagina que a natureza é um local silencioso, se enganou. O canto dos pássaros, os grilos e as cigarras são companhias constantes. O soprar do vento deslizando por entre as folhas, passando por reentrâncias de troncos ocos e rochas esguias. O cacarejo das galinhas no galinheiro. O canto do maldito galo desregulado que canta as quatro da manhã de vez em quando. Mas, acima de tudo, o rugido poderoso da cachoeira. Quantas pessoas tinham o privilégio de morar a menos de duzentos metros de uma queda d´água tão espetacular quanto a Queda do Nevoeiro?

    Todos os dias, ao despertar, Carlos ia ao banheiro. Ele jogava um pouco de água no rosto, quando era possível. O encanamento de sua cabana rústica era todo artesanal, e muitas vezes era preciso remendar os furos nas tubulações que levavam a água da caixa elevada até a cabana. Aquele sistema foi o inferno para ser construído, e sempre dava problemas. Era preciso ligar os geradores toda noite, para que as bombas pudessem ser ligadas, e a caixa enchesse. Levava duas horas até ela estar cheia, e então tudo deveria ser desligado. Algumas vezes, as bombas pifavam, as válvulas emperravam, os tubos furavam, e Carlos passava dias sem água corrente até que conseguisse consertar.

    Mas, quando tudo ia bem, era o paraíso. Carlos escovava os dentes, e então ia cuidar das galinhas e da horta. Depois, era hora do café da manhã. Ovos, pão, leite, manteiga, café e ocasionalmente o jornal de anteontem. Carlos produzia ovos e hortaliças, principalmente pimentas. E tinha um alambique improvisado onde produzia uma cachaça forte. Ele trocava o que produzia com seus esparsos e silenciosos vizinhos que produziam coisas diferentes. A cachaça fazia particular sucesso, e garantia bastante leite, carne e manteiga dos Carvalho, os vizinhos que criavam vacas a apenas alguns quilômetros de distância.

    Com os animais alimentados e a horta tratada, Carlos tomava um banho na velha cachoeira pra lavar os maus pensamentos e energias. Quando voltava, trabalhava no alambique, produzindo a cachaça que venderia para os lojistas da cidade revenderem por dez vezes o valor que ele pedia.

    Ligava o gerador à noite para que pudesse ligar as bombas e encher a caixa d'agua, mas também aproveitava pra gelar algumas cervejas, ligar as luzes pra ter um pouco mais de tempo e desmontar e limpar seu velho rifle e sua reluzente pistola. Os companheiros mais fiéis que um homem poderia desejar.

    Algumas vezes, sentia falta de companhia. De ver o jogo do Cruzeiro com Dentinho e Marcelo Macaco, xingar o juiz e comemorar um gol. Sentia falta do bafo de cigarros da sua mãe mandando-lhe encontrar uma boa moça e sossegar. De passar na padaria e dar bom dia à atendente de olhos bonitos. Talita, se não me engano. Às vezes, sentia que seria bom ter alguém pra lhe fazer o café de manhã e pra esquentar sua cama a noite. Quem sabe, o riso de uma criança misturado ao rugido da cachoeira. Mas eram momentos rápidos e passageiros. Carlos sabia que aqueles sonhos já não tinham mais lugar. Eles queimaram junto com Nova Esperança. O nome da cidade e o destino que ela teve eram uma ironia tão grande que quase faziam o caçador gargalhar.

    E então tomava um trago de cachaça, engatilhava a arma, colocava-a debaixo do travessseiro e ia dormir, as nove horas da noite. Todos os dias.

    A vida era pacata e tranquila. E poucos observadores seriam atentos o suficiente pra perceber as runas de proteção entalhadas na madeira da soleira de sua porta e na moldura de suas janelas.

    O isolamento da natureza proporcionava tranquilidade, privacidade e discrição. Tudo o que um Caçador precisa pra ser feliz.

    Quando acordou naquele dia frio e viu a Dama de Copas no espelho do banheiro, ele sorriu. Talvez realmente precisasse de um pouco de ação. Olhou-se no espelho e viu a pele branca do corpo curtido pelo sol, que muitas vezes se assemelhava mais a couro do que à pele macia dos atores da televisão e moços da cidade. A grande cicatriz de queimadura que ia da testa, atravessava seu olho direito e chegava ao queixo também não era uma visão muito boa pra se ter de manhã, mas Carlos já havia se acostumado a ignorá-la. Os olhos castanhos eram sempre opacos e inexpressivos, mas quando a Dama de Copas aparecia no seu espelho do banheiro, eles faiscavam de expectativa. A vida retornava aos olhos cansados, e um sorriso desenhava no queixo quadrado. Nem tentou ajeitar os bagunçados fios castanhos que se emaranhavam em sua cabeça como um ninho de pássaro, mas ao menos fez a barba. Tinha de estar apresentável.

    Apresentável. He. Hehe. Hehehehe.

    Passou dois dias observando o endereço. Dormiu na praça, vestido de mendigo. As pessoas nunca prestavam atenção nos mendigos. Mas ele poderia observar. Era um petshop. Pessoas entravam, pessoas saíam. Observou entradas e saídas. Posição de janelas. Viu quem eram os funcionários e quem eram os clientes. Se tivesse mais tempo, poderia investigar cada funcionário e cliente habitual. Saber seus horários e suas rotinas. Nomes, endereços, trabalhos, pessoas queridas. E só então, entraria no ninho. Mas, confiava na Dama de Copas. Não fosse ela, provavelmente estaria morto agora. Observou por dois dias apenas por hábito e precaução. Repassou na sua mente rotas de fuga e planos de contingência. E só então, entrou no Petshop.

    Um grupo. Um rockstar. E Mel da Paixão.

    Maia ficou rapidamente desconfortável. Pessoas falando, se apresentando, se explicando. Haviam homens e mulheres ali que eram orgulhosos das próprias habilidades. Alguns eram mais confiantes que outros. Alguns eram mais simpáticos que outros. Carlos se sentiu deslocado. Teria de trabalhar com aquelas pessoas? Ficou tão imóvel que era possível que esquecessem que ele estava ali. Menos Mel. Não ela. Ele não conseguia escapar aos olhos perspicazes da senhorita Da Paixão, e isso era terrivelmente irritante. Mas era interessante, também. E Carlos confiava nela.

    Quando chegou sua vez de se apresentar, ele coçou a nuca, deslocado. Pigarreou, sem jeito, e falou de um jeito atropelado, como se quisesse acabar com isso da forma mais rápida possível. Sua voz rouca, grave e baixa se assemelhava a um sussurro.

    -”Carlos Maia. Caçador.”, e em seguida ficou olhando nervosamente para Mel e dela pra Ace e dos dois para seus novos companheiros, desesperado para que alguém tomasse a palavra.

    As cicatrizes nas mãos de Mel chamaram a atenção. Maia nunca as tinha visto antes. Seria possível que não tivesse prestado atenção suficiente? Mas já havia desistido de não se surpreender com Mel da Paixão.

    E então, histórias de bruxas. De caçadores e vampiros. De começos e aprendizados. E de famílias. Antigas e novas, perdidas e iniciadas. Carlos Maia não pôde deixar de sorrir. Aquecia o coração ver que, apesar do mundo estar pegando fogo, ainda haviam pessoas capazes de sonhar, mesmo enquanto lutavam contra o incendio.
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    [!ON!] Prelúdio: O Portal do Inferno Empty Re: [!ON!] Prelúdio: O Portal do Inferno

    Mensagem por Tom Sawyer Qua Nov 28, 2018 1:09 pm

    Bruna: 
    Depois de me apresentar, sentei na cadeira quando o militar começou a falar... Eu estava muito incomodada com toda a situação... Os outros dois se apresentaram também, eu nem prestei muita atenção nos seus nomes, só viu que era uma médica e uma psiquiatra... Talvez eu pudesse conversar com essa psiquiatra depois, ela poderia me receitar alguns remédios... Nem reparei muito quando ela levantou a mão pedindo a atenção, continuei olhando pro nada, na minha frente... Ela falou que todas essas coisas são reais... O que aconteceu comigo, de fato, foi real!!! Eu coloquei a mão na cabeça em quanto pensava mais sobre tudo isso... Era muita coisa, muita coisa mesmo... Quando ela parou de falar, e o caçador falou o nome dele, eu me levantei, andei até perto dos dois tremendo e falei baixinho para só os dois ouvirem: -Diego, Mel,eu não sei porque estou aqui... Eu estou com medo... Tudo isso que vocês falaram é verdade mesmo? Era possível ver lagrimas escorrendo dos meus olhos e minha voz saiu carregada com um tom de choro...
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    [!ON!] Prelúdio: O Portal do Inferno Empty Re: [!ON!] Prelúdio: O Portal do Inferno

    Mensagem por Nazamura Qua Nov 28, 2018 8:01 pm



    Maria Irvi escreveu:- Eu sou formada em medicina e meu campo de atuação é o de clínico-geral, mas eu me viro bem até em outras áreas. Assim como a Mayane conhecimento foi o que eu sempre tive e é a minha maior e melhor arma...

    Mayane sorri para Maria ao encontrar uma companheira acadêmica dentre o grupo, embora em ramos de estudos diferentes.

    Carlos Maia escreveu:-Carlos Maia. Caçador.
    Uma apresentação rápida e aparentemente ríspida revelava quem não estava com paciência de estar ali "Caçadores, então isso quer dizer que ...."

    Não teve muito tempo de pensar pois logo Mel fala sobre Bruxos e comprova que de fato eles existem ...
    Mel escreveu:...Nossos alvos principais são, e sempre foram, os Noturnos. Ou vampiros, como ficaram popularmente conhecidos.

    Mayane ia arriscar fazer uma pergunta, entretanto, os dois pareciam entrosados no diálogo de forma que Mayane resolveu esperar.
    Mel escreveu:... Respeito e confiança. Um dia vocês aprenderão a dar a vida uns pelos outros. E então estarão prontos para nunca mais morrer. - Seguindo adiante, a Caçadora cruzou seu olhar com Mayane. E ela viu a figura da freira Joana refletida na íris esverdeada de Mel da Paixão…Mayane viu uma miríade de criaturas indistintas. Pelo menos cinco ou seis...

    "Eu e ela podemos te ver Joana, e me parece que Mel também tem sua cota de inimigos plasmados na cola dela, vejo seus ectoplasmas em formas demoníacas, serão das criaturas que ela matou?" - dirige o pensamento a Joana, sua anja protetora que delicadamente responde ao seu pensamento "Alguns se apegam ao sentimento de vingança e não fazem a passagem, é bem provável que depois da caçada, seja a hora do convencimento, um serviço tão secular quanto tenho conhecimento. Lembre-se que resgatamos almas e treinamos espíritos. Vá em frente e pergunte a ela." - Joana aproveita qualquer oportunidade para educar e explicar sua tutelada, mesmo em lugares sombrios e diante do discurso assustadoramente aterrorizante da jovem morena quando uma das participantes se emociona ao dizer
    Maria escreveu:Tudo isso que vocês falaram é verdade mesmo?

    Mayane então se dirige a Mel e não deixa de escapar um pouco de sua natureza pedagoga
     
    [!ON!] Prelúdio: O Portal do Inferno Mayane15 
    - Feiticeiros, Bruxas, Demônios, Vampiros... sede de poder e apego a vida com várias alcunhas. - Mayane solta um exalar de tristeza e continua - Agora você me diz que eles são reais e que de fato iremos caça-los para proteger a cidade só que... - Mayane olha fixamente para mel em seus olhos com um pouco mais de firmeza e continua

    - .... Quando vocês matam essas criaturas, como lidam com o espirito que antes animava aquele corpo que foi destruído? Se me permite a indiscrição, eu pude testemunhar que qualquer coisa “ante” alguma coisa, cria mais dessas coisas. Por isso gostaria de saber.
    Ela desconfia que esse seria provavelmente o trabalho dela depois que uma provável equipe fosse constituída, mas como nunca tinha matado alguém e explicado para ele deixar essa antiga vida de poder para lá e seguir em frente, acabou sendo tentada pela curiosidade que falou mais alto.
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    [!ON!] Prelúdio: O Portal do Inferno Empty Re: [!ON!] Prelúdio: O Portal do Inferno

    Mensagem por Guilix Qua Nov 28, 2018 9:15 pm


    Padre Inácio
    [!ON!] Prelúdio: O Portal do Inferno A50f48bd45a9866c6a491f14f5ee7e5d-roman-cross-catholic-by-vexels
    ORA ET LABORA

    Dom Fabian entregou-me uma carta.
    Deu-me um endereço, uma data.
    Se queres fazer parte da verdadeira luta
    Entres no jogo e não discuta.

    Vesti-me com uma roupa diferente
    Uma jaqueta, um óculos escuro e com o boné para frente.
    Não é bom que o justo se assente com escarnecedores
    Ainda mais depois de analisar todos esses pecadores

    Ouvi com atenção o que cada estranho dizia
    Suas dúvidas, seus nomes, aquilo que cada um fazia
    Se nem senti segurança para falar a frente
    Como posso confiar minha vida a essa gente?

    Tomo coragem e levanto minha mão
    "Sou Dom Inácio, padre por vocação,
    Não sei usar armas nem tenho riqueza,
    Acho que não serei útil, mas não tenho certeza."

    Me levanto e vou em direção a saída
    "Não quero ser rude, mas vou seguir minha vida."
    Melhor seguir sozinho do que com o ímpio andar
    "O Senhor é minha Rocha, Fortaleza e Ele vai me salvar."


    Padre
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    Mensagem por Padre Qua Nov 28, 2018 9:42 pm



    Maria Ivri
    The Doc.


    Percebendo o sorriso de Mayane, Doc sorria de volta, apesar de tudo, ela parecia ser alguém legal.

    Quando Mel lançava seu olhar sobre todos que estavam na sala, Doc afundava em sua cadeira, e quando ela pedia a palavra a doutura perguntava-se o que havia feito de errado, talvez tivesse ido um pouco além dos outros nos seus dizeres, ou talvez tivesse ofendido alguém? Não dava para saber, ansiosa do jeito que estava mil e uma coisas passavam pela sua cabeça até ouvir novamente o que a mulher tinha pra dizer.

    Explicações... É exatamente o que eu quero. Achei que tinha pisado na bola. Respirava fundo, cruzava as pernas e os braços, então finalmente voltava a prestar atenção no que estava sendo dito. Despertos, entendi, um nome bem melhor do que aquele tal de ECB que deram pra gente, mas se nós supostamente vamos caçar esses despertos, como que alguns caçadores também são associados deles e ainda os caçam e quem são os tais noturnos?

    Uma mão ela levava a cabeça, enquanto arrumava o cabelo o jogando pra trás, não desconfiava da história, mas aqueles dois partiam do pressuposto que todos ali eram conhecedores de seja lá qual era o ofício que faziam ali, ficava difícil organizar as ideias, porém, continuou na sua ouvindo tentando organizar as ideias.


    A família Da Paixão caça a 8 gerações, essas pestes sobrenaturais então devem ser igual baratas. P****, eu não acredito que vim parar em um spin off de The Vampire Diaries, pelo menos é bom saber que não estou sozinha nessa. Saber que Ace já havia estado no mesmo sapato que todos ali estavam agora, lhe dava as esperanças de se agarrar as normalidades da vida novamente, a pergunta que não queria calar era, algum dia voltaria a ser a mesma?
    A boca de Maria coçava para pedir a fala, mas se controlava na cadeira. Então finalmente descobri quem são os tais do noturnos, realmente, The Vampire Diaries, deus, mas isso faz eu me questionar, se esta sigla ECB aparece em documentos históricos, já teria eu visto em algum lugar que passou batido? E novamente a questão dos feiticeiros, se não os caçam mais, por que não reformular a ideia do nome?

    A mente da mulher ia a milhão, não sabia se chegaria a ter todas as respostas que perseguia, mas, pelo menos estava bem melhor do que em vista de quando chegou.
    Quando Mel direcionou seu olhar para Victor, instantaneamente Doc o olhou também, não entendia muito o mojo que viam nele, então deduzia que era pelo simples fato dele ser um soldado, deu de ombros inconscientemente.

    O rumo que a conversa tomava, deixava a doutora um pouco incomodada, ela já podia imaginar o que a caçadora queria dizer com "treino" e o nervosismo começava a bater. Ela não era uma lutadora, muito menos sabia se mexer como uma. É entendido que a definição de treino é exatamente pra te preparar para o pior, mas ela se conhecia, o seu jeito de lutar era diferente, era salvando vidas.

    Cedendo então aos impulsos constantes que sentia, finalmente Maria levantava a mão, pedindo a fala, esperaria que os outros terminassem suas considerações, não queria incomodar.

    - Primeiro, tem problema fumar aqui? Sim, é claro que tem, é uma clínica veterinária. - Respondia a si mesma com uma voz extremamente baixa, soava cansada. - Então, eu não entendo a intenção de vocês dois ao trazerem nós aqui, ou melhor, ME trazerem. Eu já estou bem confortável com toda essa ideia de existir sobrenatural, mas assim como o padre ali, eu não sei mexer com armas, não sei lutar, também não tenho nenhuma destreza física, vocês querem que eu atue como uma espécie de salva-vidas do seu ECB? Eu realmente gostaria de entender, porque as coisas estão confusas e as informações apresentadas até então não têm dito muito, pelo menos não do que EU quero saber. O que vocês querem de mim?

    Seu tom era um pouco exaltado, não era uma exaltação de irritação, mas sim de frustração, a desesperança podia ser vista em seus olhos cansados, o que havia dito poderia soar mais como um pedido de socorro do que uma indagação. Doc não demonstrava estar desesperada, continuava séria na sua cadeira, ela não era do tipo que se desesperava fácil e nem era espalhafatosa, mas estava cansada de ficar no escuro, só respostas relacionadas a feiticeiros, noturnos e ECB's não eram o bastante, não mais.



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    Mensagem por Immemorabili Qua Nov 28, 2018 9:51 pm

    Como sempre, preferia observar. Já havia dito sua parte, deixado o terreno neutro. Os olhos castanhos deslizaram primeiro até "Mayane", mas ele já havia se sentado na postura de costas eretas de sempre. Sua boca não se movia e suas mãos não pareciam ter nenhum tremor, e nenhum sinal de trauma militar também. Por alguma maneira, teve a impressão de que havia muitas pessoas superticiosas por ali. Não lhe cabia dizer o que era ruim ou não nisso, mas teve experiências ruins o bastante para ter ideia do que aquilo significava. Ao mesmo tempo, havia visto muitas coisas em sua "Nova linha de trabalho" desde que deixara o exército. O bastante para ficar desconfiado de que havia poderes ocultos bem maiores do aqueles que permeavam as linhas da sociedade.

    Apenas ergueu uma das sobrancelhas quando ouviu seu nome no meio da frase da mulher. Então suas suspeitas provavelmente teriam bons fundos; quem estava ali fora atraído de alguma maneira irresistível ou inegável. Todo aquele lugar era como um show de horrores, para ser sincero. Todos pareciam aceitar demais essa história de ocultismo ou de mistério, por um tema que normalmente não passaria de uma brincadeira de mesa de RPG ou teatro gótico. Vampiros? Bruxos? "Soldados e guerra" era um termo bem comum para ele. Nunca estivera em uma guerra propriamente dita, mas havia participado de sua própria linha de combates táticos. De uma maneira ou de outra, esteja o país em paz ou não, sempre há batalhas. Mas todo aquele lugar era uma loucura... e Victor não estaria ali se não dependesse de sua palavra de honra.

    Maria Ivri foi a próxima. "Doc". Ela parecia experiente, pelos olhos e pela maneira. Apesar de não ser um grande especialista em ler pessoas, quando elas demonstravam o que eram, o ex-militar era bom o bastante para notar coisas como as tatuagens dos dois "representantes" ali ou os olhos analíticos da garota que acabara de se apresentar. Logo depois, passou sua atenção por alguém mais calada, até parar em Mel novamente - nome este que ele estranhava um pouco, ainda.

    Mas encarou o sorriso como um soldado que encara uma arma, parando nos lábios de Mel e erguendo-se aos olhos. Não havia expressão alguma no rosto de Victor Capello. Sem demonstrar a desconfiança natural, ou a mente um tanto quanto lógica demais. Nem mesmo quando voltou a atenção aos outros, parando em Ace e nas tatuagens. O próprio ex-militar tinha a sua, enrolando-se em um dragão chinês do pulso esquerdo até a omoplata, onde a cabeça da criatura estava. Mas a jaqueta ocultava-a inteiramente, e certamente não tinha os mesmos símbolos ou algo do tipo. Desconhecia-os, no entanto.

    Por fim havia Carlos Maia. De alguma maneira, parecia ameaçador ou perigoso, mais do que alguém normalmente seria andando no meio dos civis. A cada momento que se passava, aquele circo sombrio de horrores parecia ganhar tamanho e ângulos. E então, Bruna pareceu fazer a pergunta mais óbvia - e nem um pouco idiota - que ressoaria. Afinal, como ele mesmo havia pensado mais cedo havia recebido informações bastante estranhas em seus anos no trabalho atual. O bastante para abrir a mente para um mundo bem maior do que a superfície. Talvez fosse essa a razão dele ter sido trazido até aquele lugar? Quais habilidades foram a razão de cada um dos presentes ali se tornar um membro daquela reunião estranha?

    E... um padre. Padre Inácio. Este talvez fosse o mais estranho de todos até o momento, o que era uma conquista e tanto. Tinha uma desconfiança grande de padres em geral, talvez por ter visto coisas feias demais vindo do "clero", no meio de seus trabalhos com informações. Mas... ele também estaria ali por alguma razão forte. Se todo aquele discurso de criaturas sombrias era verdade, então havia algum sentido em ter um padre, não? Uma coisa era certa, Victor não tinha intimidade com nenhum deles para pedir que ficassem, e não ergueria o tom ao ver o homem simplesmente se apresentar e caminhar à saída.

    Ele se considerava um homem comum, mesmo que não o fosse. Não tinha intenção de fazer uma imagem "badass", muito menos se importava com o joguete de lobo solitário, ou a peça teatral de máscaras à qual se dispunham aqueles que caminhavam entre o limbo e a barca. Soltou ar pelo nariz, como de costume, e ouviu "Doc".

    - Imagino que já haja alguma obrigação a ser atendida. - Respondeu a ela e deixou aquilo no ar para qualquer um que estivesse prestando atenção. - Se somos pessoas tão diferentes assim, falando de maneira tática, cada um de nós tem alguma habilidade ou dom que interessa a... eles. Sela já quantos ou quem "eles" sejam, além de Ace e Mel. Eu tenho experiências com armas, combate, táticas, informações e outros pormenores. Você parece saber mil coisas que não sei, tal como qualquer outra pessoa aqui, por mais estável ou instável que possa ser no final do dia. Considerando com o quê eu trabalho agora, eu não estaria aqui se não fosse fazer parte ativa de seja lá o que for que tenhamos de fazer. Ace e Mel mencionaram algo sobre me treinar. Então imagino que isso signifique adequar minhas habilidades físicas e táticas a essa "proposta nova" e talvez usar esse conjunto para treinar a você e aos outros que estiverem comigo. Agora... como eles conseguiram trazer tantas pessoas aqui que simplesmente aceitariam esse assunto sem sair pela porta da frente ou ligar para a polícia, talvez seja a parte mais respeitável e perigosa da habilidade de ambos. Isso considerando que estou dando o benefício da dúvida.- Franziu levemente o cenho com os olhos castanhos e quase amarelados. - Mesmo considerando que todas essas coisas existam, alguém poderia duvidar da honestidade de vocês. Aliás, vocês são uma organização, ou só um par de pessoas com contatos?
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    Mensagem por Saskwatch Qui Nov 29, 2018 12:02 am

        Desde o dia em que teve o "pesadelo ao vivo" Gerson tem evitado sair a noite de casa. Colocou trancas novas nas portas, grades nas janelas, e tem feito seu trabalho ao raiar do dia. Afinal, era mais seguro fazer as cobranças a este horário do que a habitual ronda noturna, é melhor manter a cabeça em cima do pescoço.

        Ao ver a carta de baralho novamente, não sabia se ficava aliviado, por finalmente poder descobrir o que estava acontecendo, ou se temia o encontro assombrado.

        Chamou um "piá" na rua, e mandou o recado, hoje não vou trabalhar. Vestiu-se como todos os dias, levando um moletom com gorro, "afinal vento frio na cabeça ninguém merece". Saiu cedo, pegou o ônibus, conhecia bem a cidade. Parou na esquina oposta, lá por meio dia, se escorou numa parede, braços cruzados, cara emburrada, e ficou de olho no movimento.

        Perto da hora viu que algumas pessoas entravam e não saiam mais, lá por uma e dez, jogou o corpo a frente e saiu andando, devagar, olhos atentos, entrou na loja.

        Parou e ficou olhando as prateleiras, mexeu nas coisas, até que criou coragem, e quieto mostrou a carta à atendente no balcão. Ao ser convidado a acompanha-la, somente acenou com a cabeça e seguiu-a pelo caminho.

        Entrou na sala, viu todo tipo de gente, "alguns pareciam bem de vida, outros mais de boa. Viu de cara que tinha gente com ar de autoridade", ficou do lado oposto, sentou, largado para trás, braços cruzados.

        Quando os dois entraram, sentiu um arrepio, "era o cara mesmo", a vontade era de acenar, mas manteve a pose. Jogou o quadril para trás, apoiou os cotovelos sobre os joelhos, com as mãos apoiando o queixo. Ficou ouvindo o que cada uma falava. "Não parecia ser a primeira vez que os dois recebiam uma galera estranha assim", mas nem por isso eram muito organizados. Levantava a sobrancelha e olhava de canto de olho cada um que ia se apresentando, pensando, que merda é essa...

        "Galera estudada, autoridade, um cara simplão do mato, ufa, pelo menos tinha um padre, alguém que merecia alguma confiança".

        "Bom, acho que não faltava quase ninguém, vou ter que falar também"... levantou-se.

    imagem:

    _ Tá, se to entendendo bem, é a galerinha daqui contra os bichão... Eu não to ligado como é que ceis pretende organiza essa treta aí. A unica coisa que eu manjo é se virá na rua, já dei uns tiro em latinha, mas só uso o berro pra assustá o pessoal e faze a cobrança pro patrão. Na real nem to andando armado, por que só to trabalhando de dia agora. Se for pra vê menos dessas coisa rondando e fazendo zona por aí eu to dentro, já vi maldade demais, mas confiá meu pescoço pra essa galera aí já não sei...

        Deu uma boa olhada para todos, no olho, encarou Mel e Ace, arregalou os olhos, indagando com um movimento de cabeça e disse:

    _ E aí?  

        Virou as costas da cadeira para frente, sentou-se e debruçou os braços cruzados sobre as costas da cadeira, ficou atentamente fitando os dois esperando uma resposta.
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    Mensagem por antonio xavier Qui Nov 29, 2018 7:21 am

    Ana prestava bastante atenção em cada uma das apresentações e em cada informação que era passada. Ela não era propriamente uma guerreira, mas sabia se defender, desde muito pequena se interessava por artes marciais, mas o seu foco sempre foi o estudo: o Kung fu e o karatê entraram em sua vida, justamente por sua curiosidade e estudo.

    Mel expõe umas marcas que angustiam um pouco Ana, já que a ansiedade naquele momento era sua maior inimiga: sua cabeça não parava, ainda nem tinha conseguido organizar seus pensamentos para falar e se apresentar: era muito em sua cabeça ao mesmo tempo. Porém, no momento em que Mel se refere diretamente a ela, Ana retribui com um sorriso discreto e se sente impelida à fala. Em sua primeira oportunidade se levanta e fala:

    "- Me chamo Ana Demiris, sou estudante de Teologia e trabalho no Centro Espírita Fraternidade. Estou aqui para ajudar e entender esse novo fenômeno que surgiu em minha vida: solve et coagula."
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    Mensagem por Tellurian Qui Nov 29, 2018 9:12 am

    Carlos suspirou. Aquilo estava um caos. Todos falavam ao mesmo tempo. Todos tinham perguntas.

    Sentiu uma vontade louca de fumar. Estava tentando parar. Com muito orgulho, já havia três meses não tragava um cigarro. Mas aquele momento pedia demais por um cigarro. Esfregou o polegar e o indicador da mão direita, cujas laterais eram amareladas pela nicotina das décadas em que fumou. Certas manchas são difíceis de sair.

    Mayane, a médium parapsicóloga -E Maia já havia decidido que não duvidaria de mais nada nessa vida- demonstrou imensa preocupação com as almas das criaturas que eles abateriam. A moça tinha suas razões, pelo visto acreditava que desprezar as almas torturadas das criaturas apenas geraria mais criaturas. Os índios caçadores do Xingu pensavam parecido com ela, Carlos se lembrava de quando serviu na Amazônia. Havia toda uma grande preocupação em honrar o espírito da presa. E tinha uma série de Hippies que pegavam a trilha até sua cachoeira, e Maia tinha que lidar com todo seu discurso sobre Karma, metafísica new age e as mais diversas teorias canábicas. Talvez os Hippies estivessem certos o tempo todo e Carlos apenas fosse preconceituoso, afinal. Hah, a vida é um aprendizado.

    Odiava as marcas de cigarros tradicionais. Filtros elaborados, fumos saborizados. Maços caríssimos. Sempre pitava seu fumo de rolo da marca Trevo. Era horrível, mas talvez essa fosse a razão da sua preferência. Um cigarro realmente ruim podia desencorajá-lo de acender o próximo, no fim das contas. No passado, tentou plantar tabaco na sua horta, mas aparentemente era uma cultura difícil. Nunca conseguiu fazer as plantas crescerem. Pigarreou nervosamente enquanto a bagunça prosseguia na petshop. Sua garganta estava seca.

    E tinha Dom Inácio. Você sabe que os tempos estão realmente ruins quando um Padre olha tanta gente amedrontada e desorientada, e simplesmente vira as costas e vai embora, questionando a própria utilidade. É cara... são tempos ruins. Mas o caçador não julgava o padre. Realmente, aquilo estava uma confusão. Qualquer pessoa com um pouco de juízo faria muito bem em manter distância daquele grupo excêntrico, e era exatamente o que Dom Inácio parecia decidido a fazer. Bom pra ele, bom pra ele.

    Tateou o bolso interno do casaco de forma automática. Sentiu o formato quadrado do seu isqueiro. deslizou os dedos pra dentro do bolso e encontrou algum conforto ao sentir o toque frio da peça de metal. O retirou do bolso. O isqueiro era um daqueles tipo Zippo. Não era realmente um zippo, porque eles eram caríssimos, mas era uma imitação bonita. Prateado, com uma cobra entalhada em sua superfície. Abriu a tampa com aquele estalido característico de metal e sentiu o cheiro do pavio empapado em fluido. Abriu e fechou a tampa do isqueiro algumas vezes enquanto ouvia as pessoas falarem, com os olhos passando brevemente em cada um. Percebeu que podia estar sendo irritante, e segurou o isqueiro na mão, percebendo que o calor da sua mão já começava a aquecer o metal, que perdia o toque frio reconfortante.

    Maria Vivri, a Doc. É, Doc era um bom apelido. A chamaria assim de agora em diante. Maria era algo... católico demais pra Maia. Ei... a diferença entre Maria e Maia é só o R no meio. Hehehehehehehe.

    Ela questionava a sua utilidade e não entendia as razões de sua convocação. Carlos achou que era evidente as razões que levam médicos a serem convocados a fronts de batalha, mas aparentemente havia alguma questão que ele ignorava. Bom, ele era só um matuto. Um caipira do meio do mato que realmente não entende muita coisa de prática médica. A única coisa que Maia sabia era os primeiros socorros que aprendeu em seu curso de resgatista na época do exército.

    A vontade de fumar era realmente intensa. Ele conseguia sentir como seria a fumaça entrando em seus pulmões e saindo pelo seu nariz. O gosto amargo do tabaco. O prazer que aquilo o daria. Sentiu a boca ainda mais seca. Não via mais razões pelas quais devesse não fumar. Um só não faria mal. Começou a tatear os bolsos.

    Victor Capello. Militar de militarzice. Ele estava coberto de razão, entretanto. Ele estava tentando compreender a situação. Conhecer as habilidades de seus aliados e quais os recursos à sua disposição, quem -e o que- eram seus inimigos e então, montar uma estratégia e um plano de ação. Se perguntou qual seria a patente de Capello, ele aparentemente não era só um soldado. Soldados seguem ordens, não se preocupam muito com estratégia. Se fosse pra chutar, Maia apostaria suas fichas que o cara era oficial. Até a postura de comando, a liderança implícita. Ele era tão obviamente militar que era possível ver a farda. Ele vai ser útil ao grupo, com certeza. Um grande líder. Assim que entender que somos caçadores, e não soldados. Tentar ser mais forte que nossos inimigos é perda de tempo.

    Encontrou o papel de seda no bolso esquerdo de sua calça jeans. Sentiu o toque macio do papel no dedo enquanto deslizou o indicador pela superfície retangular da embalagem que protegia o delicado conteúdo. Retirou um papel do rolo e o levou até o nariz, sentindo o cheiro envelhecido da seda que já estava a alguns meses em seu bolso intocada. Provavelmente daria gosto, mas isso não seria um problema.

    Quase não conseguiu compreender as palavras do jovem que falou, mas não se apresentou. Era um thug de rua, isso era bem evidente. Mas não sabia se era perigoso, se era mal intencionado, ou se era só mais um pobre coitado assustado tentando sobreviver. Ele não parecia ser realmente um cara ruim. Mais uma vez, decidiu confiar no julgamento da Dama de Copas. Se ele estava ali, provavelmente eles já sabiam tudo sobre o cara. E confiaram nele. Então, o cara merecia um voto de confiança.

    E Ana Demiris. Boa moça, voluntária em um centro espírita. Falava Latim e Maia não fazia a menor idéia do que aquela frase que ela disse significava. Ele ficou em silencio olhando pra por alguns momentos, esperando que ela traduzisse a frase. Mas ela não traduziu. Aparentemente, todo mundo havia entendido menos ele. Hehehehe, vida no mato é foda. Depois perguntaria, se fosse o caso.

    Todos estavam preocupados. Tentando entender porque estavam ali. O que fariam. O que aconteceria com eles e o que seria das suas vidas. Todos estavam assustados e tentando entender quem eram aquelas pessoas.

    Mas Carlos Maia lamentou profundamente que todos ignoraram completamente a razão mais básica, mais fundamental de porque estavam ali. O choro de um inocente amedrontado.

    Se aproximou de bruna. Tirou um chiclete do bolso, que usava sempre que a vontade de fumar apertava, e colocou na boca. Ele não era bom com as palavras, e não entendia muito das pessoas. Mas sentiu empatia com aquela menina. Que chorava de medo. Que se sentia desesperançada. Aquilo, no fim, era a razão pela qual ele estava ali.

    Pôs a mão no ombro da moça do jeito mais gentil que pôde pensar. E ofereceu um chiclete a ela, quando ela se virou.

    -"Todos estamos com medo, moça."

    Ele era um matuto apenas. E não sabia lidar com pessoas. E aquilo era tudo que ele poderia fazer pra ajudar a moça em necessidade. Mas era de coração.
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    [!ON!] Prelúdio: O Portal do Inferno Empty Re: [!ON!] Prelúdio: O Portal do Inferno

    Mensagem por Ryan Schatner Sex Nov 30, 2018 2:37 am



    Aeroporto Internacional de Bela Vista
    Agosto de 2018 – 12h40min


    Antônio caminhava tranquilamente em meio aos demais passageiros na área de desembarque, trazia consigo apenas uma bolsa transversal na qual mexia enquanto se dirigia até a praça de alimentação. De longe, pode avistar seu intermediário sentado em uma mesa próximo às enormes vidraças que davam para a pista de pouso e decolagem; um homem negro e corpulento que beirava aos 50 anos.

    Sem se deter em seu trajeto, o agente caminhou até o balcão de uma cafeteria e pediu café com rosquinhas, sendo servido em instantes pela atendente. Apanhou seu pedido e se dirigiu até a mesa onde o homem estava, sentando-se no lado oposto, uma cadeira para o lado. Puxou um jornal dobrado de sua bolsa e começou a lê-lo enquanto tomava seu café. O homem vira a cabeça em direção à vidraça e inicia o diálogo em um tom baixo e casual:

    — Está um belo dia lá fora, ótimo para uma praia.
    — Ou para uma caçada – respondeu Antônio.
    — Você caça?
    — Por dever, não por esporte.

    Apesar da conversa discreta por detrás do jornal, Antônio se concentrava em parecer natural, sem perder, contudo, a movimentação captada em sua visão periférica. Seu acompanhante olhava em volta com o canto do olho, certificando-se de que a conversa dos dois não captara a curiosidade alheia, mas tudo o que pode observar era o ir e vir de pessoas apressadas, absortas em seus próprios mundos. Continuou:

    — Conseguiu o que eu pedi?
    — E quando foi que eu não te trouxe uma lembrança de uma viagem?
    — Resistência?
    — Nah, nada que eu não pudesse lidar... – disse Antônio enquanto mastigava sua rosquinha.
    — Ótimo, o diretor vai ficar muito satisfeito.
    — É sempre um prazer.

    Comedidamente, Tony retira do bolso interno de seu casaco um pequeno disco rígido e o deposita à sua frente sobre a mesa, dobrando o jornal logo após, usando-o para cobrir o objeto. Ao levantar-se, apanhou o copo de isopor com café, afivelou sua bolsa ao redor do ombro e saiu deixando o noticiário para trás, sem qualquer despedida a seu interlocutor.

    Missão cumprida, caminhou despojadamente até o banheiro. Não pensava em nada naquele momento, embora tivesse muito no que pensar. Há tempos tinha botado na cabeça que de nada adiantava ficar remoendo suas memórias de violência, era do tipo que varria tudo para um canto escuro da mente e boa. Quando voltava de viagem, se preocupava mais em ver os pais e os irmãos do que com qualquer outra coisa. Esposa, não tinha. Era “casado com o trabalho”, como dizia dona Sônia, sua mãe. Apenas um ou outro caso que não passavam de duas semanas.

    Entrou em uma cabine, baixou o zíper e encarou o azulejo enquanto se aliviava. “Sabe que eu gosto dessas músicas de banheiro?” – pensou consigo enquanto ouvia o jazz instrumental que tocava no ambiente – “De banheiro e de elevadores”. Ajeitou as calças e acionou a descarga, partindo para o lavatório onde lavou as mãos. Tirou do bolso da calça um pequeno pente marrom e de frente para o espelho, tentou ajeitar os cabelos de lado, notava que cada vez mais, o loiro insistia em caminhar para o grisalho, junto com os olhos azuis, cada vez mais permeados de olheira. As de hoje, especificamente, eram fruto das péssimas noites de sono que tivera nesta última viagem à Colômbia. Metódico como era quando estava em missão, não conseguia dormir mais que 3 horas por noite, vendo e revendo plantas, mapas e planejamentos, tentando minimizar o máximo possível dos riscos.

    Ao se abaixar para lavar o rosto, teve sua atenção brutalmente absorvida por um pequeno fragmento de papel de canto arredondado que surgia por detrás do espelho, revelando parte do que parecia ser uma letra “A” invertida. Apesar do estado de alerta em que aquela visão o deixou, ignorou-a e continuou normalmente em sua rotina. Apanhou um punhado de papel para se secar e aproximou-se novamente do espelho, inclinando a face para cima e puxando os lábios para entre os dentes, enquanto puxava a pele do bigode, como quem checa algo nas narinas. Com a outra mão, agarrou o papel atrás do espelho e se afastou trazendo o mesmo junto consigo, virando-o nas mãos e enfiando-o rapidamente na manga, como um mágico de circo.

    — Boa tarde! – saudou com um sorriso amigável um senhor que adentrava enquanto ele saia, mas por dentro, era pura ansiedade.

    Somente minutos depois, na segurança de seu carro, dentro do estacionamento, é que fora confirmar suas suspeitas.

    — Ás de espadas – exclamou consigo mesmo – Como é que esse desgraçado faz isso, hein?

    Olhava compenetrado para a carta em suas mãos, erguida na altura do retrovisor. Era idêntica à que HN Zero havia lhe dado em outra ocasião. Ao virá-la, notou o endereço e horário no verso e achou estranho que o homem que até então sempre se comunicara com ele por meios eletrônicos quisesse encontra-lo pessoalmente. “Deve ser algo importante”, pensou.

    A reunião era só a noite, então durante aquela tarde, visitara seus familiares como de costume, reunidos em um farto café da tarde. Passara em seu apartamento, impecavelmente arrumado (já que dificilmente permanecia por lá), lera as correspondências, e quando foi chegando próximo do horário da reunião, tomara um banho e se arrumara para a reunião. No horário marcado, estava às portas de “Um Petshop? Que lugar inusitado”.

    Tudo o que transcorrera depois fora uma enxurrada de informações para o agente. Como era coisa demais para processar, foi apenas observando e escutando o que cada um tinha a dizer, sem tentar fazer juízo de valores sobre suas personalidades ou mesmo sobre a situação em si. Nem mesmo sobre a figura do misterioso HN Zero, que agora conhecera como “Ace”. Procurava primeiro entender sobre o que aquilo se tratava e qual seria a melhor forma de abordagem. Por fim, recostado numa vitrine de remédios ao fundo da sala e sendo o último na fila de apresentações, decidiu arriscar:

    — Hey padre! Por favor, fique! – disse se dirigindo a Don Inácio que rumava pela porta. Quando conseguiu sua atenção, continuou – Sei que cada um aqui deve estar pensando “Por que eu?” quando na verdade a questão aqui é o que temos em comum? Me desculpem, mas qualquer pessoa “normal” – evidenciando as aspas com os dedos – teria ou caído na risada ou chamado a polícia diante de uma conversa maluca dessas, mas vocês não. Acredito que está claro que cada um de nós aqui, em algum momento da vida, já se encontrou em uma ocasião diante dessas coisas. Vocês sabem que é verdade e gente, esse papo não devia nem ser motivo de surpresa para nenhum de nós!

    Notando que talvez se empolgara um pouco no discurso, Antônio deteve-se um pouco embaraçado. Não era sua intenção soar insensível, mas para sua surpresa, como em poucas vezes em sua vida, aquele lugar e aquelas pessoas o fizeram se sentir genuinamente à vontade para ser sincero. Diante do silêncio e atenção de todos, continuou com um sorriso bobo:

    — A propósito, sou Tony – erguendo a mão direita em saudação – Antônio! Trabalho pro governo. E então casal, como podemos ajudar?

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    Mensagem por Guilix Sex Nov 30, 2018 8:37 am

    Ryan Schatner escreveu:
    — Hey padre! Por favor, fique! – disse se dirigindo a Don Inácio que rumava pela porta. Quando conseguiu sua atenção, continuou – Sei que cada um aqui deve estar pensando “Por que eu?” quando na verdade a questão aqui é o que temos em comum? Me desculpem, mas qualquer pessoa “normal” – evidenciando as aspas com os dedos – teria ou caído na risada ou chamado a polícia diante de uma conversa maluca dessas, mas vocês não. Acredito que está claro que cada um de nós aqui, em algum momento da vida, já se encontrou em uma ocasião diante dessas coisas. Vocês sabem que é verdade e gente, esse papo não devia nem ser motivo de surpresa para nenhum de nós!


    Padre Inácio
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    ORA ET LABORA

    Olhei para o homem que se dirigiu a mim
    Talvez eles não sejam tão descrentes assim
    Será que o Eterno está provando minha fé?
    Continuo na sala, mas fico de pé

    Se as trevas preenchem o mundo inteiro
    Como servo de Deus, serei como um luzeiro
    Que não se esconde embaixo da cama ou da mesa
    Mas que que fica no alto, exaltando a Sua Grandeza.




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    Mensagem por Mellorienna Sex Nov 30, 2018 9:36 pm





    Clínica Veterinária

    15h

    "Uma das maiores bênçãos do mundo, creio eu, é a incapacidade da mente humana em correlacionar todos os seus conhecimentos."
    (H. P. Lovecraft)
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    As lágrimas nos olhos de Bruna precipitaram uma série de ações que repercutiriam ainda por muito tempo sobre o grupo, ainda que não soubessem disso naquele instante.

    Primeiro, e antes que a jovem herdeira dos Quemedo houvesse abordado os Vingadores do Sangue que pareciam ser responsáveis por unir aquelas noves pessoas ali, Carlos Maia se apresentou. Uma única palavra, além de seu nome: caçador. Mel da Paixão sorriu para o moço como se ele não tivesse uma queimadura imensa como um meridiano cruzando seu rosto. E Ace assentiu, murmurando qualquer coisa numa língua rústica que nenhum dos presentes parecia conhecer - mas que fez com que a Dama de Copas se virasse para encara-lo, com um ar misterioso nos olhos de gata.

    E foi então que aconteceu. Bruna Quemedo foi até eles, com lágrimas nos olhos, chorando o peso daquela realidade terrível. E o que fizeram os demais?

    Mayane questionou o que acontecia quando da Morte Final dos inimigos. Dom Inácio declarou que não via que utilidade pudesse ter ali, e só não saiu pela porta porque Antônio o impediu, ao mesmo tempo em que se apresentou como funcionário do Governo e ressaltou que nada daquilo deveria realmente surpreender nenhum dos presentes. Doc, assim como o padre, igualmente pensava em si e nos motivos pelos quais havia sido chamada a comparecer àquela reunião. Aparentemente, o grupo parecia se dividir entre os que sabiam o que fazer com uma arma e os que achavam que seria inúteis por não saber. Por sua vez, Victor queria saber qual era o modus operandi dos Caçadores e se havia algo mais por trás daqueles dois ali, diante de todos. E Gerson, tendo uma natural desconfiança com relação aos outros - haja vista o trabalho que exercia, decidiu que não seria o melhor momento para dar um nome pelo qual pudessem chama-lo. Disposto a caçar? Sim. Disposto a confiar? Nem tanto. Parecia ser a disposição comum a todos por ali. Por fim, Ana tomou a palavra. Solve et coagula. Mel da Paixão desviou os olhos de Bruna e olhou para a estudante de Teologia. Aqueles olhos esverdeados pareciam revirar as pessoas por dentro.

    E foi então que o inesperado aconteceu. Carlos aproximou-se de Bruna. "Todos estamos com medo, moça". A frase pareceu ecoar na eternidade e refletir-se com um peso amargo nos corações de Mayane e Dom Inácio. Quando foi que eles haviam se tornado insensíveis daquela forma à tragédia humana? Quando foi que decidiram se importar mais com os assuntos do espírito e da espiritualidade que com as pessoas diante de seus olhos e suas dores? A psicóloga e o padre se viram diante do duro confronto de consciência daqueles que sentem que parte de suas almas está morrendo. Seria a experiência com o sobrenatural a causa daquele distanciamento dos sentimentos humanos que vivenciaram? Seriam os vampiros ou as aparições os verdadeiros culpados? Ou, do alto de suas questões pessoais, Mayane e Inácio haviam simplesmente achado que o sofrimento alheio era um tópico de menor importância?

    Fosse como fosse, as pessoas reunidas naquela sala seguiram suas vidas como se o desespero de Bruna fosse nada. Formularam perguntas, demandaram explicações, apresentaram suas reservas e até suas vontades de contribuir. Enquanto isso, a jovem Quemedo chorava diante de estranhos e recebia o improvável ombro amigo do mais reservado dos Nove. Para a maioria dos presentes, aquela talvez fosse a atitude mais condizente a se tomar: não dar muito ibope para não aumentar a comoção, não se envolver diretamente para não ter responsabilidade alguma, não se meter nos problemas da moça que parecia ter tentado agir da forma mais discreta possível. Mas para Mayane e Dom Inácio foi um grande banho de água fria e um poderoso chamado à realidade ver a intervenção de Carlos. Seguida por mais algumas daquelas palavras no idioma rústico desconhecido, mas dessa vez faladas por Mel da Paixão, cujos olhos passeavam pela sala antes de retornar à Bruna novamente.

    A garota tinha chamado Ace de Diego. E ele sorriu para ela. Tomando nas mãos a jaqueta de couro que tinha jogado ao seu lado na mesa de cirurgia, o Caçador cobriu a moça com a peça e apertou de leve seu braço direito sob o couro antes de dizer:

    - É tudo verdade. Mas também é verdade que há uma cruz das Cruzadas costurada a essa jaqueta. E que agora você não tem porque chorar, porque tem a chance de revidar. É hora de fazê-los pagar, Bruna. - os olhos castanhos vívidos do loiro pareciam iluminados por uma espécie de chama quando falava em vingança contra as criaturas - E quanto a você... - Ace agora fitava Maia - ... parece que realmente essa mulher nunca erra. - Mel da Paixão deu de ombros com um sorrisinho e então tomou Bruna pela mão, caminhando com a moça de volta para a cadeira que ela ocupava no início da reunião. Enquanto isso, Ace continuou - Também vai treinar comigo. Mas amanhã. Por hoje, vamos aos detalhes da operação.

    Pela próxima uma hora e meia, os Nove foram instruídos. Nos primeiros quarenta e poucos minutos, Mel e Ace se revezavam na tarefa de esclarecer o grupo. Porém, pouco antes das 14h30min, o loiro beijou a Caçadora e se despediu dos Nove. Tinha o filho para buscar no judô. Saiu da sala sem se importar com o frio, piscando para Bruna antes de fechar a porta atrás de si.

    Então, Mel continuou a palestra sozinha. Ela era muito mais direta, pragmática e profissional que o loiro. Havia algo de frio na forma como ela narrava os fatos, como um cansaço tão antigo que já não era mais notado. Mas não apatia. A Caçadora era apaixonada pelo negócio da família - e talvez isso fosse realmente a coisa mais assustadora (e real) que se poderia dizer sobre a morena.

    No mais, os Nove descobriram que cada um ali havia passado por uma experiência relativamente recente - entre 1 e 2 anos antes - com o que não deveria existir. Não foram dados detalhes das experiências de cada um, mas ficou claro que Mel e Ace, ou um ou outro, haviam estado lá. E isso fazia com que alguns se sentissem em débito e outros sentissem que aqueles dois eram a única ligação que tinham com a realidade daquele mundo das trevas. Afinal, seria muito mais fácil achar que havia enlouquecido se não houvesse mais pessoas levando bastante a sério o que estava acontecendo.

    Nesse sentido, entenderam finalmente o porquê de todos os termos estranhos e medievais. A Família Da Paixão havia constituído uma espécie de linha de pensamento, de escola, na arte de caçar as criaturas das trevas. Havia um "Método Da Paixão", apesar de Mel ter revirado os olhos em franca exasperação quando Ace disse isso. E esse método era o resultado de oito gerações de Caçadores, reunindo conhecimentos, técnicas e experiência. A biblioteca da família seria provavelmente um dos maiores tesouros para qualquer estudioso do Oculto - e por isso mesmo um alvo preferencial para os Inimigos, caso sua localização fosse descoberta. E, apesar de nunca terem sido muitos, os verdadeiros Da Paixão agora estavam praticamente extintos. O método - e todas as suas nomenclaturas bizarras e antiquadas - sobrevivia agora muito mais graças aos discípulos da família que aos membros em si.

    Para a surpresa de Dom Inácio, a Madre Superiora do Convento da Ordem de Nossa Senhora da Luz da Boa Viagem era um deles. Irmã Graça, uma das freiras mais respeitadas da diocese, de vida monástica irrepreensível, se chamava Esther da Paixão antes de dedicar sua vida ao Cristo. Era tia de Mel. E, além das duas, havia apenas mais um. Guilherme. Oito anos. No judô durante o início daquela reunião.

    Receberam pinceladas de conhecimentos, que seriam aprofundados a medida que as noites se desenrolassem. Talvez porque saberem tudo de uma vez os perturbaria profundamente. Talvez apenas porque a didática dizia para ir aos poucos. A primeira e mais fundamental das informações era que nem todo Caçador era um Executor. Havia muita pesquisa, muitos estudos, muito desenvolvimento de tecnologias e de estratégias, e muito suporte para as operações de campo a ser provido por mentes preparadas. O grande trabalho de catalogar e investigar os Senhores do Medo era o que possibilitava ao pessoal com os armas que fizessem o trabalho.

    Ainda nesse tema, foram informados de que havia certas pessoas com habilidade especiais, que soavam quase mágicas - ao que Mel torcia o nariz e corrigia para miraculosas. Alguns podiam fazer com que suas balas atravessassem os amigos sem danos e atingissem os inimigos em cheio. Alguns poderiam prever os movimentos do inimigo, localiza-los, e até impedi-los de agir por breves períodos. E outros poderiam invocar o fogo dos anjos. Sobre isso, nada mais foi dito, e Mel desviou o assunto para um tópico ainda mais estranho.

    O Fim do Mundo.

    Aparentemente, a Batalha Final era esperada a qualquer momento desde a 1ª Guerra Mundial. E houve comoção em torno da virada de século e de milênio. Mas, no dia seguinte, o mundo seguiu seu curso inexorável. E Caçadores e criaturas já haviam desistido de buscar por sinais...

    - Quando os Lupinos procriaram uma cria Impura Perfeita e a Estrela Vermelha apareceu nos céus da Umbra. - as palavras de Mel não faziam muito sentido no primeiro momento. Mas então os Nove souberam que aquela realidade em que viviam era dividida em muitos planos. E o plano material era apenas a superfície deles. A Umbra (que Mayane e Ana poderiam associar ao Umbral e Dom Inácio a uma espécie de Purgatório que descia vertiginosamente para o Inferno) era um outro plano, menos material a medida em que se aprofundava, e povoado por espíritos. Alguns deles, poderosos no ódio e grandes em poder.

    Nos céus espectrais da Umbra, uma Estrela Vermelha brilhava desde o nascimento da Criança do Apocalipse: um filho de dois lobisomens que, ao contrário do que normalmente acontecia em decorrência dessa união incestuosa (todos os Lupinos eram irmãos diante de suas crenças), havia nascido perfeito. A vaga ideia de que o Fim estava próximo havia retornado como um golpe de machado. E agitações estranhas tomavam o submundo sobrenatural, precipitando acontecimentos horrendos. Este havia sido o caso do incêndio que consumiu o distrito rural de Nova Esperança, dois anos antes. Este era o caso de cada pequeno acontecimento que os havia levado até ali naquele dia.

    - Nós temos motivos para acreditar que um Noturno particularmente poderoso está agindo em Bela Vista. Ainda não sabemos se a intenção desta criatura é adiar ou adiantar a Batalha Final. Somos poucos. E há coisas demais a fazer, alvos demais e... - Mel estava realmente cansada - Nunca haverá muitos de nós. E não há grandes esperanças de sucesso. Enviá-los à Caçada Selvagem é mandá-los para a Morte. Porém, todos que viram através do Véu acabam encontrando trilhas de violência, queiram ou não. O que nós oferecemos é uma chance direcionar essa violência contra as criaturas certas.

    Havia três locais que precisavam ser averiguados:


    • O Museu da Ordem Rosa Cruz, que guardava arquivos necessários à preparação da missão de campo;

    • A casa noturna Zhotique, que figurava como um possível ponto de encontro dos Noturnos;

    • O Instituto Médico Legal, cuja legista havia reportado uma série de entradas pouco usuais nas últimas três noites.



    A Caçadora olhou a todos por um minuto inteiro, em completo silêncio, antes de finalizar:

    - Dividam-se como quiserem, de acordo com suas habilidades e interesses. Não é preciso que sejam grupos iguais. Mas não se deixem enganar. Não há uma missão sequer que seja segura. - ela olhou para Doc - Esta clínica funciona 24h e essa sala pode ser usada para garantir que nenhum de vocês precise recorrer a um hospital público. Troquem celulares.

    Caminhando para a porta, a mulher arrematou:

    - Voltem vivos, amanhã, às 15h. E eu falarei sobre os Sinais da Consagração. - ela indicou a lua crescente em sua testa e as tatuagens em seus antebraços. Então sorriu, daquele jeito torto e charmoso, e fechou a porta atrás de si.

    Ah, e ela não se chamava Melissa ou Melane ou nada assim. Mel. O nome dela era esse mesmo. Mel da Paixão.
    Porque certos pais têm um senso de humor perverso. E certas pessoas merecem o nome que têm.




    OFF: @Nazamura e @Guilix , após falharem na rolagem de dados, estão a um passo de perder 1 ponto de Humanidade. Normalmente, teriam perdido, ainda nessa cena. Mas, por ser a primeira rolagem, será propedêutica.

    Quanto à Humanidade: o valor padrão das pessoas comuns é 7. Personagens com níveis mais elevados são realmente seres humanos muito mais preocupados com os outros, atentos às necessidades dos outros e conectados com suas consciências. Pessoas boazinhas.

    Observem suas fichas com atenção ao interpretarem, Jogadores, porque cada ação dos personagens muda o mundo - literalmente. Neste jogo, TUDO que vocês fizerem conta. Porque vocês são as estrelas. Vocês são os personagens principais ♥️

    A postagem está liberada! E, como vocês podem imaginar, sair dali sem integrar nenhum grupo é sim uma possibilidade. Anunciem aqui o que pretendem fazer e tópicos serão abertos para os três objetivos e para qualquer player que decida seguir sozinho.

    A tendência, daqui pra frente, é posts menores. Introduções de personagens e cenários costumam ser maiores, mas o post mais curto e mais dinâmico também tem seu lugar. Fiquem calmos: nem sempre vai ser um livro desses hahaha!

    Go go roleplay~





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    Mensagem por Guilix Sex Nov 30, 2018 10:51 pm


    Padre Inácio
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    ORA ET LABORA

    De fato, todos estávamos com medo. E é quando temos medo que mostramos realmente quem somos. Minha confiança em Deus me cegou por um momento. Aquelas pessoas carecem da Graça de Jesus e abandoná-las assim seria o mesmo que entregá-las diretamente as garras do Inimigo. Não sou um ministro do evangelho? Minha vocação não é salvar almas?
    Sei que falhei, e por mais uma vez. Outro dia senti inveja de um amigo que havia conseguido a posição que eu tanto almeja. Agora ignoro uma moça chorando e quase abandono pessoas a perdição. Não pude dar nenhuma palavra de esperança a esses corações aflitos. Talvez porque a boca fala do que está cheio o coração, e meu coração também está temeroso.
    Que tipo de padre egoísta sou? A raiz de todos os males é o egoísmo, e mais uma vez, o pecado original tomou posse do meu coração.
    Tirei o boné, o óculos escuro e a jaqueta, revelando meu rosto e minha batina. Me assentei novamente, e prestei atenção na palestra fazendo algumas anotações em um bloco de notas de sermões. Várias associações vieram a minha mente. Talvez a Palavra de Deus tenha citado esses Noturnos em alguns momentos. Talvez sejam o anti-cristo, a besta que emerge do mar ou da terra. Talvez abominações ou uma das pragas do Apocalipse. Ou até mesmo anjos caídos, ou filhos deles.
    Eu sinceramente não sei como minha fraca fé pode ajudar em uma ocasião como essa, mas não posso mais fugir. Deus me trouxe até aqui, e prefiro morrer a trair mais uma vez a minha fé, e meus companheiros. É difícil enxergar essas pessoas como companheiros. Mas se Cristo pode transformar pescadores, cobradores de impostos, assassinos, prostitutas... O Mestre via aquilo que cada um deles poderia se tornar. "Revela a mim, oh Pai, o que cada uma dessas pessoas precisa para ser salva."
    Ao ouvir a missão, disse:
    - Se for possível pretendo ir ao Museu da Ordem Rosa Cruz. Meus conhecimentos de filosofia, história e línguas podem ajudar. E como vocês viram, não sei me disfarçar muito bem. - Abri um sorriso mostrando as peças do meu disfarce. Olhei ao redor na esperança de trazer um pouco de paz aquele lugar.
    Antes de sair, peguei meu celular e mandei uma mensagem para Irmã Graça.
    "Irmã, Graça e Paz. Gostaria de marcar um encontro com você. Preciso de sua orientação sobre o ECB, mas já adianto, reze por nós."
    Preciso buscar orientação com ela. Talvez ela me diga como posso ser útil. Talvez ela me ensine a sobreviver. E ainda posso pedir para rezar por nós. Qualquer intercessão é benéfica.




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