[!ON!] Touch the face of the stars

Várias promessas de amor haviam sido proferidas naquele quartinho. Vários carinhos, vários desejos. Ali, não se sentia mais como um objeto. Como algo que precisava ser guardado e protegido com um propósito banal. Gwen se sentia feliz e completa... Amada. Pela primeira vez em sua vida teve a livre escolha para tomar uma decisão e pôde fazer, assim, o que o seu coração mandava.

Após tantas palavras bonitas, duas palavras sussurradas, tão pequenas, fez algo se acender, novamente, dentro da menina. Quando Aires murmurou seu nome e disse que ela pertencia a ele, Gwen nem respondeu, beijando ele com ardor e desejo. Ela era dele. Definitivamente. Contrariando todo o senso comum, todas as leis... Tudo. Era dele e ponto. E queria que ele a completasse de todas as formas.

Observou ele desabotoando a calça, curiosa. Antes que pudesse fazer qualquer coisa, sentiu as mãos do homem entrarem dentro de sua camisola, subindo ela aos poucos, revelando a nudez nunca vista por qualquer par de olhos masculinos. A cada centímetro que ele subia o pano, a princesa sentia o seu corpo se contorcer... A pele dos dedos dele percorrendo seu corpo nu e, em seguida, os olhos dele a observando de forma faminta. Ela se encolheu de leve, um pouco envergonhada por estar exposta daquela forma, mas, ao ver que ele parecia gostar do que via,afastou os longos cabelos que cobriam o seu busto, revelando os seios e os mamilos tão rígidos que exigiam ser tocados. Puxou uma das mãos dele pra ali, se lembrando da sensação de quando ele a tocara sobre o vestido, e gemeu baixinho quando ele roçou o dedo de forma delicada.

O abraçou, quando ele ergueu ambos os corpos, sentindo tanta coisa. Sentindo o tecido áspero da roupa dele roçar pela sua pele, sentindo as mãos dele em sua bunda... Sentindo o corpo dele reagir, dentro das calças, perto demais de uma parte de si que implorava por atenção. Quando ele a deitou na cama, observou o homem se despir. Desviou o olhar, num primeiro momento, mas não conseguiu conter a curiosidade e o desejo. Observou cada parte daquele corpo masculino tão bonito... E, então, o sentiu sobre si.

- Eu confio... – e logo o sentiu em si. Foi um pouco desconfortável, até que começou a passar. A cada movimento, sentia o corpo dele mais dentro, mais próximo. Fazia leves carinhos nas costas dele, por um momento de dor fincando as unhas ali e puxando... E depois levando uma das mãos ao rosto dele, quando ele disse que a amava – Eu te amo demais – a frase terminou em um gemido.  Assim como a maioria dos movimentos dele. Olhou para as mãos se unindo e depois para ele, mexendo de leve a cintura, por instinto.  Não queria que aquele momento acabasse.

Os gemidos de Gwen estimulavam ainda mais o corpo de Aires, amplificando tudo. Ela repetir que o amava e dizer que confiava nele amaciavam seu coração, da mesma forma que pesava sobre si uma grande responsabilidade. Responsabilidade tal que honraria até o fim, até mesmo com a sua vida, se preciso fosse.

Continuava movimentando-se no mesmo ritmo, lento, por alguns minutos, enquanto beijava a boca, o pescoço e o colo da moça. Intensificou um pouco mais os movimentos enquanto descia novamente a mão que segurava a dela, parando em sua coxa, levantando um pouco mais, de modo que tornasse mais fácil se movimentar com intensidade. Os olhos de Aires se reviravam a cada gemido abafado de Gwen. Quando percebia que o som seria alto demais, ele a beijava, para que seus pais não ouvissem. Estava despreocupado, pois aquele era o horário que seus pais cuidavam da horta e não teria risco de atrapalhar o casal.

- Você é incrível, meu amor… - sua voz era baixa e ofegante no ouvido de Gwen. Ele desceu deslizando os lábios até o ombro dela e mordiscou de leve. Teve cuidado para não deixar marca naquela pele tão delicada e clara. Permaneceu daquela forma por mais um tempo, até que interrompeu a penetração, deitando-se do lado dela, abraçando-a de costas, voltando a penetrá-la novamente naquela posição. Cheirava os cabelos de Gwen e arfava em sua nuca. Apoiava-se com o braço direito acima de suas cabeças, enquanto o esquerdo acariciava aqueles seios tão perfeitos.

O corpo de Gwen era o mar no qual queria se afogar para sempre.

A cada movimento de quadril, Aires deixava a princesa mais fora de si. Não demorou muito para que ela esquecesse todas as inibições, a vergonha,  o medo e, principalmente, os dogmas que sempre foram colocados em sua mente. Só conseguia pensar em como estava se sentindo bem e completa ali; em como os beijos dele pelo seu corpo eram gostosos; em como aquele ato de pecado era delicioso.  Estava completamente entregue aos desejos do marceneiro, mal conseguindo proferir qualquer coisa, tamanha entrega ao ato.

Quando ele intensificou os movimentos, ela levaria uma das mãos ao cabelo dele, o puxando para trás e descendo os beijos pelo maxilar dele até os ombros, abafando alguns gemidos contra a pele dele, respirando tão perto que certamente causaria arrepios no parceiro. Imitou o movimento que ele fizera com uma de suas coxas, passando a outra perna por cima de seu corpo, cruzando as duas no quadril dele e o puxando mais forte e mais perto, mais para dentro de si.

Logo estariam de lado, os corpos suados e colados um no outro, hora ele indo, hora ele vindo dentro dela. Gwen empinou um pouco mais a bunda, precisando morder os lábios, quando ele acariciou os seus seios, para não fazer muito barulho. A respiração tão próxima dele na nuca e aquelas palavras fizeram a jovem sentir um espasmo bem gostoso dentro de si – Oh, Incrível... É você – murmurou, com os olhos fechados, passando a mão por sobre a dele e tendo uma ideia. Foi guiando ela mais pra baixo em seu corpo... Passando pela base dos seios... Na barriga... E mais pra baixo, no lugar onde as coisas estavam mais “quentes”. Só de sentir os dedos dele roçando ali por fora, junto aos movimentos que faziam, a jovem se arrepiou.

Ela parecia um pequeno vulcão adormecido e Aires tava, certamente, brincando com fogo.

Aires mal podia acreditar que tudo aquilo estivesse acontecendo, parecia um sonho - o melhor de todos - ou uma miragem. Gwen era o seu oásis, o refúgio perfeito. Certamente ele não a deixaria mais. Ela não iria para lugar algum, os seus braços eram o novo lar da sua amada - que ele jamais podia imaginar ser uma princesa. O corpo do homem, suado, se arrepiava por completo a cada estímulo feito pela jovem, da mesma forma que ele percebia o mesmo acontecendo com ela. Para quem nunca havia feito sexo na vida, os instintos dela estavam muito bem aguçados, pois sabia exatamente o que fazer, no momento certo.

Gwen empinava a bunda, ficando cada vez mais gostosa e fogosa para o seu amante. Aires não esperava que a moça fosse capaz de conduzir sua mão até as partes íntimas, mas ela o fez. Estava completamente molhada, deliciosa. Sem conseguir evitar, Aires a penetrava cada vez mais forte e mais fundo. A cama balançava muito com cada movimento dele, mas mesmo assim ele continuava e enquanto o fazia, estimulava com os dedos o clitóris de Gwen.

Aires lambeu a orelha dela, contornando-a levemente com a língua, descendo até o pescoço, onde chupou com vontade, deixando vermelho o local. Era tanto tesão que ele não conseguia reprimir e começava a ficar com vontade de gozar, mas não antes de fazê-la chegar ao orgasmo. Continuava estimulando o clitóris dela, enquanto penetrava cada vez mais forte, completamente louco de prazer e arrepiando-se com os gemidos da sua garota. - Eu vou fazer você sentir algo que jamais imaginou sentir na vida… Você é tão gostosa, tão maravilhosa, minha senhora… - sussurava no ouvido dela, ansiando por sentir o sexo da mesma explodindo de prazer.

Ali não havia erro algum, não havia pecado, somente amor.

A mão de Aires parecia saber exatamente o que fazer. Quando chegou na intimidade de Gwen, arrancou gemidos altos demais da menina. De forma que precisou calá-la com a mão que estava livre. A princesa não sabia o porquê, mas aquele movimento fez ela ficar ainda mais excitada. O marceneiro percebeu o quanto ela estava receptiva a ele, intensificando ainda mais os movimentos, fazendo a cama balançar e os seios da jovem “pularem”, com o movimento repetitivo e delicioso.

- hãm... – se arrepiou com a voz dele, novamente, sem ser capaz de proferir qualquer coisa. Começou a sentir cada vez mais prazer. Interrompeu o que faziam, querendo ver o homem que amava e tocar o corpo dele. Se virou para Aires, inclinando o corpo sobre o dele e passando uma das pernas pro outro lado do corpo, beijando ele com ardor. Precisou de ajuda para encaixar os corpos novamente, olhando nos olhos dele após senti-lo em si e abaixando o quadril de forma lenta com ele dentro de si. Rebolou de leve e sentiu que o movimento parecia ser tão gostoso pra ele quando pra ela. – A...Assim? – perguntou, não sabendo se estava bom, e repetiu o movimento, afastando o cabelo, com o corpo ereto e nu para ele admirar.

Aos poucos foi sentindo a tal coisa que “jamais imaginara sentir na vida”. Foi intensificando os movimentos, com ajuda dele, revirando os olhos de prazer. Não demoraria muito para chegar ao ápice...  Precisando apoiar as mãos no corpo dele, não sabendo lidar com aquele sentimento. Baixou o corpo para beijá-lo de forma preguiçosa... A face estava suada, os lábios trêmulos e gelados. Ele podia sentir o corpo dela reagindo, por ainda estar dentro dela.  Estava quente, úmida... Como alguém que tivera um momento muito, mas muito bom. – Meu deus... Aires... – disse, ofegante.  

- Minha deusa… - se tornava cada vez mais difícil controlar a vontade de gozar com aquela mulher. Ela se mostrava cada vez mais surpreendente, além de ser deliciosa de uma maneira inexplicável. Aires não só a penetrava, como também a comia por inteiro com os olhos. E a boca. E as mãos…

Quando Gwen se virou para vê-lo, seu membro pulsava e estava completamente rígido, duro. Ele jamais podia imaginar que ela teria atitude de subir nele, mas assim o fez. Os beijos eram ardentes e quando ele percebeu que ela tinha dificuldade de encaixar seu corpo novamente no dele, Aires pegou a mão da moça e fez com que ela segurasse seu membro, para que conseguisse localizar a entrada da vagina dela. Gwen rebolava em cima de Aires e ele já estava completamente fora de si àquela altura. Admirava o corpo completamente nu da sua amada e era realmente uma visão do paraíso.

Aires deslizava suas mãos por todo o corpo da jovem até que parou com elas no quadril dela, uma de cada lado, fazendo com que Gwen quicasse com mais força sobre si, enquanto impulsionava o próprio sexo contra o dela. Os grunhidos do homem já eram irrepreensíveis em meio a tanto prazer. - Isso… - revirava os olhos, arfando. Depois de alguns instantes, ele percebeu que a moça havia gozado pela forma como se comportou, segurando firme no peito dele, abaixando-se para beijá-lo toda dengosa em seguida.

Agora era sua vez. Ele ergueu ela com cuidado, de modo que parou de penetrar, deixando seu pênis da frente dela, roçando na frente da sua vagina. - É isso que você faz comigo… - ele tomou novamente uma das mãos da moça e levou diretamente para o pênis dele, ajudando-a a masturbá-lo com movimentos suaves de vai e vem. Estava tão sensível que não demorou muito e o seu gozo esguinchou, melando os seios da moça com um líquido um pouco espesso e esbranquiçado, fazendo com que Aires soltasse um gemido forte. Seu corpo então relaxou e tudo que ele conseguiu fazer foi puxar Gwen pra que deitasse novamente sobre ele e abraçá-la, soltando um longo suspiro após beijar a testa da moça e deitar sua cabeça sobre o peito.

A jovem ia obedecendo às mãos de Aires. Ele era um bom professor, ensinando para a menina a arte do prazer. Quando conseguiu finalmente encaixar o corpo no dele, Gwen gemeu alto. A sensação era diferente, ficar por cima daquela forma, ter o poder de comandar os movimentos como queria. Havia gostado... E não hesitou quando ele a ajudou a quicar mais forte sobre o corpo dele. Os dois estavam fazendo mais barulho do que deviam. Ela não demorou muito a gozar, com toda aquela intensidade.

Após deixar a menina manhosa respirar um pouco, Aires fez a Gwen erguer o corpo novamente, tirando o membro de dentro dela e deixando ele na frente de seu corpo. A princesa não sabia bem como masturbar o amante, mas após ser guiada por um tempinho, começou a fazer gostoso pra ele... Até que sentiu algo quente espirrando em seu corpo e um gemido longo e rouco de Aires. Sorriu, imaginando que aquela era a forma do corpo dele sentir a mesma coisa que ela sentira um pouco antes. Passou o dedo pelo líquido, um pouco curiosa, mas logo foi puxada para o peito do homem que amava.

Gwen se ajeitou ali, dando um beijinho no ombro dele – Eu devia ter deixado pra tomar banho depois disso – murmurou, dando uma risadinha. Estava um pouco envergonhada e cansada, após o ato, mas estava feliz. Não demorariam a ouvir os pais entrando em casa e conversando sobre o solo fértil da horta e que deviam tentar plantar sementes de plantas diferentes lá.

- Aires... Os seus pais... – murmurou, um pouco envergonhada. O que pensariam dos dois trancados naquele quarto?

Era impossível conseguir raciocinar algo com clareza naquela situação. Aires estava esgotado, no melhor sentido. Era como se ele e sua amada estivesse em um lugar só deles, longe de tudo. - Me desculpe, mas vai ter que se banhar novamente… - falou baixo enquanto ria, abraçando-a um pouco mais forte, tentando ainda recuperar o fôlego.

Quando ouviu o som de seus pais entrando em casa, olhou com os olhos arregalados para Gwen. - Minha nossa! E agora? - tentou pensar em uma solução rápida para resolver a situação. Esticou o braço e alcançou um paninho que tinha em cima da cadeira ao lado da cama, o mesmo que estava sendo utilizado para aplicar a infusão de ervas na moça, e utilizou para limpar os “vestígios” que ainda estavam no corpo dela. Levantou-se ainda segurando-a e não pode resistir, beijou-a mais uma vez, porém de forma não muito demorada, acariciando sua face em seguida.

- Vamos nos vestir rápido. Eu vou sair na frente, para ajudá-los com as hortaliças, aquecer a sopa. Enquanto isso, você se banha rapidamente e volta pra cá. - falava enquanto vestia com dificuldade suas roupas, mas não demorou muito até que estivesse vestido. Sorria o tempo inteiro, tamanha felicidade que lhe inundava. - Você é linda, meu amor. - disse, segurando o rosto de sua Gwen, depositando um beijo em sua testa e saindo em seguida.

Por glória divina, os pais de Aires não desconfiaram de nada, só perguntaram como a moça estava e o rapaz respondeu que ela estava bem melhor - e como estava. Ela ajudou a arrumar tudo que tivera sido colhido e buscou mais lenha para aquecer a sopa. Alguns minutos depois, quando voltou com o prato de sopa nas mãos, encontrou Gwen sentada na cama. Era aquela a visão que queria ter todos os dias a partir de então. Dormir e acordar com ela ao seu lado.

- Agora é hora de repor as energias… - falou, com um sorriso malicioso formado nos lábios.

Gwen apenas sorriu quando ele se desculpou pela “bagunça”, colocando o cabelo longo do amado atrás da orelha e sentindo ele apertar ainda mais o abraço, se deixando descansar no peito dele. Apesar dos dois estarem cansados, o descanso não duraria muito, pois os pais de Aires entrariam em casa em seguida. A ruiva tentou ajudar o marceneiro a limpar ambos os corpos, vendo ele levantar para se vestir. Ele a surpreendeu com um beijinho rápido  – Eu te amo... – murmurou, com um pequeno sorriso.

Ela assentiu ao que ele dizia, sobre se arrumarem rapidamente e ficou vermelha com o comentário dele... Mas nem teve tempo de responder, pois, após o homem dizer e lhe beijar a testa, ele saiu quase correndo para a cozinha da casa.

[...]

Após ele ir ajudar os pais, Gwen se levantou, vendo que o lençol tinha marcas da sua pureza perdida ali. Ela suspirou, tirando ele de lá e dobrando, colocando em um cantinho, torcendo para ter tempo de tirar antes que os pais de Aires percebessem. Forrou a cama com a coberta, e foi tomar um banho rápido. Abriu a porta com cuidado, para não fazer barulho e foi se esgueirando até o banheiro.

Por sorte, a água do banho anterior ainda não havia sido esvaziada. Ela mordeu o lábio para não dar um gritinho ao entrar, pois estava bem gelada. Se limpou, da melhor maneira que pôde, com um sorriso bobo na cara. Apesar de estar um pouco dolorida, aquele momento havia sido tão bonito. Não entendia o porquê de as pessoas condenarem tanto aquilo.

Se vestiu rapidamente, após o banho e seguiu para o quarto, se sentando na cama na cama e esperando ele. Folheava um livrinho de cabeceira que estava lá e sorriu ao ver ele entrar, com a face levemente rubra pelo comentário dele.

- Obrigada meu a... – viu a mãe perto da porta, provavelmente se certificando de a menina comeria – Aires – disse, pegando e comendo. A comida era simples e não parecia muito apetitosa... Mas a jovem não fez cara feia, se surpreendendo com o sabor, ao colocar em seus lábios.

- Que delícia! Vocês plantam tudo o que comem aqui? – perguntou, pegando mais um pouquinho e comendo. A mãe de Aires o chamaria, sugerindo que ele levasse a jovem para conhecer um pouco a vila e pegar um pouco de sol.

Aires não tinha percebido que Amélia estava atrás dele, só notou quando Gwen hesitou em chamá-lo de amor. Realmente seria muito estranho para Amélia ver a hóspede chamar seu filho de “amor”, porque ela de fato não sabia o que havia acontecido entre os dois amantes minutos antes. Aires começava a sentir o enorme peso da responsabilidade pelo ocorrido, sentia que precisava o quanto antes procurar os pais da jovem para pedir sua mão. Ele não a deflorou à toa, Aires amava Gwen de verdade e podia sentir cada célula do seu corpo reafirmar isso.

Ficaram satisfeitos quando Gwen elogiou a sopa e parecia comer com gosto. - Sim, meus pais são excelentes agricultores. A melhor horta do povoado é a nossa, por isso vez ou outra alguns vizinhos vêm aqui para trocar algo que produzem por nossas hortaliças e legumes. - explicou Aires, sentado na cadeira ao lado da cama. Amélia ficou por alguns minutos conversando com Gwen, contando a ela sobre o plantio, mas logo voltou aos seus afazeres, deixando os dois pombinhos a sós novamente.

Quando Gwen terminou de comer, ele levou o prato para a cozinha e voltou para lhe fazer companhia.

- Não consigo acreditar ainda em tudo que aconteceu. É bom demais pra ser verdade, é bom demais ter você aqui, minha amada… - afirmou com toda sinceridade ao acariciar os cabelos de Gwen que formavam a mais bela moldura no rosto da jovem. - Você é o ser mais belo que já vi em toda a minha vida. - falou antes de segurar o rosto da moça com as duas mãos e dar-lhe um selinho dos lábios.

Aires sentou ao lado dela na cama, de modo que pudesse olhar em seus olhos e seu rosto assumia um tom de preocupação. - Ao mesmo tempo que me sinto bem com você aqui, não posso descartar o fato de que infelizmente em breve você precisará voltar. Mas eu quero que fique, meu amor. Vou com você até seus pais para pedir sua mão em casamento e nós voltamos pra cá. O que você acha? - Aires segurava uma das mãos de Gwen e acariciava com ternura.

Tudo que ele mais queria era viver o resto da sua vida ao lado daquela mulher.

Naquela noite, Gwen desconversaria sobre a história de Aires conhecer o pai. Não sabia mais como contar pra ele. Esse era o problema de mentir, ela percebeu, depois fica mais e mais difícil de falar a verdade, sem machucar a outra pessoa.

Ela ficaria na casa por algumas semanas. Os pais começaram a vigiar os dois mais de perto, com medo que fizessem algo que pudesse desonrar a ruiva... Por isso, o casal tinha de fugir vez ou outra, brincando em lugares que nem Aires teria imaginado com outras mulheres. Descobriram, nessas andanças, um pequeno morro de grama baixa, no qual o sol se punha lindamente... Mas nem sempre era o sol que eles observavam ali.

[...]

Alguns guardas haviam passado pela vila, após o sumiço da princesa... Mas, sem nenhum desenho, ficara fácil de se esconder em meio aos aldeões... O pai já estava cogitando a morte da filha, quando precisou parar as buscas para deter uma ameaça. Essa ameaça se tornaria um conflito... E o conflito uma guerra. Todos os homens leais ao reino foram convocados... Inclusive os das aldeias mais distantes.

[...]

Naquele fim de tarde, o casal havia combinado de se encontrar no esconderijo deles. Aires havia viajado para negociar com alguns mercadores e Gwen aprendia com Amélia a arte de cozinhar. Estava ficando boa, apesar de já ter servido algumas gogorobas pra família, durante o seu aprendizado. Preparou um pequeno pão, com amoras, a fruta preferida de Aires, e, quando deu a hora, se dirigiu para a colina.

Aires chegaria em casa um pouco depois. O pai estava sentado, preocupado com dois pergaminhos nas mãos. Entregou ao filho, que podia ver o selo do rei. Era uma convocação.

Aires se preocupava pela forma como Gwen mudava de assunto ou desconversava quando o assunto era sua família, mas respeitava e não insistia em saber. A primeira coisa que conseguia supor era que Gwen devia sofrer muitos abusos ou devia ter algum trauma e dali em diante ele a protegeria de tudo. Ela poderia ficar lá o tempo que fosse e ele definitivamente não se importava nem um pouco com as convenções sociais ou os dogmas daquela sociedade. Não há lei ou costume nenhum no mundo que consiga, por si só, matar o amor de um homem por uma mulher.

Os dias que se passaram foram tão doces que Aires mal conseguia se dar conta do tempo. Era tão bom estar ao lado da sua amada que o tempo parecia voar e ele sempre queria mais. Procuravam se comportar com compostura por conta dos pais de Aires, mas se tornava cada vez mais difícil, ante tudo que estavam vivendo de forma tão intensa. Pelo menos eles já sabiam que Aires e Gwen estavam namorando e confiavam na lealdade e compromisso do filho.

Quando queriam ficar a sós, iam para a Colina de Cortona, lugar favorito de Aires. Faziam amor até perder o fôlego e depois voltavam montados em Cristal, completamente exaustos - porém satisfeitos - de tanto prazer.


Aquele era mais um dia comum, o casal já se preparava para ir para a colina depois que Aires chegou de viagem super satisfeito, por ter conseguido fazer uma boa venda (ele tinha ido negociar suas peças de madeira em um povoado vizinho). Gwen aprendia a cozinhar com Amélia e já se saía muito bem, Aires adorava quando ela preparava seus pratos favoritos e naquela tarde era o pão com amoras que ele tanto amava. Feito por sua amada, então, melhor ainda…

Foram se amar na colina e, como de praxe, um sempre chegava primeiro que o outro para não ficar tanto na cara. Óbvio que os pais de Aires já tinham percebido, mas já foram jovens um dia e respeitavam, principalmente por confiarem tanto no filho e saber que ele jamais faria mal algum à Gwen.

Gwen chegou primeiro e aproximadamente trinta minutos depois Aires entrou em casa. Se deparou com o pai sentado, preocupado, segurando dois pergaminhos com o selo real. Imediatamente Aires franziu o cenho e abriu para ver do que se tratava. Era uma convocação para todos os jovens guerreiros comparecerem ao castelo para se juntarem ao Exército Real em um combate muito importante para conquistar o poderio das terras do Leste, mais especificamente as terras de Carcassone.

O coração do nosso jovem gelou e o seu pensamento foi um só… Gwen.

A tarde havia sido maravilhosa entre os amantes. Gwen mal podia acreditar que aquilo tudo era real... Mal se lembrava da vida no palácio. Era certo que a princesa sentia falta dos luxos, banquetes, roupas bonitas... Mas a sensação de liberdade que tinha ali era superior à falta. Ao invés de ficar o dia todo fazendo sala para as visitas, aprendendo etiqueta, ou ouvindo o pai ditar o seu futuro, a ruiva podia cavalgar, cozinhar, passear por onde quisesse, sem nenhum guarda na sua cola. Era maravilhoso.

[...]

Foi a primeira a descer da colina, com o lábios ainda vermelhos dos beijos dados por Aires. Havia ganhado uma égua do amante, com as crinas tão avermelhadas quanto o cabelo da princesa, nomeara de Rubi. Cavalgou até a casa, feliz da vida, levando ela até os estábulos e voltando pra casa... Estranhamente, dona Amélia pedira ajuda para ela, naquela tarde, na horta. Não era hora de cultivo, mas Gwen não negou... A mais velha arrumava umas coisas bem estranhas para fazer e só parou ao ver Aires chegar no cavalo. – Está tudo bem, dona Amélia? – a ruiva perguntou,  puxando as últimas ervas daninhas do solo, sentindo as mãos doerem, sem reclamar. A mulher apenas suspirou, indicando para que ambas entrassem, após alguns minutos.

Chegaram na cozinha, onde Aires já havia lido a convocação. Gwen sorriu ao ver o amado, se aproximando. Gelou ao ver o selo real no papel que ele e o pai seguravam.

- O... o que é isso? – só podia ser duas coisas: ou descobriram que ela estava ali e queriam retaliação... Ou um combate estava prestes a acontecer. Não sabia o que era pior. Ouviu a sogra entrar em prantos, enquanto separava os legumes colhidos, e ergueu o olhar para o moreno – Aires...?

Era difícil respirar segurando aquele pergaminho. Parecia que Aires carregava o peso do mundo em suas mãos e que estava esmagando seu coração. Não tinha o que fazer, ele precisava servir e sabia disso… Fugir ou se esquivar iria contra todos os princípios do rapaz e, por mais que amasse Gwen perdidamente, o dever não podia ser abandonado ou deixado de lado.

No entanto, se tinha algo que Aires sabia era que lutaria não só pela coroa, mas sim para ficar vivo para a sua amada. Esse sim seria o seu principal incentivo, seu principal motivo para voltar à salvo.

Quando Gwen perguntou o que era aquilo nas mãos do rapaz, ele lhe dirigiu um olhar triste, opaco, enquanto se aproximava da jovem. Amélia chorava no canto do cômodo, enquanto mexia nos legumes, e Felício continha nos olhos a natural preocupação de um pai ao ver seu filho ser convocado para uma batalha. Aires pegou uma das mãos de Gwen, beijou e disse (sem querer dizer):

- Fui convocado para compor o Exército Real na batalha que intenta dominar as terras de Carcassone. Me desculpe, amor… - explicou e se desculpou baixo, sem nem se importar de chamá-la de amor na frente dos seus pais. Aires tinha certeza que eles sabiam e naquele momento não fazia sentido esconder mais nada. O impulso do moço foi apenas o de tomar Gwen pela cintura em um abraço forte, encostando sua cabeça no ombro da moça, sentindo as lágrimas descerem por não conseguir mais contê-las.

- Eu prometo que eu vou voltar. Vivo. Pra você. - afirmou com convicção, ainda dentro do abraço da sua amada - Você pode cuidar dos meus velhos enquanto eu estiver fora?

Aires não tinha se dado conta que seu pai, mesmo idoso, também havia sido convocado para a grande batalha. A dor era imensa, principalmente porque as chances de seu pai sobreviver eram praticamente nulas. Mas o jovem tinha bem a quem puxar, porque o pai afirmou batendo no peito que preferia morrer lutando com honra do que se acovardar sem servir.

Gwen ficou com Amélia e Aires partiu com o pai. Em todos os momentos durante a guerra Gwen esteve presente no coração e nos pensamentos de Aires. Ele sobreviveria e viveria por ela. O colar que tinha sido da mãe dela e que Gwen lhe dera, estava sempre em seu bolso e bastava tocar para sentir as energias de sua amada ali, lhe protegendo e dando forças para que se mantivesse vivo e firme.


As batalhas foram difíceis, Aires deu seu melhor e conseguiu liderar brilhantemente. Ele pensava que seria apenas uma e aquilo tudo acabaria, mas foram ao todo 5 batalhas, sendo que a última foi a maior de todas. Obviamente a que deu ao rei a vitória. Porém, nossa história não caminhava tão bem assim. Na terceira batalha, Felício, o pai de Aires, recebeu uma flechada fatal no coração, por uma brecha em sua armadura, morrendo instantaneamente nos braços do filho. Não teve sequer forças para dizer suas últimas palavras tamanha dor lancinante que lhe acometera ao ser alvejado.

Mesmo assim, com aquela perda imensa para lidar e estando distante das mulheres de sua vida, Aires buscou dentro de si ainda mais gana e parecia uma verdadeira máquina de combate nas batalhas que se sucederam, tendo vencido pela fúria em seu coração que se despedaçava diante de tudo. Como estaria sua amada? E sua mãe? Onde estariam? Em casa? Em outro lugar? Tantas questões sem resposta lhe deixavam estarrecido e ansioso por regressar.


Aires tinha um profundo corte em uma das coxas e seu rosto também continha alguns ferimentos, fora os hematomas por todo o corpo exaurido. Ele entrou na sala do trono mancando, dirigindo um olhar firme para o rei que logo mandou que ele se ajoelhasse, afirmando que se tornaria um homem do rei.

Ocorre que, de relance viu uma silhueta conhecida um pouco mais pra trás do trono. Era ela! Gwen! Como ela poderia estar ali? Aires precisou conter o impulso de ir em sua direção, para não ferir os protocolos ou desrespeitar o rei. No entanto, não parava de encará-la. Não conseguiu esconder as lágrimas que desciam e um suspiro longo lhe acompanhou ao ajoelhar diante do trono, sem tirar os olhos de Gwen um minuto sequer.

Não, não era possível. Era a Gwen bem diante dele. Só depois de alguns minutos encarando-a, doido para abraçá-la e beijá-la, quebrando todos os protocolos, é que Aires percebeu onde sua Gwen estava posicionada. Era o lugar da princesa, como pode ser? Ele parecia atordoado e sua expressão mudou para uma expressão preocupada em questão de segundos. Ele nem tinha percebido o ventre protuberante da sua amada, só buscava compreender como ela poderia ser… uma… Princesa? Isso explicava tudo! Todo o mistério que ela fazia com relação à sua família, tudo que ela sempre evitava falar… Mas Aires não ficou aborrecido ou com raiva, muito pelo contrário, compreendeu perfeitamente que aquela era a melhor forma de protegê-los, porque não seria nada bom arrumir aquele romance diante das circunstâncias, ele não sabia o que poderia ter acontecido.

Ele a observava durante todo o discurso do rei, sem prestar atenção em nenhuma palavra, sequer ouviu quando o rei o provocou com alguma piada sem graça que fez com que ele não esboçasse nenhuma reação.


Aires queria ter podido aproximar-se de sua amada, mas foi impossível. Ao sair da sala do trono, a cabeça do jovem estava à mil buscando formas de tirá-la dali para que pudessem seguir suas vidas em paz, como era antes da fatídica guerra, mas ele não conseguia pensar em nada. Era muito pra processar e ele ainda estava atordoado com tudo que tinha vivido nos últimos dias

Do lado de fora ouviu de um soldado sobre a princesa estar grávida de um bastardo. Como assim???? A expressão de Aires era um misto de alegria e desespero, por descobrir da pior forma que sua Gwen estava grávida de um filho seu e, pior ainda, que ela havia sofrido muito por conta disso.

Nosso guerreiro então foi levado até Amélia e desabou em lágrimas nos braços da mãe. Ouviu dela tudo que havia acontecido e não conseguia acreditar. Quando Aires contou que Gwen estava grávida, a mãe imediatamente parou e se sentiu mal por ter guardado mágoas da moça. Aires conseguiu mostrar pra ela que na verdade Gwen estava tentando se proteger e que entendia completamente o fato dela ter agido daquela maneira, escondendo algo tão importante.

Mas Aires já começava a ter algumas ideias do que fazer. Naquela noite um banquete seria ofertado à ele e mais alguns colegas que participaram de forma bastante ativa na guerra e, talvez, aquela fosse a oportunidade ideal.


Quando Aires chegou ao castelo, os festejos já haviam começado, ele atrasara alguns minutos, porque ainda pensava sobre o que faria naquela noite. Ele entrou, cumprimentou algumas pessoas no salão, mas se sentiu agoniado ali dentro, quase claustrofóbico com aquele clima de festa. Ele não conseguia compartilhar do mesmo sentimento que aquelas pessoas sentiam, só pensava em resolver tudo para que sua amada ficasse com ele.
Foi então que ele resolveu ir para fora, mais especificamente para o jardim do labirinto. Inexplicavelmente, Aires sentiu vontade de chorar ao pisar ali. O lugar já inspirava sua amada e tudo que a lembrava lhe emocionava muito. Caminhava por ali, com as lágrimas descendo do rosto, tocando as paredes vivas, quando viu ao longe aqueles cabelos que ele jamais esqueceria.

Aires correu até alcançá-la e foi só o tempo de Gwen se virar para que ele a abraçasse aliviado. Um abraço forte que demonstrava toda a saudade que ele tinha dela. - Acabou, meu amor, estou aqui. Estamos aqui. - Ele sussurrou com a voz embargada pelo choro e, instintivamente tocou a barriga dela. - Eu já sei sobre a nossa criança. É o melhor presente que eu poderia receber na vida. Eu te amo. Eu amo vocês dois, vou tirá-los daqui e vai ser agora mesmo. - Afirmou convicto, tomando sua amada pela mão, caminhando de volta para o castelo, sem que ela pudesse recusar.

Chegando no salão, de mãos dadas com Gwen, ele soltou-a por alguns instantes e pediu que, por gentileza, os músicos parassem um pouco a música para que ele falasse algumas palavras. O rei observava tudo com o cenho franzido, sem entender o que acontecia.

- Preciso da atenção de todos por alguns minutos, por favor. - Pediu ele, enquanto as pessoas começavam a silenciar. Olhou para o rei e o mesmo fez sinal para que prosseguisse. - Há algum tempo eu encontrei esta mulher na floresta sendo abordada por alguns salteadores. Ela foi golpeada por um deles e teria morrido se eu não estivesse passando pelo local para salvá-la.

Ele apontou para Gwen, puxando-a cuidadosamente para perto, segurando sua mão, e continuou: - Levei-a para minha casa. Eu e meus pais a cuidamos como se fosse alguém de nossa família e o inesperado aconteceu… Nos apaixonamos no meio disso tudo. Não foi algo que esperávamos, mas o amor realmente é uma quebra de protocolos e quem aqui pode apontar ou julgar? Amar é um ato de coragem e, por isso, eu preciso fazer isso aqui agora. - Aires chorava, mas tentava se manter firme para não atrapalhar seu discurso. Caminhou segurando Gwen, parando de mãos dadas com ela na frente do rei. Ele se abaixou, apoiando um dos joelhos no chão e pediu: - Majestade, eu sei que isso vai de encontro a tudo que a coroa preconiza, mas acredito ser o mais correto a se fazer. Tudo bem se o senhor achar por bem mandarem me executar aqui e agora, mas eu preciso pelo menos tentar. Vossa Majestade ama sua filha e, por amá-la, quer o melhor para ela. Posso te dizer com toda a pureza da minha alma que não há ninguém no mundo que possa amá-la como eu a amo e com tanta intenção de fazê-la feliz como eu tenho. Portanto, Majestade, gostaria de pedir a mão da Princesa Gwenevere em casamento para amá-la, servi-la e respeitá-la pelo resto dos meus dias.

O coração de Aires parecia bater fora do peito, tamanha agitação. Ele realmente não se importava de morrer lutando pela causa mais nobre de todas: o amor de sua vida.