@Simon Black
Desde a ascensão da casa Vorlat à regência do poder sobre Ahlen, a cidade de Gorsengred se tornou ainda mais abandonada diante dos olhos da regência. Há quem diga no palácio que isso ocorre porque na verdade a atual família é apenas um grupo manipulado pelos políticos minotauros de Tapista que tem por objetivo expandir-se sobre a região um braço militar e comercial. Mas é certo que todos sabem que a corrupção local é totalmente submissa às três famílias, talvez elas sim sejam essa conexão pois a jovem espiã sabia que desde que a esposa do regente foi envenenada e ficou paralítica pouca atenção tem sido dada para as cidades mais distantes.
O que mais desagradou Anne Crowley foi saber que é possível que uma rebelião de escravos se inicie justamente na cidade e incite uma revolta popular contra os cuidados de seus atuais susseranos. Isso incentivou a nobreza a lhe enviar para promover um casamento de conveniência entre as famílias locais, esmagar a possível rebelião e livrar o local de uma possível influência estrangeira. O que uma das baronesas aconselhou é que Anne seria a melhor opção para promover tal união. Claro, que ela sabia que o motivo de ser enviada para cá também era algum tipo de descarte de suas funções no centro de poder, mas a ambição de assumir algum destaque se bem sucedida, lhe seduziu muito mais em poder.
A caminhada para Gorsengred a leva na direção do oeste por uns oitenta quilômetros desde a capital, atravessando planícies e subindo serras. Felizmente, não acontece nenhum encontro perigoso. Finalmente, Anne chega à costa e vê a alta muralha que circunda o porto e o aglomerado de construções que se projeta para o mar como uma feia mancha negra.
Há navios ancorados no porto e fumaça subindo suavemente de chaminés. Parece suficientemente pacífico, e somente quando o vento muda,
trazendo o cheiro de podridão na brisa, você se lembrada natureza cruel deste lugar notório. Seguindo a estrada empoeirada para o norte ao longo da costa, na direção dos portões da cidade, você começa a notar alguns sinais assustadores - crânios em espetos de madeira, homens morrendo
de fome em jaulas suspensas nas muralhas da cidade e bandeiras negras em toda parte.
Ao se aproximar do portão principal, um frio corre pela sua espinha, e você instintivamente segura o cabo de seu florete para se reanimar.
No portão, você se depara com um guarda alto, usando uma cota de malha de aço e um elmo de ferro.
Ele avança, barrando a sua passagem com a lança, e diz:
—Quem quer entrar em Gorsengred sem ser convidado? Explique o quê está fazendo aqui ou volte pelo caminho que veio.
Era hora de explicar o quê está fazendo aqui ou criar alguma desculpa.