por Jake “Sorriso do Diabo” Noor
Dois mastros com velas negras pontuaram o horizonte celeste. Era uma embarcação humilde toda de madeira, e o vento empurrava-a pelo mar aberto em direção à ilha. Essa não era uma visão comum para Jake e o resto do bando de ex-piratas que frequentavam Paldir, mas os últimos dias contrariavam essa sina. Em menos de uma dezena já era o terceiro navio avistado próximo à praia. No dia anterior uma caravela de três mastros, de velas brancas e de um propósito desconhecido ancorara em algum ponto a leste da ilha. E quatro dias antes, um poderoso navio de guerra foi visto nas proximidades.
- Piratas – não era uma pergunta. Dregg, assim como Jake, avistara o navio de velas negras. E a cor das velas significava que não podia ser outra coisa a não ser piratas. Ambos estavam sentados num pedaço rochoso da montanha, e ambos já foram piratas um dia. Jake fizera parte dos Sanguessugas até que num determinado dia ele resolvera roubar um dos tripulantes, foi descoberto e a fuga tornou-se a sua única saída, vindo parar aqui. Já Dregg era filho de um capitão pirata, mas foi renegado pelo pai e teve que se contentar em viver numa pequena ilha ao lado de outros antigos criminosos dos mares. Dregg tinha uma adaga à mão e nela havia uma maçã espetada. O rapaz leva a adaga para perto da boca, dá uma generosa mordida na fruta e diz com a boca cheia para Jake: - O que iremos fazer? O Cobra disse para não chegarmos perto dos navios, mas ‘to cansado de ficar parado sem fazer nada. A gente devia esperar o navio ancorar e se aproximar sorrateiramente para ver o que eles querem aqui.
Tripulação da Senhora da Maré Profunda
A caravela capitaneada por Barbarossa alcançou Paldir a céu noturno. Mesmo na escuridão da noite, os tripulantes viram os entalhes e esculturas que marcavam a montanha central da ilha. Como prenunciado por Throlf “Barba Salgada”, essas escavações nas rochas lembravam a representação de uma antiga cultura de guerreiros.
Já era tarde da noite e o capitão estava na sala de reunião ao lado dos outros oficiais do navio. Hendrik se apoiava em seu gigantesco machado num canto da sala. Edward Lancaster alisava suas preciosas costeletas esperando pelas instruções de Barbarossa. Beagan colocava munições em seu mosquete, uma engenharia inventada pelos gnomos. Hedrergor era o único sentado, e seus olhos estavam quase se fechando de sono.
- Capitão, essa é a ilha que o elfo do mar disse para irmos – Hendrik quebrou o incomodo silêncio que havia. - Por onde começaremos a investigar as riquezas dela?
* * *
Enquanto os oficiais do navio discutiam os novos rumos, o resto da tripulação dormia no imundo e apertado deque inferior. O único acordado era Roosevelt, por alguma razão incapaz de dormir. O darfelano dormia na rede de trás e o elfo do mar dormia na rede ao seu lado. Roosevelt provavelmente estava pensando sobre novos meios de matar ou amotinar Barbarossa quando teve seus pensamentos interrompidos ao ver o corpo do elfo do mar remexendo-se de uma forma estranha.
Algeon havia recebido uma nova mensagem do Príncipe Golfinho, e essa era a razão de seu sono inquieto. Desta vez a mensagem que o deus passou era clara e direta. "O Cajado de Arvandor encontra-se aqui. Pegue-o para que ele possa ser devolvido ao lugar que lhe é de direito." O elfo do mar acordou de repente, e Roosevelt o observava. Algeon sabia que Arvandor era o paraíso de belezas naturais esfuziantes em que morava o Príncipe Golfinho, e era provavelmente para lá que o cajado deveria ser entregue.
Tripulação do Marlin Negro
Fazia sol quando Lyed avistou Paldir do alto do cesto da gávea. Sua reação natural foi procurar pelo navio do capitão Sinistro, mas o Desmorto não estava ali. Em contrapartida havia uma caravela de velas brancas. O capitão Raggeti ordenou para que eles ancorassem o navio o mais afastado possível da caravela, a fim de evitar contratempos.
A ilhota fazia parte do conjunto de ilhas que os piratas do Mar das Estrelas Cadentes controlavam, mas ela quase sempre passava despercebida por eles. Não havia cidades e nem portos. Havia apenas uma grande montanha que ocupava quase toda a extensão da ilha e que servia de refúgio para ex-piratas. Os revelos escavados nas rochas da montanha pareciam contar histórias de conquistas e vitórias de um povo há muito esquecido.
O Marlin Negro ancorou-se numa praia de areias brancas. Era um trecho pequeno, pois logo adiante já dava inicio ao terreno montanhoso. A tripulação desembarcou na ilha e sentiu o vento da brisa leve batendo em seus rostos. Apenas Jolly Roguer, trancafiado em seu gabinete, e Salaman, o cozinheiro que permanecia doente, haviam ficado para trás. Os outros davam seus primeiros passos para explorar o local.
- Me pergunto o que aquele tal Capitão Sinistro iria querer fazer nessa ilha miserável... – diz o capitão Raggeti mais para si próprio do que para os outros. – O que... o que é isso? – Ele havia chegado perto do sopé da montanha, e um conjunto estranho de hieróglifos estava desenhado na rocha.
(d20.) : 
