- Terra à vista! – logo depois veio o grito de Hymma, do alto do cesto da gávea.
Centenas de barcos ancoravam no maior porto da Ilha Dragão. Todas as embarcações eram propriedades de capitães e lordes piratas que davam um tempo em suas viagens marítimas para saborear um pouco de calmaria e diversão em terra firme. Alguns piratas residiam ali por um tempo considerável.
A tripulação do Marlin Negro consegue desembarcar no porto apenas no começo da noite. Eles tinham saqueado uma embarcação mercante que levava mercadorias de Sembia à Aglarond, e agora os piratas estavam indo trocar estas mercadorias por ouro e outros utensílios. Apenas o escrivão Jelly Roguer ficaria para trás a fim de cuidar do navio.
O Abrigo de Immurk era a coisa mais perto do que se podia chamar de cidade em qualquer lugar das Ilhas dos Piratas. As casas eram construídas sem nenhum padrão, com ruas sujas e becos escuros. Acima da cidade, um grande esporão rochoso se erguia a milhares de pés de altura em relação ao nível do mar. Por conta disso, muitos chamavam à ilha de Esporão do Dragão, ao invés de simplesmente Ilha Dragão.
Enquanto o mestre carpinteiro Raggeti e o cozinheiro Salaman iam em direção aos subúrbios da cidade para trocar as mercadorias arranjadas, o Capitão Roosevelt guiava a tripulação até a Cauda do Tritão, uma das tavernas mais movimentadas no Abrigo. Logo na entrada do estabelecimento dois bêbados brigavam no chão com socos e pontapés. Numa cidade de criminosos, esta era uma cena comum, e ninguém fazia nada para impedir.
O interior da Cauda do Tritão revelava um ambiente caloroso, com música alegre, pessoas se esbarrando uma às outras devido à superlotação do lugar, e, é claro, as prostitutas seminuas que se esfregavam nos homens para ganhar alguns trocados. O capitão, o contramestre e o imediato se dirigiam para uma mesa em particular, enquanto o resto da tripulação estava livre para se divertir.
Os dois irmãos Albett e Royce saem à procura de companhias para a noite. Oriun por sua vez prefere sentar solitariamente no balcão e pedir uma garrafa de rum. O garoto Sean Dorean, que acabara de completar seus 15 invernos, não tirava os olhos de uma prostituta que tinha um dos seios para fora. Porém ela estava no colo de um lorde pirata, e Hymma logo tratou de avisá-lo sobre o perigo à qual ele estava se submetendo. Sean Dorean então desviou os olhos e foi se perder no meio da multidão. Hymma, Dyke e Lewellin ainda procuravam o que fazer.
Roosevelt, Scrum e Frac’Eido só conseguiram arranjar uma mesa aos fundos da taverna. Scrum pediu as bebidas, enquanto o capitão olhava para os lados esperando por alguém. Desde que a tripulação do Marlin Negro saqueara uma dúzia de embarcações pelo Mar Interior, Luke Roosevelt acreditava que eles precisavam de um novo rumo para norteá-los. Saquear navios era um trabalho bem lucrativo, mas não rendia aos piratas a fama necessária para impor respeito perante os seus co-irmãos. Eles precisavam de uma aventura e Roosevelt tinha certeza que conseguiria alguma ali.
A sua convicção provinha do fato de Luke ter visto o navio do Capitão Barba-Roxa, um velho amigo seu, ancorado no porto. Assim que Barba-Roxa soubesse da presença de Roosevelt na cidade, o primeiro lugar que ele iria procurá-lo seria na Cauda do Tritão. E então os dois capitães poderiam trocar confidências e Roosevelt teria um novo destino a tripulação do Marlin Negro.